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Os dias de ansiedade, enfim, terminaram para Daiane dos Santos. Neste sábado, após longo período afastada por lesão e pela punição por doping, no ano passado, a ginasta voltou a competir. Se o nervosismo, escondido atrás do sorriso e de brincadeiras com as colegas, atrapalhou o início de Daiane no Campeonato Paulista de Ginástica Artística, a vontade de voltar ajudou a dar sequência. No fim, foi a primeira colocada no individual geral, com 50.50, e levou o seu clube à vitória na disputa por equipes.

Esta foi a primeira vez em seis anos que Daiane participou de todos os aparelhos (trave, solo, salto e barras assimétricas). Além disso, foi a primeira competição da ginasta desde os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Ela garantiu classificação para todas as finais por aparelhos, neste domingo.

"O resultado foi positivo para mim e para a equipe. Depois de dois anos sem competir, foi bom, mas poderia ser melhor. Agora, é preparar para o Brasileiro. Foi importante voltar a competir em casa, com o apoio da torcida. Para amanhã, a expectativa é um pouco maior, porque saem os resultados finais, mas acho que vamos manter o ritmo".

De acordo com o técnico de Daiane, o argentino Raimundo Blanco, a ginasta apresentou apenas 60% de sua forma técnica. O objetivo é manter a evolução e atingir o ápice em setembro, um mês antes do Mundial, em outubro, na Holanda.

"O nível técnico da Daiane ainda está em evolução. Se dermos o máximo hoje, amanhã ela cai. Queremos que ela atinja seu melhor nível em setembro. Assim, se a confederação achar que ela tem qualidade, e ela tem, chegará bem para o Mundial".

Antes da abertura da competição, Daiane andava nervosa pelo ginásio do Pinheiros. Conversava com as colegas de equipe, se aquecia e era cumprimentada vez ou outra, sempre com sorriso ansioso no rosto. O retorno estava próximo. Após a cerimônia de abertura, se reuniu com o grupo e se concentrou para o primeiro desafio: a trave. Foi a última do Pinheiros a usar o aparelho.

Logo no primeiro movimento, se desequilibrou, mas conseguiu evitar a queda. Pouco depois, no entanto, não teve jeito: foi ao chão pela primeira vez. Voltou e conseguiu se manter firme até o fim.

Na sequência, era a vez de sua especialidade: o exercício no solo. Campeã mundial da modalidade em 2003, Daiane deixou o "Brasileirinho" de lado e passou a usar um mix de músicas eletrônicas e caribenhas, montado por um atleta do próprio Pinheiros. Mais uma vez, empolgou o público e mostrou leveza.

Foi em seguida para o salto e passou sem cometer erros. O último desafio, então, eram as barras assimétricas. Bastante concentrada, nem participou da corrente que as outras atletas do Pinheiros faziam cada vez que uma delas usava o aparelho.

Muito apoiada aos gritos de "Dai", a ginasta arrancou aplausos da torcida com uma série de movimentos de dificuldade alta. No fim, porém, errou na descida ao chão e acabou caindo. Blanco, porém, ressaltou a evolução de Daiane nas aterrissagens.

"Ela melhorou muito nas aterrissagens. No passado, ela perdeu as olimpíadas justamente por causa disso. A Daiane está em evolução".

Cansada, a ginasta se sentou ao lado das amigas com a respiração ofegante. Aos poucos, se acalmou e conversava animada com as amigas, à espera do resultado, que, na verdade, pouco importava. O principal, ela já havia conquistado.

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