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Edu Brasil posa com a camisa que ganhou do Coxa pelos 48 anos de rádio, 28 deles no clube | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Edu Brasil posa com a camisa que ganhou do Coxa pelos 48 anos de rádio, 28 deles no clube| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Recortes

Quarenta e oito anos de rádio, 32 de reportagem, 28 como setorista do Coritiba, não faltam histórias para Edu Brasil contar. Leia três delas:

Melhor entrevista: Foi a entrevista que fiz com o Abel Braga, técnico do Coritiba, depois do título estadual de 1999 (conquistado sobre o Paraná, após uma vitória do Coxa e dois empates). O Abelão colocou o Darci aos 35 minutos do segundo tempo, e ele marcou o gol de empate que valeu a conquista, tirando o clube de 10 anos de jejum. O Abel, com todo aquele tamanho, chorou no meu microfone, algo que acabou sensibilizando todo mundo.

Dia de tristeza: Foi sem dúvida o rebaixamento do Coritiba em 2009 (empate com o Fluminense, quando a torcida invadiu o gramado do Couto Pereira). Eu estava no campo, como sempre, quando tudo aquilo aconteceu. Vi quando tentaram agredir um jogador. Fiquei com medo e puxei o carro, fui me abrigar dentro do túnel.

Furo de reportagem: Eu noticiei, em primeira mão, que o Coritiba não iria viajar para jogar em Juiz de Fora, contra o Santos, pelo Brasileiro de 1989. Recebi uma ligação do Rio de Janeiro avisando que a CBF ia dar uma "canetada" no Coxa caso o clube não viajasse. Fui até o Couto Pereira e eles bateram o pé. O Alvaro Dias, governador na época, chegou a deixar um avião à disposição. Voltei para a rádio e fiz o boletim (mais tarde, o clube acabou rebaixado à Terceira Divisão pela CBF por não ter comparecido ao jogo e perdido por WO).

Atenção para a oferta profissionais, estudantes e entusiastas do rádio esportivo. Vende-se: microfone, gravador, guarda-chuva e cadeirinha de plástico. O kit tem longo tempo de uso, mas encontra-se em ótimo estado e o preço é camarada. Quem tiver interesse, basta entrar em contato com Edu Brasil.

Depois de 32 anos de reportagem no gramado – 28 deles como setorista do Coritiba – um dos "decanos da mídia esportiva do Paraná" (como a turma gosta de falar) resolveu se aposentar. Correr atrás de boleiro e tomar chuva no lombo, nunca mais.

"Acho que chega, né? Já dei a minha contribuição", sentencia Eduvaldo Correia Brasil, curitibano, 67 anos, 48 deles viajando pelas ondas longas e curtas.

Mas os ouvintes admiradores do vozeirão podem ficar sossegados. Não será desta vez que a Dona Odete terá realizado o sonho de ver o marido no domingo de pantufas no apê da Rua Brigadeiro Franco.

A partir do Campeonato Paranaense do ano que vem, Edu será comentarista – vai sentar lá no alto, na cabine, ou no conforto do estúdio dentro da rádio. Decisão de mudar de posto que não partiu dele. Mas tomada num acordo com a diretoria da Rádio Banda B.

"Havia a necessidade de ter mais um analista. E vou continuar no rádio, que é a minha grande paixão, convivendo com todo mundo da mesma maneira, uma rotina parecida. Agora comentando as partidas, um novo desafio na minha carreira", diz.

Medo de se arrepender? "Tenho um pouco. Mas é preciso seguir em frente, renovar", revela o pai de Manoel e Márcio.

Um passo importante numa trajetória iniciada em 1964, na Colombo. Enquanto cursava Contabilidade, foi ser radioescuta – ficava de ouvido nas emissoras de outros estados para pescar e informar os resultados dos jogos pelo país.

Função exercida até o início dos anos 80, quando acabou convidado por Capitão Hidalgo para seguir o extinto Colorado na Universo. Na Vila Capanema permaneceu até 1984, quando aceitou o convite do narrador Lom­bardi Júnior (falecido em 1994) e foi para a Rádio Clube Paranaense.

"Passei a cobrir o Coritiba no ano seguinte. E fui pé-quente, pois comecei já trabalhando no título brasileiro de 1985. Estava no Maracanã na decisão com o Bangu e fiz os bastidores da festa do clube no hotel Plaza, em Copacabana. Desde então, nunca mais saí do Alto da Glória", recorda.

Trabalhar com o futebol serviu também para livrar-se da frustração de não ter conseguido ser atleta. "Fiz teste no Britânia, era zagueiro. E adivinha quem eu tive de marcar? O [Dirceu] Krüger. Fui sparring dele", relembra.

Hoje, vencidas cinco décadas, a dupla integra a história do Coxa. O Flecha Loira é o craque mais lendário. Por sua vez, o repórter mais celebrado é o "Cabeça Branca" – apelido de Edu, conferido por Antônio Lopes, numa das passagens do técnico, ex-delegado, pelo Couto Pereira.

Passados tantos anos, a atividade de repórter esportivo (de rádio, principalmente) mudou completamente. Não faz muito tempo, era possível entrevistar os boleiros dentro do vestiário, "ensaboneteados" em baixo do chuveiro – neste caso, a restrição até que tem um lado positivo.

Mas na Era das assessorias de imprensa, dos gestores de imagem etc, nada pode. "Está muito radical. Não temos contato nenhum mais. As entrevistas são iguais para todos. Antes a gente fazia amizade, criava uma intimidade com os atletas e, consequentemente, com o clube", fecha Edu, se preparando para mudar de posto.

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