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Com estrutura semiprofissional, o Trieste tenta parar o favorito Urano | Antonio Costa/ Gazeta do Povo
Com estrutura semiprofissional, o Trieste tenta parar o favorito Urano| Foto: Antonio Costa/ Gazeta do Povo

Urano

Quero estar tinindo

Salário, lateral-direito.

O dia demorou muito a passar. A ansiedade começou a tomar conta por causa da proximidade com a decisão. Estou concentrado e focado no jogo com o Trieste. Essa final é importantíssima para todos nós do Urano. Normalmente trabalho até as 16h30 na sexta-feira, mas hoje (ontem) estiquei um pouco. Saí só às 18 horas. É bom porque dá uma hora extra, um dinheirinho a mais neste fim de ano. À noite passei no mercado para comprar alguma coisa para o fim de semana e depois me dividi entre um filminho na tevê e o jogo do Paraná, meu time do coração, contra o Fortaleza. A toda hora dava uma passada pelo rádio para saber como estava o Tricolor. Depois, só descanso. Quero estar tinindo amanhã (hoje).

Trieste

Pilhado na véspera da decisão

Ioiô, atacante.

Como não tinha treino no Rio Branco e era véspera do jogo contra o Urano, pela final da Suburbana, aproveitei para descansar. Dormi até mais tarde. Na sequência fui até a AABB para dar continuidade ao meu tratamento no tornozelo direito. O local está dolorido, incomodando um pouco, mas não é problema para amanhã (hoje). Estou pilhado, só pensando na decisão. Não vejo a hora de a partida começar. Ando de lá para cá e a hora não passa. Adrenalina a mil, mas que volta ao normal assim que a bola começar a rolar. Para tentar descontrair um pouquinho, fiquei ligado no jogo do Paraná com o Fortaleza pela Série B. Sou corintiano, mas é sempre bom saber o que está acontecendo com os outros times.

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Era mais do que previsível. Lá atrás, antes ainda de a bola rolar, em julho, a bolsa de apostas informal da Divisão Especial da Su­­burbana já cravava uma final en­­tre o bicho-papão Urano e o poderoso Trieste.

A primeira partida da decisão será disputada hoje, às 16 horas, no Estádio Francisco Muraro, em Santa Felicidade, a casa dos "italianos" do Trieste. Na próxima semana, também no sábado, o confronto acontecerá na Vila São Pedro, área do Urano. Quem fizer mais pontos nos dois jogos fica com o título. Em caso de empate, haverá a necessidade de um terceiro duelo, também no acanhado Estádio Manoel Garcia de Andrade.

A final opõe dois modelos diferentes de gestão. O Trieste, dono do maior orçamento entre as equipes amadoras da cidade (estimado em mais de R$ 10 mil/mês), baseia-se no tripé patrocínio forte/estrutura/revelação de jogadores. O clube tenta ser um modelo para o futuro do futebol amador.

Já o Urano se apega às suas raízes, à força da comunidade, responsável por bancar as despesas do time. "É o clássico do tostão contra o milhão. Perante o Trieste todo mundo vira coitadinho", diz Elias Martins, presidente do time da Vila São Pedro.

Os italianos, porém, foram obrigados a rever o planejamento neste ano. A ideia, implementada em 2007, de usar o time como vitrine para as revelações das escolinhas do clube não deu o resultado. Em pouco tempo o Trieste perdeu espaço para rivais com menos lastro financeiro, como o Combate Barreirinha e o próprio Urano, que com uma sequência impressionante de vitórias (42 jogos) alcançou a hegemonia entre os periféricos. A solução foi recorrer ao técnico Ivo Petry, um velho colaborador responsável por acabar com o jejum de 20 anos do Tricolor em 2006. "A bola da vez é sempre quem está na frente", discursa ele.

Petry, papa-títulos na categoria amadora, voltou a Santa Felicidade no ano passado. Levou junto a franquia – Guilherme, Geraldo, Anderson, Franco e Hideo, jogadores que acompanham o treinador em todos os clubes. "Você não po­­de entrar com um time muito jo­­vem, apenas com os meninos dos juniores. É preciso ter experiência. E quem sabe gerenciar melhor isso é o Ivo Petry", explica Jaziel Baioni, presidente do Trieste.

No outro lado de Curitiba, o Urano abusa da criatividade para fechar o mês no azul. O movimento do bar, rifas e o uniforme com três marcas de empresas de "amigos do clube" ajudam a equilibrar as finanças. A receita principal, contudo, vem da doação espontânea de alguns diretores. "É um sacrifício danado", ressalta Martins.

Serviço

Trieste x Urano, às 16 horas, no Estádio Francisco Muraro – Rua Francisco Zardo, 790, Santa Felicidade. Ingressos: R$ 5.

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