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Hoje, às 15h30, Vila Hauer e São José entram em campo na primeira partida da decisão do Campeonato Paranaense de Futebol Feminino, no Estádio Donato Gulin, na Vila Hauer, em Curitiba. Em jogo, não apenas o título da categoria, mas a sobrevivência do esporte no Brasil, castigado pela falta de investimento e mantido graças à paixão das atletas.

Com a medalha de prata da seleção feminina na Olimpíada de Atenas, em 2004, a categoria parecia ter ganho em campo o embalo necessário para tornar-se profissional fora dele. Na terra da então melhor seleção masculina do mundo, a redenção das meninas estava próxima. Porém, dois anos se passaram, as promessas não se tornaram realidade (Campeonato Brasileiro, retorno das principais jogadoras), o embalo perdeu força e no presente não mudou nada.

Motivos para desanimar não faltam, mas o amor pelo futebol fala mais alto. É o combustível para suportar a falta de estrutura para treinamentos, viagens e, quando a bola rolar hoje à tarde no gramado da suburbana curitibana, jogar como se as condições fossem ideais.

"Nós jogamos porque é nossa maior paixão, não ganhamos dinheiro. Eu gostaria muito de ser profissional, mas sei que por enquanto é apenas um sonho", revela Andréia da Silva Souza, 19 anos, meia do São José e auxiliar administrativa, desde os 12 anos apaixonada pela bola. Suspensa pelo terceiro cartão amarelo, Andréia desfalcará a equipe de São José dos Pinhais na primeira partida decisiva.

Do outro lado, no Vila Hauer, a mesma situação. "Nosso maior incentivo é o prazer de estar em campo. Infelizmente, apesar da medalha em Atenas, ainda continuamos na mesma, sem divulgação e investimento", conta Daiane Batista de Souza, 22 anos, operadora de fotocopiadora e zagueira titular da equipe nas horas vagas.

Segundo Daiane, o Vila Hauer está estudando oferecer uma ajuda de custo às atletas, algo raro entre os times de Curitiba. "Seria ótimo para nós", avalia.

Enquanto a ajuda não se torna realidade, a equipe tem conseguido proporcionar pelo menos a estrutura básica para suas atletas, contando com o auxílio de nutricionista, médico e fisioterapeuta. Tudo faz parte de um projeto específico para o time da Vila Hauer.

Coordenadora do projeto, a professora de Educação Física e consultora comercial Noeli de Gouveia dos Reis, 38 anos, vê poucas perspectivas para o esporte nos próximos anos. "Sem um calendário nacional, respaldo da mídia e, sendo assim, interesse das empresas, nada deve mudar. Não dá para viver de iniciativas isoladas como a nossa", disse a ex-jogadora, com passagem por diversos clubes do país. "O embalo do futebol feminino em 2004 foi fogo de palha", completa.

E seguindo nesse ritmo, a modalidade deverá continuar sofrendo do mesmo mal que aflige o futebol masculino. "Atualmente, a única alternativa para as meninas ganharem dinheiro e sobreviverem do esporte é através de uma transferência para um clube do exterior", aponta Jorge Gordia, 38 anos, técnico do São José.

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