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Obra no cruzamento da Av. das Torres com a Rua Guabirotuba, no corredor aeroporto/rodofer­roviária | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
Obra no cruzamento da Av. das Torres com a Rua Guabirotuba, no corredor aeroporto/rodofer­roviária| Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo

A menos de dois anos da Co­­pa do Mundo no Brasil, a população de Curitiba continua pessimista em relação ao sucesso do evento na capital paranaense. Levantamento realizado pela Paraná Pesquisas re­­velou que 41% dos curitibanos não têm certeza de que as obras ficarão prontas a tempo e 36% disseram nem sonhar com mudanças significativas na cidade. Segundo especialistas, esse desapontamento está ligado à demora para que as intervenções saíssem do papel e também ao perfil do morador local, mais crítico em relação aos gastos públicos.

A Paraná Pesquisas ouviu 420 pessoas, maiores de 16 anos, entre 19 e 21 de julho, e a margem de erro é de 5%.

Os números podem ser ex­­plicados pela percepção do cenário atual da cidade. Entre os entrevistados, 53% não têm percebido mudanças relacionadas à Copa, apesar de nove das 13 intervenções previstas já terem saído do papel, mesmo que recentemente.

O secretário estadual para Assuntos da Copa, Mario Celso Cunha, acredita que o resultado da pesquisa é motivado pela falta de informação da população e que isso mudará a partir do avanço das obras na Arena da Bai­­xada. "As pessoas estão pessimistas talvez por falta de informação. Os grandes projetos de mobilidade darão visibilidade para o Mundial, mas acredito que o principal ponto seja o estádio. Na hora que a Arena ficar pronta, essa percepção mudará", afirma.

Luiz de Carvalho, secretário municipal para Assuntos da Copa, interpretou nos números avanço em relação à aprovação do evento na cidade. "Vejo que em apenas uma das perguntas houve por­­centagem negativa superior à positiva. De qualquer forma, acredito que a aprovação popular deve aumentar com a aproximação do Mundial".

Porém o pessimismo curitibano com a Copa de 2014 também foi demonstrado no pequeno aumento da rejeição ao evento da Fifa na comparação com levantamento similar realizado em junho de 2011. Na ocasião, 30,88% dos entrevistados disseram ser contra o Mundial. Agora esse número pulou para 31,43%, contrariando a expectativa de que a aproximação dos jogos traria maior apelo popular. Em pesquisas anteriores, a aprovação chegou a ser de 73% – nesta ficou em 65%.

Segundo Amir Somoggi, consultor na área de gestão esportiva, a desconfiança tem a ver com a demora para o início das obras, pois o país foi escolhido para sediar o evento em 2007, cinco anos antes de Curitiba efetivamente começar a virar um canteiro de obras. "Esse atraso foi fruto de um planejamento mal feito, criando na população essa percepção de que nada mudará".

A situação é difícil de ser revertida. De dez entrevistados pela Gazeta do Povo nas ruas da cidade durante a semana, apenas um soube citar pelo menos uma obra dentre as nove incluídas no PAC da Copa, do governo federal, programa que despejará mais de R$ 210 milhões em Curitiba.

Se as obras começaram e, mesmo assim, há pessimismo, a explicação pode estar nas raízes antropológicas da população. "O curitibano é mais cético e ele não embarca no clima de euforia geral. As pessoas ficam preocupadas com o gasto público sem o retorno esperado, achando o legado proposto muito pouco diante do custo disso tudo", diz a antropóloga Valquíria Renk, professora da PUCPR.

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