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Pedro Bernardo, GO – É difícil imaginar, mas o Brasil tem um deserto. Pode não ser só de areia, sem nenhuma água e cheio de camelos. Mas é tão quente quanto e praticamente desabitado. No Jalapão, em Tocantins, muitas foram as adversidades enfrentadas em dois dias pelos competidores do Rally dos Sertões.

A região de vegetação rasteira, tradicional do cerrado, tem chapadas, cachoeiras e até alguns rios. Porém, nada que possa aliviar a alcunha de "deserto" para quem por lá passam.

Das 66 motos que largaram na etapa de Palmas (anterior ao Jalapão), apenas a metade chegou ao final da prova. Entre os carros, também houve grande desfalque nas areias do deserto – entre mais de 60 corredores, somente 36 completaram o percurso.

"Esse é o verdadeiro deserto verde. É muito quente, as trilhas são horríveis. Para onde olhávamos vemos uma vegetação baixa e distante no meio de muita poeira", afirmou Luciano Cunha, piloto da categoria caminhão.

A caravana do rali foi recebida em São Félix, maior cidade da região, por uma faixa em inglês: "Welcome to São Félix". Na sala de imprensa improvisada, o que mais chamava atenção era a rica coleção de livros nas estantes. Nomes consagrados da literatura brasileira e mundial estavam empilhados pelas paredes.

"Em 2004 ganhamos um prêmio do Ministério da Educação como a cidade número um do Brasil em desenvolvimento humano para a educação", contou orgulhoso o secretário de administração do município, Mário Fernandes.

Mas o próprio secretário revelava as dificuldades do município. Sem nenhuma grande empresa, o maior empregador da cidade é a prefeitura. Nas poucas ruas da cidade (cinco no máximo), a oferta por quartos era a maior alegria dos moradores. A chance de ganhar um dinheiro extra (R$ 250 para cinco pessoas) com as hospedagens era facilmente compreendida.

"Somos a região mais pobre do país. Este ano tivemos a menor renda per-capita do Brasil (R$ 320, segundo o IBGE). Nosso município realmente precisa de eventos como esse para divulgar as atrações turísticas que temos", disse.

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