• Carregando...

Melbourne (Folhapress) – Diego Hypólito entrou ontem para a história ao conquistar o primeiro ouro da ginástica masculina brasileira em Mundiais. E mais: amenizou, pelo menos por um tempo, o ciúme que começava a surgir entre as seleções permanentes masculina e feminina.

"Essa medalha é histórica. Cria um ídolo no masculino para a ginástica nacional, o que ainda não tínhamos, e desperta os olhos de patrocinadores para os meninos da seleção permanente", diz Vicélia Florenzano, presidente da Confederação Brasileira de Ginástica, que tem sede em Curitiba.

De acordo com ela, a existência de diferenças salariais – os valores pagos ao feminino vão de R$ 400 a R$ 4.700, enquanto no masculino chegam no máximo a R$ 1.700 –, e o assédio do público e da mídia, muito maior sobre as ginastas, provocam um clima velado de insatisfação entre os atletas.

"Eles se sentem desprestigiados e eu sei que pensam: Poxa, eu treino como elas, faço as mesmas coisas que elas, trago resultados como elas e não ganho como elas", diz Vicélia, afirmando que as meninas – são 16 na equipe permanente contra 12 na masculina – ganham mais pelo fato de a seleção feminina ter patrocínio.

Diego, que na final do solo ganhou o ouro com 9,675, ficando à frente do canadense Brandon O’Neill (9,625), do húngaro Robert Gal e do chinês Fuliang Liang (9,587), crê que a seleção masculina é a evidência da falta reconhecimento na ginástica nacional.

"É fato que o feminino tem muito mais conquistas do que o masculino, mas só quero reforçar que as nossas são tão importantes quanto. É questão de reconhecimento", diz Diego, que admite ter chegado à beira da depressão durante a contusão que o afastou por seis meses da ginástica. Ontem ele revelou que não não sabia se ria, se gritava ou se chorava após vitória no solo.

Para o ginasta, que é o único atleta da seleção masculina que tem patrocínio particular, o fato de se tornar campeão mundial e de quebrar um jejum histórico do país não mudará sua vida. "Não é por isso que vou passar a comer caviar a partir de amanhã."

Após superar a irmã, Daniele Hypólito – dona de uma prata no Mundial de 2001 –, o atleta paulista afirmou que sua prioridade em 2006 será treinar o individual geral visando as Olímpiadas de Pequim, em 2008. O atleta também refutou o fato de a seleção masculina ter sua masculinidade reduzida simplesmente por praticar a modalidade. "Não vejo e não ligo para isso, mas sei que é preciso ser muito macho e ter muita coragem para fazer ginástica. Não é para qualquer um", disse ele, que pretende aproveitar a medalha inédita para namorar bastante.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]