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Um cheque de R$ 5 mil e uma escala de arbitragem rasurada devem aquecer as investigações sobre o mensalão do apito. Os documentos pertencem ao árbitro José Francisco de Oliveira, o Cidão. Ele está na Europa e promete desembarcar em breve no país com essas novas provas sobre o escândalo envolvendo os juizes de futebol do Paraná.

Cidão foi um dos quatro acusados banidos do esporte no julgamento que atravessou a madrugada de ontem no Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR). Após 17 horas de sessão, a justiça também determinou a expulsão do futebol do ex-dirigente do Foz do Iguaçu Genésio Camargo, do ex-dirigente do Marechal Cândido Rondon Gílson Pacheco e do presidente do Conselho Deliberativo do Operário, Sílvio Gubert.

O árbitro José Francisco de Oliveira acompanhou o resultado do caso pela internet e disse não ter se surpreendido com a sua punição. "Já me julgaram e condenaram outras vezes. Estou longe e sou um prato cheio para eles. Estão punindo uma pessoa que não existe, porque meu registro de árbitro já estava cassado", afirmou à Gazeta do Povo por telefone, da Escócia, onde estava de folga – ele trabalha em ligas amadoras da Inglaterra.

A resignação se limitou ao lado pessoal. Quando questionado sobre a absolvição de outros nove acusados, Cidão disparou. "Foi nojento, uma vergonha. Eu que denunciei fui condenado e os acusados acabaram absolvidos. O câncer vai permanecer no futebol. Podem me eliminar, mas que também eliminem os culpados. Teve presidente de clube levando denúncias contra o Johelson Pissaia e não fizeram nada", afirmou. O diretor administrativo da Federação Paranaense de Futebol (FPF) é apontado como o "bruxo", ou operador do esquema de propina aos árbitros.

O novo elemento que Cidão promete trazer à tona é sobre um jogo realizado no Paranaense de 2000 valendo vaga à classificação para a segunda fase do torneio. "Basta falar que foi um jogo realizado na Páscoa daquele ano para os envolvidos lembrarem", indicou o apitador.

Segundo ele, o dirigente de um clube do interior do estado teria pago R$ 50 mil a um intermediário que providenciaria a escalação (na época não havia sorteio) um juiz que ajudasse a equipe a passar à próxima fase. Cidão teria sido o escolhido para o "serviço" e disse ter recebido um cheque de R$ 5 mil. "Peguei o cheque para me resguardar. Tanto que não descontei até hoje. Foi uma das melhores arbitragens da minha carreira", justificou. O resultado, porém, não favoreceu o "contratante". Ainda segundo Cidão, o dinheiro não teria sido devolvido pelo intermediário.

A outra prova é sobre um fato mais recente e já citado no processo julgado pelo TJD. O caso envolveu o jogo Malutrom x Paranavaí, pela primeira rodada do Paranaense deste ano. "Soube da escala duas semanas antes, na Inglaterra. Depois resolveram mudar. Apagaram meu nome e falsificaram minha assinatura em outro documento. Consegui uma cópia com uma pessoa da Federação", disse. "Tem isso e ainda muito mais", avisou.

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