Doping faz bicampeão sofrer na areia de SC

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Imbituba (SC) – O catarinense Neco Padaratz vive o momento mais difícil da carreira. Suspenso por doping, desde julho, o surfista só poderá voltar ao circuito mundial no dia 1.º de janeiro de 2006 – e não esconde a mágoa e nem a revolta de ver seus adversários competirem no seu "quintal".

Há uma semana, Santa Cata-rina é o centro internacional da modalidade pelas etapas do WCT (World Championship Tour) e WQS (divisão de acesso). Enquanto isso, ele ficará à sombra de cobras como Kelly Slater e Andy Irons. O irmão mais novo da família de apaixonados por surfe – Flávio e Teco são os mais velhos – ainda não digeriu a punição.

"Para mim não está sendo nada bom ver tudo isso na minha casa e não poder estar na disputa. Espero que as pessoas que fizeram isso comigo tenham uma longa vida. Eles nem sabem o prejuízo que estão causando", afirmou.

Neco foi apanhado no exame da etapa francesa do tour em 2004. A decisão foi anunciada somente no meio deste ano, com a condenação de um ano fora dos campeonatos (os resultados conseguidos por ele entre janeiro e julho foram cancelados).

A surpresa é que o gancho é inédito no surfe internacional, fato que mais indigna o catarinense. Existem boatos de que outros atletas mais famosos também teriam sido apanhados, mas o medo de um grande escândalo teria abafado esses casos.

"Ninguém sabe como isso foi conduzido. Talvez eu esteja servindo de bode expiatório para uma coisa que nunca tinha ocorrido antes. Eu não aceito", disse ele, que assumiu ter fumado maconha conforme foi acusado no teste.

Passando perto de alguns surfistas na praia, no hotel ou em qualquer outro lugar, não é incomum sentir o forte cheiro proporcionado pelos cigarros da droga. Durante a disputa do WQS na Praia Mole, seis policiais civis ficavam permanentemente rondando atrás de usuários do entorpecente.

Mesmo revoltado, o surfista está cumprindo a punição e promete voltar com força máxima em janeiro. "Estou correndo atrás de um novo momento. Pelo menos estou bem mais perto da minha família. É um tipo de aprendizado que serve para eu entrar forte na ano que vem", disse o atual bicampeão mundial do acesso (2003 e 2004).

O jornalista viaja a convite da Associação dos Surfistas Profissionais.