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Dayane Rocha bate bola na frente de sua casa, no bairro Boa Vista, em Curitiba. A atacante foi convocada pela seleção brasileira como se ainda atuasse pelo Novo Mundo, time que não disputa mais torneios adultos | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Dayane Rocha bate bola na frente de sua casa, no bairro Boa Vista, em Curitiba. A atacante foi convocada pela seleção brasileira como se ainda atuasse pelo Novo Mundo, time que não disputa mais torneios adultos| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Concorrência

Foz pôs fim ao Novo Mundo

A equipe adulta de futebol feminino do Novo Mundo acabou após o Paranaense deste ano, disputado entre junho e julho. O clube foi superado pelo Foz do Iguaçu – em um quadrangular que também teve Jaborá (de São José dos Pinhais) e Vasco da Gama (de Curitiba) – e ficou fora da Copa do Brasil.

Segundo a direção do Novo Mundo, o fato de não ter mais calendário e a falta de apoio de investidores decretaram o fim do time que no ano passado levou mais de 10 mil torcedores ao Couto Pereira em uma partida contra o Santos de Marta. O presidente Moacir Czeck também reclamou na época do Estadual que o Foz teria tido privilégios para se inscrever na competição.

A reclamação é de que a equipe da Fronteira foi aceita pela Fede­­ração Paranaense de Futebol (FPF) após o prazo final das inscrições. A informação é veementemente rechaçada pelos dirigentes do Foz e da FPF. Com patrocinadores e investimentos, o representante iguaçuense está na fase semifinal da Copa do Brasil, tendo há duas semanas eliminado exatamente o Peixe, da atacante Cristiane. (RL)

Seis convocadas

Além de Marina e Dayane, outra quatro jogadoras naturais do Paraná fazem parte das lista de 24 atletas para disputar o Sul-Americano do Equador. São elas a goleira Andreia Suntaque (Santos), a zagueira Renata Costa (Santos), as meias Ester (Santos) e Daiane Moretti (Foz). Elas atuam em times que ainda existem e disputaram a Copa do Brasil. O Foz continua no torneio.

O Novo Mundo declarou inatividade após o fim do Campeonato Paranaense, em julho deste ano. As atletas foram então transferidas para o Kinderman, de Ca­­çador, Santa Catarina, e liberadas para atuar na Copa do Brasil. O time catarinense, inclusive, foi eliminado da competição. Mas no Brasil, quando a bola é jogada por meninas, o descaso começa de cima para baixo.

Na terça-feira à tarde, a Con­federação Brasileira de Futebol convocou a seleção que tentará recuperar a hegemonia do continente Sul-Americano. En­­tre­­tanto, na própria convocação, mostrou total desconhecimento do estágio atual de algumas selecionadas.

Na lista do técnico Kleiton Lima, a atacante Dayane Rocha e a zagueira Marina ainda atuam pelo extinto time de Curitiba. Nitidamente, a relação ignora completamente as quatro atuações das meninas pela competição nacional.

"Eles nem olham nada. Falam o que vem à cabeça", afirma o dirigente do Novo Mundo, Moa­cir Ribas Czeck, que continua apenas com as escolinhas de base, nas quais as duas atletas dão aulas. "Por um lado, elas continuam aqui", brinca.

A situação de desamparo esportivo, no entanto, vai além de um simples erro da CBF na lista da convocação. Muitas vezes se estende à vida pessoal das atletas.

Marina, por exemplo, não pôde atender a reportagem pois estava no Rio de Janeiro trabalhando como árbitra de futsal e não tinha créditos no seu celular pré-pago para receber chamadas de outro estado.

Já Dayane se sentia em situação pior antes do fim desta reportagem. Se há dois meses, quando atuava no time amador da zona sul curitibana, tinha o sonho de ser convocada novamente pela seleção adulta, agora, quando recebeu a notícia, não sabia se ria ou chorava.

No fim do Estadual, ela fez um acordo com a instituição de ensino Dom Bosco: em troca de atuar no time de futsal da faculdade, ganhou uma bolsa integral para o curso de Educação Física. Contudo, com a convocação, a atleta teria sido ameaçada por seu treinador de perder o incentivo.

Falta um ano e meio para ela concluir o curso. Como faz ma­­térias atrasadas, sua mensalidade ficaria por volta dos R$ 1,3 mil mensais.

"Eu fiquei três anos fora e quando voltei o meu técnico, para me dar a bolsa, perguntou se eu não iria viajar de novo. Disse que não, pois não imaginava que voltaria a ser convocada para a seleção brasileira", conta a atacante.

"Mas a vida é feita de escolhas. E, se tiver de escolher, vou jogar na seleção. Mes­mo não tendo dinheiro para pagar a faculdade", segue ela.

O Sul-Americano ocorre apenas de quatro em quatro anos – em 2006 foi vencido pela Argentina, dona da casa. Desta vez será no Equador, entre 4 e 21 de novembro. A apresentação para os treinamentos ocorrerá daqui a três dias, em Teresópolis, no Rio de Janeiro. No período, o Dom Bosco disputará duas competições importantes, o Estadual e o Universitário.

Hoje deveria ocorrer uma reu­­­­­­nião para definir o futuro da jogadora. Ontem mesmo, no entanto, a instituição decidiu manter a bolsa da bo­­leira paranaense "por acreditar no potencial de Dayane para ajudar o país a conquistar o título".

O Dom Bosco dá várias bolsas para atletas com potencial olímpico, por meio de seu projeto Dom Olímpico. Se a seleção fe­­mi­nina do Brasil – com a presença de Marta e Cristiane –for campeã, estará classificada diretamente para a Olimpíada de Londres, em 2012.

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