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“Quero jogadores comprometidos com a seleção. A gente não pode enganar o torcedor. Tem de ser franco. Hoje vemos jogadores que brigam para atuar pela seleção. Você acha justo deixá-los de fora?” Dunga, técnico da seleção brasileira | Sérgio Moraes/ Reuters
“Quero jogadores comprometidos com a seleção. A gente não pode enganar o torcedor. Tem de ser franco. Hoje vemos jogadores que brigam para atuar pela seleção. Você acha justo deixá-los de fora?” Dunga, técnico da seleção brasileira| Foto: Sérgio Moraes/ Reuters

Quem são os especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo:

Airton Cordeiro, é colunista da Gazeta do Povo e comentarista da Rádio Transamérica.

Paulo César Tiemann, é comentarista da Rádio CBN.

Paulo Vinícius Coelho, é colunista da Folha de S. Paulo e comentarista dos canais ESPN.

Alberto Helena Jr., é comentarista do SporTV.

Dunga não abre mão de sua convicção. O treinador da seleção brasileira convocou ontem pelo me­­nos sete jogadores contestados para o amistoso contra a Irlanda, no dia 2 de março, em Londres – o último antes da convocação final para a Copa do Mundo da África do Sul, em junho. E deixou fora o meia Ronaldinho Gaúcho, cada vez mais longe do Mundial. O técnico afirmou ter agido com coerência.

Dunga sempre prezou pela disciplina e por atletas comprometidos com a seleção. Em sua concepção, mais vale o grupo do que o talento individual. "Neste momento, não existem mais surpresas. Tudo o que fizemos é uma sequência do que já foi feito até agora Vocês (jornalistas) querem sempre grandes nomes, mas, para a gente não existe grande e pequeno nome", comentou. "Existe o jogador que entra em campo e resolve, não podemos criar problemas para nós mesmos".

Entre o certo e o duvidoso, preferiu apostar em "atletas de grupo", como o goleiro Doni, os laterais-esquerdos Gilberto e Michel Bastos e os meias Felipe Melo, Elano, Júlio Baptista e Kléberson.

Nenhum deles é fora de série. Mas todos são aplicados taticamente, determinados e valorizam vestir a camisa da seleção. Tudo que Dunga deseja e quer ao seu lado. "Chamo um jogador pelo que ele faz no clube, mas ele precisa fazer o mesmo na seleção brasileira. E tem uns jogadores que nos clubes não rendem tanto, mas na seleção rendem muito. São esses que eu quero", explicou.

Dunga teve de responder a vá­­rias perguntas sobre a ausência de Ronaldinho Gaúcho. Em todas, evitou polemizar. Disse que todos os jogadores têm chance de jogar o Mundial. Porém, nas entrelinhas, deu a entender que não vai ceder à pressão para chamar Ronaldinho Gaú­­cho ou o atacante Ronaldo Fenômeno, do Corinthians. Am­­bos cada vez mais longe do Mundial.

"Devo repetir o que vocês (jornalistas) falaram que não deu certo em 2006 ou manter o trabalho atual? Ou vocês estavam errados em 2006 ou estão agora", declarou. "Quero jogadores comprometidos com a seleção. A gente não pode enganar o torcedor. Tem de ser franco."

Em julho de 2007, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira acusou atletas de até chegarem bêbados após as folgas na Copa da Alema­­nha. Dunga assumiu a seleção com a missão de mudar isso. Deixou para trás os jogadores interessados em baladas noturnas, que não cuidam do peso, da imagem, e parecem desleixados profissionalmente. "Hoje vemos jogadores que brigam para atuar pela seleção. Você acha justo deixá-los de fora?", perguntou.

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A caminho da África

O time é (quase) esse. Para os quatro especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, Dunga deve mexer pouco na relação final que vai buscar o hexa na África do Sul, a partir de junho. Do pessoal que foi convocado ontem para o amistoso contra a Irlanda, em março, poucos nomes ainda precisam carimbar o passaporte – Gilberto entre eles. Lateral-esquerdo mais vezes convocado pelo capitão do tetra, o cruzeirense foi a grande surpresa do anúncio, especialmente por estar atuando como meia na equipe do paranaense Adilson Batista. "Ainda há dúvida na lateral esquerda", ressalta o jornalista Paulo Vinícius Coelho, dos canais ESPN. Por outro lado, a sentida ausência de Ronaldinho é um forte indicativo de que o Gaúcho não irá emendar a terceira Copa consecutiva. "Só não foi convocado porque fez festa com a mulherada", diz Paulo César Tiemann, comentarista da Rádio CBN. Veja abaixo o que pensam os especialistas sobre a lista de Dunga.

O que a convocação de ontem para o amistoso contra a Irlanda diz sobre o grupo definitivo para a Copa?

Airton Cordeiro - Eu penso que, parcialmente, o grupo tem que ser esse. Não vejo necessidade de testar nenhum jogador. Acredito que qualquer convocação diferente da de hoje (ontem) vai ser surpresa.

Paulo César Tiemann - Acho que o Dunga está bem perto do grupo definitivo, mas ainda não bateu o martelo. Ainda há espaço para algumas observações.

Paulo Vinícius Coelho - Se levarmos em conta o grupo de 2006, quando só mudaram dois jogadores em relação ao amistoso de março, basicamente é esse o time que vai à Copa. Mas ainda há dúvida na lateral esquerda.

Alberto Helena Jr. - Acho que o grupo está praticamente fechado. Infelizmente, poque continuo achando que está faltando uns dois meias para equilibrar essa quantidade imensa de volantes. Só temos o Kaká. E ainda persiste a dúvida na lateral esquerda. Se jogar bem contra a Irlanda, o Gilberto será um dos nomes. Já o outro fica em aberto.

Acrescentaria algum nome à convocação? Qual?

Airton Cordeiro - Ronaldinho Gaúcho, mas o sujeito é muito complicado. Antes de jogos importantes, como esse contra a Inter, vai e faz festa. Isso reflete um pouquinho a ausência de compromisso com a seleção.

Paulo César Tiemann - O Ronaldinho só não foi convocado porque fez festa com a mulherada. Sempre fui um crítico do Dunga, mas devo reconhecer que o trabalho é bom.

Paulo Vinícius Coelho - O Ronaldinho. Não que esteja jogando demais, mas a seleção tem poucos jogadores que decidem em um lance. Se o Kaká machucar, teremos de apostar no Júlio Baptista?

Alberto Helena Jr. - Ronaldinho. Ele conseguiu crescer nesta última temporada crescer, voltar a jogar bem... Por causa disso, esperava-se a convocação, mesmo ele tendo se apagado depois da derrota do Milan para a Inter. Acho que ele seria chamado, mas como o Dunga leva muito em conta essa questão moral, resolveu voltar atrás (em referências as festas promovidas pelo meia-atacante do Milan). Agora, a sua chance se reduziu quase a zero.

Você se surpreendeu com algum nome da lista?

Airton Cordeiro - Surpresa é o Michel Bastos. Parece que ele se consolida na posição.

Paulo César Tiemann - Não gostei do Gilberto, a fase dele já passou. O André Santos, do Fenerbahçe, joga mais bola.

Paulo Vinícius Coelho - Embora seja o lateral-esquerdo que mais vezes foi convocado pelo Dunga, a volta do Gilberto para mim é uma surpresa.

Alberto Helena Jr. - Não. Tem sido a mesma convocação. O Gilberto é uma surpresa que não é surpresa, apenas por estar jogando no meio de campo do Cruzeiro.

Quem do atual grupo corre o risco de não ir ao Mundial?

Airton Cordeiro - Com franqueza, talvez o Nilmar. Não está numa boa fase do Villareal, tem o Neymar...

Paulo César Tiemann - Gilberto e Kléberson. O Kléberson foi convocado porque sempre tem de ter um do Flamengo.

Paulo Vinícius Coelho - Gilberto, Michel Bastos, Kléberson e Ramires.

Alberto Helena Jr. - Acho que quase ninguém. O Dunga praticamente fechou o grupo. Ele tem muita gratidão por esses jogadores.

Fala-se muito, por causa do sucesso do Neymar no Santos, de o Dunga levar um novato apenas para ganhar experiência, como aconteceu com o Ronaldo em 94 ou com o Kaká em 2002. Você concorda. Quem seria esse jogador?

Airton Cordeiro - O Neymar tem um perfil muito bom. Acho que se tiver de ter uma novidade, tem que ser ele, como aconteceu com o Pelé em 58. Gosto do estilo driblador no Neymar.

Paulo César Tiemann - Sou a favor, é viável. E o Neymar é a bola da vez.

Paulo Vinícius Coelho - Sou a favor de ele (Dunga) ter a sensibilidade e a percepção de que, se houver a condição, chamar um novato. O Neymar ainda não é uma realidade, mas pode virar até maio. Se estiver voando, não pode ficar de fora.

Alberto Helena Jr. - O Brasil é pródigo em revelar talentos que em pouco tempo alcançam o nível de seleção, caso do Kaká em 2002. Acho que o Dunga não vai arriscar, mas se o Neymar e o Ganso (Paulo Henrique, meia do Santos) continuarem crescendo na proporção que estão, eu levaria. São posições carentes.

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