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Gwangyang, Coréia do Sul – Em outros tempos, as categorias de base da seleção brasileira colecionavam títulos, exibiam o admirado futebol-arte e não desfrutavam de tanta projeção. Atualmente, o quadro mudou: muitos garotos, antes mesmo da maioridade e da consolidação da carreira em território nacional, são estrelas de suas equipes, lidam desde novinhos com o assédio do mercado estrangeiro – vários já estão indo embora –, mas não têm rendido em campo o que se espera deles.

Ontem, a mais recente de uma série de decepções: a equipe sub-17 foi derrotada por Gana por 1 a 0, mesmo atuando com um jogador a mais durante todo o segundo tempo, e acabou eliminada precocemente (nas oitavas-de-final) do Mundial da categoria, que é disputado na Coréia do Sul.

O Brasil começou o Mundial Sub-17 dando show, com duas incríveis goleadas: Nova Zelândia (7 a 0) e Coréia do Norte (6 a 1). Mas, já na última rodada da primeira fase, decepcionou ao perder para a Inglaterra (2 a 1).

Ontem, contra um adversário de tradição na categoria – Gana já foi campeã mundial sub-17 em 91 e 95 –, o Brasil acabou perdendo com um gol polêmico. Aos 6 minutos do segundo tempo, Donkor chutou de longe e o goleiro Marcelo falhou, ao não segurar a bola. Marcelo ainda tentou se recuperar e deu um tapa na bola, mas o árbitro disse que ela cruzou a linha e deu gol.

Nessa altura do jogo, o Brasil já estava com um jogador a mais em campo – Boadi foi expulso aos 43 minutos do primeiro tempo. Mesmo assim, Lulinha e companhia, sob o comando do técnico Lucho Nizzo, não conseguiram furar o bloqueio defensivo armado por Gana.

O tropeço fecha o ciclo de um ano de fracassos do nosso futebol em campeonatos mundiais, principalmente nas divisões inferiores. Em agosto, o mesmo grupo sub-17 caiu logo na primeira fase dos Jogos Pan-Americanos do Rio. Diante de um Maracanã lotado, o time perdeu para o Equador, por 4 a 2, e se despediu da competição. Na ocasião, se valeu de uma atenuante: várias seleções jogaram a competição com equipes sub-20.

Há um mês, o Brasil sub-20, com Alexandre Pato (vendido recentemente ao Milan por R$ 56 milhões) e companhia, realizou a pior campanha do país num Mundial da categoria: foi superado pela Espanha, na prorrogação, por 4 a 2, nas oitavas-de-final da competição disputada no Canadá.

A reportagem ouviu três craques de diferentes épocas para encontrar explicações para os recentes insucessos das categorias de base do futebol brasileiro. Carlos Alberto Torres, acha que falta nomes de peso para comandar a base. Ele contou que, em conversa com Ricardo Teixeira, presidente da CBF, se ofereceu para treinar "de graça" a garotada. Até agora, não obteve resposta.

"Nunca ouvi falar esses nomes [Lucho Nizzo, técnico do sub-17, e Nelson Rodrigues, do sub-20]. A garotada precisa de exemplos, de alguém que tenha moral para falar com eles", avisou o capitão do tri.

O ex-lateral-esquerdo Júnior concorda com Carlos Alberto Torres, embora ressalte que Lucho Nizzo é um profissional qualificado. "Falta o espelho para a rapaziada", revelou ele, que também já foi treinador.

Zagallo, por sua vez, saiu em defesa dos "meninos". "O Brasil sempre será uma fábrica de craques e dará a volta por cima", disse o ex-jogador e ex-técnico.

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