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 | Walter Alves/ Gazeta do Povo
| Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo

Pelé completa hoje 70 anos. Não há no mundo quem não reconheça o maior jogador de futebol da história. Porém, embora pareça diferente, nem sempre foi assim. Em 1957, aos 16 anos, antes mesmo da primeira convocação para a seleção brasileira, passou por Paranaguá um moleque com pinta de craque, chamado pelos companheiros de Santos por "Gasolina".

Era a segunda estadia do futuro Rei da bola em território paranaense. Em maio, o eterno Camisa 10 atuou na sapecada ante o Londrina (7 a 1), oportunidade em que marcou dois gols. Um mês à frente, no dia 20, Pelé ficou só na vontade de balançar as redes. No entanto, os santistas venceram novamente: 3 a 2 sobre o Rio Banco, no gramado judiado do Nelson Medrado Dias.

"Ele teve uma boa atuação, mas discreta. Apesar disso, era possível sentir que o menino conhecia muito. Lembro de ter me impressionado, principalmente, com o Pagão (atacante)", afirma o advogado Celso Marques, 75 anos (foto). Avante do Leão, ele foi o autor do segundo tento dos donos da casa – o primeiro foi anotado por Oda.

"Foi uma jogada em que eu entrei na área, o goleiro saiu e na dividida com o zagueiro deles, Fioti, a bola entrou. No finalzinho, eu ainda quase empatei. Foi uma pena. Nós tínhamos um time excelente e, contra os prognósticos, fizemos um jogo muito disputado", rememora o artilheiro do Paranaense de 1958.

O volante Zito, bicampeão mundial em 1958 e 62 com a amarelinha, fez o da vitória do Peixe. Um balaço de longa distância que desviou e, dramaticamente, matou o goleiro alvirrubro. "O Pelé era novinho, mas incomodava. Não era um jogador tão elétrico como é o Neymar hoje em dia, mas de alta categoria", conta.

Quanto a alcunha de "Gasolina", ele explica: "Nós sempre pedíamos para ele para buscar as coisas para a concentração, bebida etc, para o carteado. Além disso, o Pelé sempre se dispunha a abastecer o carro dos jogadores mais velhos, por isso o chamávamos desse jeito".

Da arquibancada apinhada da Estradinha, Antônio Marques Filho acompanhou tudo. "Meu pai era presidente do Rio Branco. Eu tinha apenas 13 anos, mas recordo bem do agito na cidade por conta da presença de uma equipe grande de São Paulo", diz o hoje aposentado pelo Porto de Paranaguá, 66 anos.

Além da intimidade no manejo da bola – incomum para um garoto – chamou a atenção a disposição de Pelé. Isso porque, na véspera, ele integrou um combinado Santos/Vasco na goleada por 6 a 1 sobre o Belenenses-POR, quando fez três gols.

Já na data do encontro com o Leão, o moleque subiu em um pequeno avião e desembarcou na pista de terra e cheia de mato do aeroporto no litoral do estado, trajando um terno duas vezes maior que a medida. "Jovem é assim mesmo. Quer jogar todas para se firmar na equipe", comenta Zito.

Pouco mais de 15 dias após a passagem por Paranaguá, Pelé foi chamado para disputar a Copa Roca pela seleção nacional. E aí, bem, a partir daí todos sabem o que aconteceu.

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