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Os arquitetos dos 12 estádios que deverão sediar a Copa do Mundo de 2014 no Brasil apresentaram seus projetos no Instituto Americano de Arquitetura (AIA) em Nova York nestas quinta e sexta-feira (19). A obra mais complexa será a do Maracanã, no Rio de Janeiro, por ser uma construção com a parte exterior tombada. A arquiteta Catia Castro, responsável pela obra, explica que o projecto inicial é modificado quase diariamente.

"Nós estamos lidando com uma senhora de 60 anos. É um estádio muito antigo e precisa de muitas modificações. Agora, por exemplo, acabamos de demolir as arquibancadas da geral e descobrimos rachaduras no setor das cadeiras. Então possivelmente teremos que demolir e reconstruir mais do que havíamos planejado", disse Catia ao GLOBOESPORTE.COM.

O Maracanã, que só deverá ficar pronto no início de 2013, será um desafio para a arquiteta porque internamente vai passar de um formato oval para um formato mais retangular para melhorar a visão de grande parte dos assentos. O ângulo das cadeiras também terá que ser modificado para favorecer a vista do campo, e a distância entre elas terá que aumentar de 48 centímetros para 50, uma requisição da Fifa que reduzirá a capacidade do estádio de 86 mil torcedores para 76 mil. Além disso, o tempo de evacuação do estádio terá que diminuir consideravelmente. Atualmente, em caso de emergência, precisa-se de 20 minutos, mas a Fifa exige que não se passe de sete. Por isso, quatro novas rampas serão construídas, e as duas rampas atuais serão ampliadas. Tudo sem modificar a aparência na parte exterior do prédio.

"É como fazer um omelete sem quebrar o ovo", brincou a arquiteta.

Outro projeto que correu risco de ser modificado radicalmente foi o Beira Rio, de Porto Alegre. O Comitê Organizador Local (LOC - sigla em inglês) da Fifa havia pedido que o gramado fosse rebaixado em dois metros para melhorar a visão geral do estádio. Porém de acordo com o arquiteto da obra, Fernando Balvedi, do Estudio Hype, a Fifa já retirou o pedido e aceitou o argumento de que rebaixar o gramado, estando a poucos metros de um rio, aumentaria o valor da obra em milhões.

"Ainda não recebemos o cancelamento do pedido oficialmente, mas verbalmente o LOC já nos disse que mudou de ideia", disse Balvedi.

Em vez de estádio de Natal, arquiteto mostra campo de Londres

A reforma na Arena das Dunas, de Natal, está sendo planejada pelo mesmo escritório de arquitetura, Populous, que está construindo o estádio das Olimpíadas de Londres 2012. O arquiteto Christopher Lee participou da reunião em Nova York, mas não comentou e não apresentou uma imagem sequer do estádio de Natal, apenas imagens de Londres. Questionado sobre a suposta gafe, Lee disse apenas que em um evento sobre design esportivo, preferiu mostrar o maior projeto do seu escritório. Na semana passada uma licitação da Arena das Dunas foi suspensa porque os promotores consideraram que o texto induzia à contratação de uma empresa específica. O texto já foi modificado, e a licitação retomada.

Um dos temas mais discutidos no evento foi o legado que a passagem da Copa no Brasil deverá deixar nas 12 cidades escolhidas.

"É fundamental que haja melhoramento dos estádios e da infra-estrutura local, mas é ainda mais importante que essas melhorias sejam realmente utilizadas ao final da Copa", explicou Hector Vigliecca, responsável pelas reformas no Castelão de Fortaleza.

Como o estádio no Ceará fica afastado das áreas mais habitadas da cidade, o seu projeto pretende aumentar o parque Cocó em vários quilómetros, do centro até a área do estádio, para favorecer o maior uso daquela parte de Fortaleza. Significa que depois da Copa, a cidade terá mais área verde e novas possíveis zonas residenciais.

Arquitetos criticam determinações do LOC

Dois arquitetos que pediram para não ser identificados reclamaram que vários atrasos nas obras ocorrem porque o LOC muda de posição frequentemente. As vezes, dizem eles, inclusive quando uma parte do trabalho já está concluída.

"Isso ocorre por exemplo quando o LOC indica duas empresas para prestarem um serviço específico. Você vai lá e contrata uma delas. Depois de alguns meses, o LOC diz que os serviços daquela empresa não são mais aceitos e você precisa refazer tudo", explicou o gerente de uma obra.

Marc Duwe, que está reformando a Fonte Nova de Salvador, com a ajuda de Class Schulitz, arquiteto do estádio de Hannover, na Alemanha, disse que algumas das regras são contraditórias.

"O rebaixamento do gramado do Beira Rio é um exemplo clássico. Rebaixar estando ao lado de um rio não faz sentido, e a própria Fifa reconheceu isso. Existem muitas regras, e claro que a maioria deve ser cumprida, porém existem também casos específicos e é preciso analisá-lo".

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