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Vítimas de tragédia na Fonte Nova serão enterradas nesta segunda

As sete vítimas do acidente ocorrido domingo no Estádio da Fonte Nova, em Salvador, serão enterradas durante a tarde desta segunda-feira (26).

Três delas serão enterradas no Cemitério Bosque da Paz. As outras quatro, no Cemitério Quinta dos Lázaros, em Salvador.

A estrutura do estádio, construído na década de 1950, não suportou o peso da torcida. Um pedaço da arquibancada cedeu durante uma partida entre Bahia e Vila Nova. Pelo menos 30 pessoas ficaram feridas.

O engenheiro Claudemiro Santos Júnior participou de uma vistoria na Fonte Nova, na Bahia, realizada pelo Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) da Bahia, e estava no estádio no domingo (25), quando houve um desabamento de parte da arquibancada do anel superior. No acidente, sete pessoas morreram.

"Não vi o acidente e acredito que 80% do público também não notou. O desabamento aconteceu no anel superior, no fim do jogo. Não houve movimentação diferente. Pelo que vi mais tarde, as pessoas tentaram ser solidárias e ninguém saiu correndo", comentou o engenheiro, que foi ao jogo como torcedor, a passeio. Ele disse que se sentou nas cadeiras.

Relatório divulgado pelo Sinaenco após a vistoria, em 1º de novembro, apontou que a Fonte Nova não tem condições de sediar jogos da Copa de 2014, prevista para acontecer no Brasil. O documento informou que o estádio baiano é o pior dentre os 29 principais do país. Entre os problemas estão estruturas com vigas e pilares comprometidos, vestiários em situação crítica, falta de higiene em bares e vestiários e arquibancada em ruínas.

"Fizemos uma avaliação preliminar, 'macro'. Constatamos que o estádio precisa de melhorias para atender às necessidades previstas pela Fifa, que é muito exigente", afirmou Santos Júnior.

O engenheiro diz que, durante a inspeção, foram detectados problemas de estrutura que aparecem também em outros estádios do país. "Vimos juntas desgastadas e ferragens aparecendo. Se a ferragem aparece, ela se desgasta rapidamente e isso pode causar acidentes. Mas esse tipo de problema acontece em outros estádios, no Brasil inteiro." 60 mil pagantes

No domingo, segundo a Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), 60 mil pessoas compraram ingressos para assistir ao jogo entre Bahia e Vila Nova. É essa a capacidade do estádio. O responsável pela venda dos bilhetes é o time com o mando de jogo. Neste caso, o Bahia. O presidente do clube, Petronio Franca Barradas, decretou luto por três dias após a tragédia.

O estádio foi inaugurado na década de 50. O recorde de público foi registrado em 1988, em um jogo entre Bahia e Fluminense: 110 mil pagantes.

Promotora pediu interdição da Fonte Nova em 2006

Em janeiro de 2006, o Ministério Público estadual da Bahia ajuizou duas ações civis públicas, com pedido de liminar, para impedir o uso dos estádios da Fonte Nova (oficialmente Estádio Otávio Mangabeira) e Barradão (Estádio Manuel Barradas).

As ações, de autoria da promotora de Justiça Joseane Suzart, eram contra o Esporte Clube Bahia e a Superintendência de Desportos da Bahia (Sudesb), e contra o Esporte Clube Vitória.

Segundo a promotoria, as dois estádios apresentariam deficiente sistema de proteção contra incêndio e tratamento de situações de pânico, precárias condições de higiene em sanitários e cantinas, além de instalações físicas e estruturais inadequadas, o que poderia comprometer a saúde e a segurança dos torcedores.

A ação contra o estádio Fonte Nova e a Sudesb foi fundamentada e distribuída na 2ª Vara de Defesa do Consumidor e até o momento não teve apreciação da Justiça. A promotora afirma que as instalações estruturais do estádio estavam comprometidas. "É uma situação alarmante, terrível. Isso poderia ter sido evitado", diz.

De acordo com a promotora, o que deveria ser feito pelo Ministério Público, já foi feito. "Já havia previsão da possibilidade da ocorrência de danos. O que MP poderia fazer, já fez e com antecedência. Mas o promotor de justiça não tem poder para julgar, posso apenas investigar". Joseane Suzart afirma que o acidente deverá ser apurado como homicídio culposo. A ação contra o Fonte Nova não está paralisada. Segundo ela, a promotoria continua acompanhando a cobrança de melhores condições de segurança ao torcedor.

Outra ação, encaminhada para a 1ª Vara de Direito do Consumidor, contra o Barradão, teve seu pedido liminar acatado pelo juiz, que decretou a interdição do estádio. A administração do Barradão estabeleceu um acordo com o MP para ajustar as condições irregulares e o estádio foi liberado do processo. "Nós estamos acompanhando o cumprimento desse acordo. Recentemente, os administradores nos apresentaram um projeto para a colocação dos hidrantes no estádio, o que deve acontecer agora em dezembro. Isso comprova que eles estão cumprindo com as solicitações de proteção e prevenção ao torcedor", afirma a promotora Joseane Suzart, ao G1.

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