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O árbitro paranaense Héber Roberto Lopes, integrante do quadro da Fifa, viveu no domingo a primeira conseqüência do escândalo da manipulação de resultados do Campeonato Brasileiro. Seu desempenho no jogo Ponte Preta x Cruzeiro (2 a 3), em Campinas, irritou a torcida local, que tentou agredi-lo no vestiário do Estádio Moisés Lucarelli. O susto foi tão grande que ele admite ter temidor pela própria vida.

"Eu nunca tinha visto algo assim. Eles pareciam gladiadores, babavam de raiva. Fiquei muito assustado. Quando saí dali fiz uma oração para agradecer por nada de pior ter acontecido", comentou Héber. "A pressão é normal, mas não dessa maneira. Eles extrapolaram o limite", acrescentou.

Ao entrar no Moisés Lucarelli, o paranaense percebeu que as denúncias contra o árbitro Edílson Pereira de Carvalho iriam pesar contra ele também. "É normal o juiz ser vaiado quando sobe para o gramado, mas foi diferente. Ficavam me dizendo ‘olha a Veja (revista que desmascarou o esquema)’ e me mostrando algemas", contou. "Vai ser assim por um tempo. Toda a classe está sob suspeita", resignou-se.

Os ponte-pretanos reclamaram do grande número de cartões exibidos durante o jogo (cinco vermelhos e dez amarelos) e de um pênalti que os torcedores alegam ter sido fora da área. Apesar de admitir que o escândalo o afetou – "comecei o jogo cabisbaixo" –, Héber está certo de que sua atuação foi correta.

"A partida estava ficando forte e usei o mesmo critério em todas as cinco expulsões. Com relação ao pênalti, a linha faz parte da área", resumiu. "Não dá para misturar o problema da arbitragem com o meu desempenho em Campinas. Nos lances cruciais, estive sempre convicto", afirmou, aparentando tranqüilidade.

Para atestar o excesso dos torcedores que tentaram invadir o vestiário, Héber ainda relatou que o comandante do policiamento estranhou a intensidade da revolta popular. "Ele confessou que lá é difícil mesmo, mas que a massa estava descontrolada. Chegamos à conclusão de que só podia ser por influência das denúncias", contou.

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