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Até a bola rolar na Arena Corinthians, às 17 horas do dia 12 de junho de 2014, Barcelona será a cidade mais importante da Copa do Mundo. É onde estão o melhor jogador do mundo, o craque do time anfitrião e eterno favorito, o cérebro, o motor e o DNA da atual campeã. Tudo o que acontecer no Paseo Canal de la Infanta e na Avinguda Aristídes Maillol nos próximos seis meses terá influência direta no futebol a ser jogado em 64 partidas nos 12 estádios brasileiros. O primeiro endereço é o da Ciudad Deportiva Joan Gamper, o fechado centro de treinamento do Barça, onde o acesso a jornalistas limita-se à sala de imprensa e torcedores se aglomeram nos portões de acesso à espera de receber um autógrafo pela janela de carros do luxo. O outro é o do Camp Nou, o teatro em que o Barcelona se exibe semanalmente para uma plateia mundial. Camisas do clube vestem orientais, árabes, escandinavos, latino-americanos, africanos, anglo-saxões e até espanhóis pelas ruas da cidade, quarto destino mais visitado do mundo, com 7,6 milhões de turistas por ano. Um contingente que faz a população de Barcelona saltar do 1,6 milhão fixo para pelo menos 2 milhões. Entre eles, 16 jogadores que levarão às suas seleções um pouco da escola mais admirada do futebol mundial.

Barcelona fecha a lista das dez cidades do mundo com maior número de museus. São 92 equipamentos, a mesma proporção da líder do ranking, Los Angeles: um para cada 17,3 mil habitantes. A oferta é ampla: Fundação Joan Miró, Museu Picaso, Museu Nacional de Arte da Catalunha. Artistas renomados, acervos completos e eclé­­ticos, porém incapazes de atrair mais visitantes que a coleção de obras de arte do Fútbol Club Barcelona.

Em 2011, o Museu do Bar­­celona assumiu o posto de mais frequentado da cidade, terceiro no país, atrás apenas do Prado e do Rainha Sofia, ambos em Madri. Fo­­ram 1,6 milhão de visitas no ano de estreia do Camp Nou Experience, passeio que, por 23 euros, leva o fã aos vestiários, à beira do gramado e ao museu em si.

A atração mais recente é uma enorme bancada interativa. Ali ficam expostos momentos históricos do Barça. Um toque de mão abre uma janela maior, com um texto explicativo e um vídeo. Gols, entrevistas, melhores momentos, comemorações que ajudam a explicar por que o Barcelona é mais que um clube. E apresenta um pouco da arte que jogadores brasileiros exibiram vestindo blaugrana antes de defender o país em uma Copa do Mundo.

Neymar foi o 23.º brasileiro contratado pelo Barcelona. Apenas outros cinco cumpriram o roteiro que será repetido por ele: sair de uma temporada pelo clube para a Copa. Um caminho invariavelmente percorrido com sucesso nos gramados europeus, mas nem sempre bem-sucedido no tiro curto de sete partidas pelo título mundial.

Romário foi o primeiro a fazer a dobradinha. O Baixinho disputou sua única temporada completa pelo Barça antes de levar o Brasil ao tetracampeonato, em 1994. Disputou 63 jogos, fez 39 gols, venceu um Campeonato Espanhol e deixou um dos vídeos mais assistidos do museu. Um clássico contra o Real Madrid, vencido por 5 a 0, três gols dele. Um deles após drible desconcertante em Alkorta, chamado até hoje de "cola de vaca" pelos espanhóis.

"Romário estava provavelmente no auge da sua forma física. Por causa da estatura, seu centro de gravidade era mais baixo e as arrancadas combinavam eficiência e elegância", define o jornalista inglês Jimmy Burns, autor do livro Barça – A People’s Passion.

A partir de Romário, em todas as Copas o Brasil teve pelo menos um jogador do Barcelona em campo. Rivaldo foi o mais brilhante. Vestiu a camisa 10 da seleção na França, em 1998, e na Coreia do Sul e Japão, em 2002, após ser a principal referência do Barça dentro de campo.

Giovanni não conseguiu o mesmo desfecho. Marcou gol nos quatro clássicos com o Real na temporada 1997/98. Foi protagonista no título espanhol. No Mundial, porém, atuou apenas nos 45 minutos iniciais da estreia com a Escócia. Sacado por Zagallo no intervalo, assistiu do banco ao restante da campanha do vice mundial.

Decepção menor apenas que a com Ronaldinho Gaúcho. Duas vezes melhor do mundo, o dentuço juntou-se à seleção brasileira que disputaria o Mundial da Alemanha após a temporada em que protagonizou outro hit do museu barcelonista. O clássico de 19 de novembro de 2005, em que o Santiago Bernabéu inteiro se levanta para aplaudir a exibição do brasileiro na vitória por 3 a 0 sobre o Real, na sua casa. Na Copa, porém, o camisa 10 decepcionou junto com o quadrado mágico.

Daniel Alves reequilibrou a conta em 2010. Campeão espanhol e semifinalista da Liga dos Campeões quase como um ponta no time de Guardiola, começou a Copa no banco de reservas. Terminou como titular no meio-campo, um dos poucos que se salvaram do naufrágio da equipe de Dunga.

Terá, ano que vem, a segunda chance, como titular absoluto. Um coadjuvante de luxo para Neymar. O mais novo brasileiro na linhagem iniciada por Romário. Camisa 10 da seleção como o Baixinho foi do Barça. Esperança do título mundial como Romário foi em 1994. Com um semestre inteiro pela frente para reforçar o acervo mais visitado de Barcelona.

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