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San Diego (EUA) – O Professor arranca com a bola em velocidade no meio da quadra. Quando chega à linha de três pontos, dribla rapidamente de uma mão para a outra, em frente ao marcador. Quatro, cinco, seis vezes, até a bola passar da palma para as costas da mão esquerda, subir pelo antebraço, correr pelo braço, deslizar no peito até chegar ao braço direito e, em uma fração de segundos, cair abaixo da palma da mão direita. Quando o adversário termina de acompanhar o movimento, a bola já passou entre as suas pernas. O Professor a apanha do outro lado, salta para a bandeja e leva o público ao delírio.

Professor é Grayson Boucher, um garoto de 20 anos de uma cidadezinha próxima a Portland, na Costa Oeste dos Estados Unidos. Ele é o caçula da sexta edição da And1 Mix Tape Tour, excursão iniciada em junho que, até o fim de agosto, passará por 30 cidades americanas com sua mistura de basquete espetáculo – show time, como os ianques gostam de chamar –, rap e marketing.

Em quadra, o time lembra o Harlem Globbetrotters, lendária equipe de exibição fundada em Nova Iorque, nos anos 20, que acumula 23.500 vitórias e 343 derrotas em quase 80 anos de atividade. Fora dela, faz parte de uma fabulosa máquina de fazer dinheiro, que já ameaça o domínio da Nike no milionário mercado de material esportivo da NBA.

A história da And1 começou em 1993, na Filadélfia, quando Jay Coen Gilbert abriu uma empresa de fundo de quintal para a produção de camisetas personalizadas. Estampadas com frases engraçadinhas – como "Seu jogo é tão feito quanto sua namorada" ou "Tome cinco dólares e vá comprar um pouco de talento" –, as mercadorias rapidamente passavam do porta-malas do carro de Gilbert para as mãos de jogadores de streetball da cidade e, aos poucos, de estados vizinhos.

O passo decisivo para a empresa foi dado em 96, quando a firma – já uma modesta fábrica de tênis – negociava um contrato de fornecimento de material esportivo para NBA.

Gilbert recebeu um vídeo caseiro de Rafer Alstom, um jogador de 17 anos de uma escola de Nova Iorque. Uma série de movimentos insanos – filmados pelo treinador de Alstom – deixou os funcionários da empresa de queixo caído e se transformou na primeira peça publicitária da And1 para a Liga. A partir daí, a empresa não parou de crescer.

Quase uma década após o vídeo de Alstom, a And1 é responsável pelo fornecimento de material esportivo a 21% dos jogadores da NBA. Entre eles estão Ben Wallace, campeão da temporada passada e vice desta pelo Detroit Pistons, Stephon Marbury, do New York Knicks, o brasileiro Anderson Varejão, do Cleveland Cavaliers, e, claro, o primeiro garoto-propaganda da companhia, hoje jogador do Toronto Raptors.

As acrobacias de Alstom também se transformaram no primeiro de uma série de vídeos produzidos pela empresa, o The And1 Mix Tape, que terá o seu oitavo volume lançado no próximo mês, e no embrião da equipe de exibição que roda os Estados Unidos durante as férias da NBA.

A primeira turnê ocorreu em 2000, com um time formado por jogadores de streetball da Filadélfia e de Nova Iorque. Já no ano seguinte, o time passou a contar com atletas que se destacaram nas partidas contra o time da And1. Grayson "Professor" Boucher foi um deles. Outro foi Waliyy Dixon, chamou a atenção dos sócios da empresa ao enterrar saltando sobre uma motocicleta. Desde então, assumiu a alcunha de Main Event (evento principal). Em 2002, os novos jogadores passaram a ser selecionados no reality show Streetball, que está no quarto ano de exibição nos Estados Unidos pelo canal ESPN2.

A expansão coincidiu com uma maior sofisticação nas turnês. A primeira, em 1996, fez apenas 3 escalas cumpridas em 5 carros, contra 30 deste ano, todas de avião. O local dos jogos também mudou. As quadras nas ruas e parques tornaram-se pequenas para a multidão interessada em acompanhar os jogos – o que provocou alguns problemas de segurança e trânsito. A opção foi ocupar ginásios utilizados pela NBA nas férias da Liga.

Para os próximos anos, a meta da empresa é levar a turnê – e os seus negócios – para outras partes do mundo. Desde o início do ano a companhia está aceitando vídeos produzidos no Brasil para a participação no reality show e na equipe. Até agora, nenhum brasileiro foi selecionado. A ordem na And1 é seguir o exemplo dos precursores Globbetrotters e conquistar o mundo.

O jornalista viajou aos EUA a convite do laboratório Sanofi-Aventis.

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