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A nova equipe LiveWright em ação no velódromo do Rio de Janeiro: investimento de R$ 3 milhões na busca por medalhas olímpicas e mundiais | Marcio Rodrigues/ fotocom.net
A nova equipe LiveWright em ação no velódromo do Rio de Janeiro: investimento de R$ 3 milhões na busca por medalhas olímpicas e mundiais| Foto: Marcio Rodrigues/ fotocom.net

Política

"Presente" para na burocracia da CBC

Há três semanas, o presidente da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), José Luiz Vasconcellos, afirmou que destinaria algumas das bicicletas de pistas compradas pela entidade para a Federação Paranaense de Ciclismo (FPC) durante o Campeonato Brasileiro, em Maringá. A competição acabou em 25 de março, mas a instituição estadual não recebeu os equipamentos.

Há ainda outro problema: o presidente da FPC, Sidney Marlon de Paula, conta que Vasconcellos informou que as bicicletas seriam apenas em comodato. "A minha preocupação é que, se acontecesse algum acidente com o equipamento, não teríamos como reembolsar a confederação", explica.

Ao todo, a CBC, em dezembro de 2011, comprou 15 bicicletas (R$ 4,1 mil cada) como contrapartida ao dinheiro investido pelo Ministério do Esporte em um convênio no valor de R$ 1,3 milhão para o desenvolvimento da equipe nacional de pista. A aquisição foi feita depois de uma tomada de preços em que as três empresas concorrentes tinham ligações com o representante comercial Dalberto Ribeiro de Arruda Junior, sobrinho do presidente da CBC.

Sidney conta que foi convidado a ir a Maringá para receber os equipamentos, mas, como estava em viagem a trabalho, encarregou o técnico da equipe GF Ciclismo/Unilance, Edson Ferreira, o "Nescau", de recebê-las. "A CBC pagou até a passagem dele [até Maringá], mas não teve entrega alguma. Disseram para ele que houve uma confusão nas informações", diz o presidente da federação. Tal confusão, explica Vasconcellos via assessoria de imprensa da CBC, é que as 15 bicicletas serão para os atletas da seleção, mas, caso alguma federação precise do equipamento, a entidade nacional poderia cedê-las por comodato.

Treinar em um velódromo, no Brasil, já faz a diferença para colocar os ciclistas de pista à frente dos demais, diz a coordenadora do time LiveWright, Dani Genovesi. Não à toa, ela convocou para sua equipe, lançada na se­­mana passada no Rio, quatro paranaenses, todos criados e com resultados significativos por causa da pista de Curitiba, mesmo que o lo­­cal não seja bem o ideal. O investimento no esporte foi de R$ 3 milhões.

Tanto o velódromo da capital quanto o de Maringá são feitos em concreto e a céu aberto, distantes ainda dos padrões internacionais. Mas foram o suficiente para colocar Davi Romeo, Raul Malaguty, Maique Lourenço e Hyriah Salvador no time carioca, montado com o obje­­tivo de ser a base da equipe nacional em busca de medalhas mundiais e olímpicas.

O novo time treinará na pista utilizada para os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, que é coberta e com piso de madeira. "Aqui conseguimos treinar mesmo com chuva e não ficamos tão sujeitos aos treinos sob o frio e o vento", diz Romeo, 26 anos, bronze no Sul-Americano de 2010 e tricampeão brasileiro na prova de quilômetro contra o relógio.

Outros destaques do estado na competição nacional tiveram de começar treinando na modalidade estrada, justamente pela falta de lugar adequado para praticar a modalidade de pista. "É como colocar o Cesar Cielo para treinar a prova dos 100 metros livre da natação em mar aberto e esperar um bom resultado dele na piscina olímpica", compara Dani.

É o caso de ciclistas de Pa­­ra­­navaí que hoje defendem outras equipes, como Cristian da Rosa, campeão brasileiro nas provas de scratch, madison e perseguição por equipes, com o time de Ribeirão Preto (SP), outra cidade carente de um bom velódromo. Os ciclistas de lá treinam nas cidades vizinhas, como Caieiras e Americana.

"Claro que não é só ter o velódromo perto que define um bom atleta. Mesmo sem ter um em Londrina, já venci todas as provas de pista em brasileiros. A Argentina consegue ter menos velódromos do que o Brasil, mas mais cam­­peões", diz o ciclista Lu­­ciano Pagliarini, que competiu na modalidade estrada nos Jogos de Pequim, em 2008. Hoje, Pagliarini não compete mais oficialmente.

Mas ele diz que gostaria de ver mais ciclistas com chance de se desenvolver ex­­clusivamente para a modalidade de pista. "Mais cidades do país poderiam ter velódromos. Com R$ 1,5 milhão se constrói um, um baixo investimento para um esporte que pode trazer muitas medalhas para o país no futuro", segue.

Já o quarteto paranaense no Rio terá, além do equipamento esportivo adequado para os treinos (embora o velódromo do Rio não seja recomendado para competições, por causa dos pilares no centro que atrapalham a visão dos juízes e das medidas da pista), o apoio financeiro para eles e mais 11 atletas para intercâmbios em outros países. "Isso vai ser essencial para melhorarmos nossos tempos, competirmos com quem está à nossa frente", diz Davi.

Para o segundo semestre, quatro ciclistas da Live­­Wright vão passar uma temporada disputando os torneios continentais europeus, como preparação para as etapas da Copa do Mundo.

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