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Com a mão machucada, Ester observa os últimos minutos da estreia do Silverhawks, no fim de julho | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Com a mão machucada, Ester observa os últimos minutos da estreia do Silverhawks, no fim de julho| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Futebol americano sempre foi um sonho distante para a curitibana Ester Biss de Alencar. Aos 20 anos, quase uma década depois de se apaixonar à primeira vista pelo esporte, ela pode se orgulhar por tê-lo transformado em realidade. Sem o esforço dela, o sonho do Curitiba Silverhawks não seria possível.

“Quando comecei a acompanhar meu irmão no Brown Spiders, em 2008, não imaginava que poderia jogar também algum dia”, conta a estudante de educação física e principal responsável por colocar o Curitiba Silverhawks no mapa da bola oval do país.

A saga Silverhawks: como um grupo de curitibanas transformou o sonho de jogar futebol americano em realidade

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A saga que resultou na estreia do time no Campeonato Brasileiro no último dia 22 de julho, contra o Brasília Piltos, revela a capacidade de mobilização e de liderança da garota que usa tranças embaixo do capacete.

No fim de 2014, ela conheceu um grupo de mulheres que treinava no recém-formado Guardian Angels. Com o passar do tempo, porém, as jogadoras começaram a minguar, os treinos foram acabando, assim como a própria equipe.

“Eu tinha duas opções: ou desistia ou reerguia aquilo”, lembra Ester, que na época conheceu Amanda Ramos, atual vice-presidente do Silverhawks, com quem iniciou uma revolução inimaginável.

O time, então, foi incorporado ao Brown Spiders, ganhou visibilidade e começou a atrair mais atletas. Nesse meio tempo, Ester foi ganhar experiência de campo no Cariocas FA, que já disputava o Brasileiro.

“Você joga mesmo? Não se machuca? É de lingerie? Ouço muitos comentários machistas desses, mas para mim são irrelevantes.”

Ester Biss de AlencarPresidente e jogadora do Silverhawks

“Viajava todo mês para o Rio de Janeiro. Passava o domingo lá, chegava de manhã, jogava à tarde e voltava à noite”, explica a quarterback, que usava o dinheiro da bolsa de iniciação científica da faculdade para custear parte das passagens, mas dependia do apoio financeiro dos pais para bancar a aventura.

No início de 2017, em busca de autonomia nas decisões e com o objetivo de disputar jogos oficiais, nascia o Silverhawks. Ester se tornou técnica, presidente e jogadora.

E, principalmente, exemplo. “Elas se apoiam muito em mim, me respeitam muito. Minha liderança é na base do respeito e do exemplo. Então exijo delas aquilo que eu mostro. Me esforço para ser a melhor atleta do planeta para que eu possa exigir que elas sejam a mesma coisa”, argumenta a líder nata.

Ester é uma espécie de faz-tudo do time curitibano: jogadora, técnica e presidenteMarcelo Andrade/Gazeta do Povo

“Ver a evolução delas é a concretização de um sonho na verdade. Sozinha nunca teria feito nada”, completa Ester, que mesmo machucada no banco de reservas, ainda com o jogo rolando, tinha que resolver problemas como o sorteio de uma rifa.

A responsabilidade que aparentemente não encaixa no rosto de adolescente camisa 12 também criou outra situação inusitada. Além de comandar mulheres com mais do que o dobro de sua idade, a Srta. Futebol Americano também é chefe da própria mãe.

“No campo, a hierarquia é invertida. Tanto que me submeto a ela 100%. Não tem. Ela manda, eu faço. Sou atleta dela”, confirma Marcia Biss de Alencar, de 50 anos.

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