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Batidas entre Senna e Prost decidiram dois títulos mundiais (para o francês em 89 e o brasileiro em 90). Schumacher ganhou um jogando o carro em cima de Damon Hill (94) e se deu mal ao tentar fazer o mesmo com Villeneuve (97). Barrichello foi muito criticado por abrir passagem para o alemão em 2002. Momentos que elevaram o tom dos debates sobre a ética na Fórmula 1. A diferença para o acidente proposital de Nelsinho Piquet em Cingapura, no ano passado, é que desta vez não há debate.

O mundo condenou a armação que deu a vitória ao companheiro de Renault, Fernando Alonso – acertada com os chefes Flavio Briattore e Pat Symonds. Entre os ex-pilotos da categoria, também não há corporativismo. "É para lá de qualquer coisa aceitável. Foi premeditado, perigoso inclusive", discursa Chico Serra, que guiou carros de Fittipaldi e Arrows na F1 entre 1981 e 83, atualmente na Stock Car.

Para ele, as manobras de Schu­­macher são o que mais se aproxima da situação, porém não se equivalem. "Aquilo foi antiético, mas defensável para alguns. De piloto para piloto, como já aconteceu muitas vezes. Não que eu esteja defendendo..."

O paranaense Enrique Bernoldi, da Arrows entre 2001 e 2002, hoje na Fórmula Super League, descarta qualquer semelhança. "Todos os exemplos não têm comparação com o caso do Nelsinho. Ele foi muito além", afirma, admitindo ter dado passagem ao companheiro Jos Verstappen em determinada ocasião por causa de uma estratégia da equipe. "O problema também é toda a chantagem, o que aconteceu depois. Se ele ainda estivesse na Renault, nada teria se tornado público. Como se ferrou na equipe, foi lá e contou. Faltou ética duas vezes", acrescenta.

Com passagens por Jordan, Toyota e BAR, entre 1999 e 2004, o também paranaense Ricardo Zonta sugere que a armação, além de beneficiar Alonso, pode ter influenciado no campeonato – foi ao parar nos boxes em Cingapura que Felipe Massa saiu carregando uma mangueira de combustível e perdeu pontos preciosos na disputa com Lewis Hamilton. "Não aconteceu apenas de ajudar a equipe, mas talvez tenha mudado mais. Além disso, toda a repercussão prejudica muito a imagem da F1", afirma.

Atual piloto da Stock e comentarista da TV Globo, Luciano Burti, das equipes Prost e Jaguar em 2000 e 2001, mantém a mesma linha. "O caso do Rubinho na Ferrari foi muito errado, mas ele mesmo fez questão de mostrar, só deixando o Shumacher passar na chegada. O duelo Senna contra Prost também, mas dentro de uma competição, ainda dá para entender. Agora, essa passou do limite. Só fui acreditar quando ele assumiu publicamente."

Burti, porém, é um dos poucos a fazer ressalvas a favor de Nelsinho. "Errou, mas é do bem. Estava cercado de caras muito mais maliciosos. Apesar de ter morado um tempão fora do país, ainda era imaturo, moleque mesmo."

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