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Enrique Bernoldi, ex-piloto de Fórmula 1 | Bruno Terena/ MS2
Enrique Bernoldi, ex-piloto de Fórmula 1| Foto: Bruno Terena/ MS2

Após passar por várias categorias do automobilismo e ser um dos poucos brasileiros a ter no currículo a passagem pela Fórmula 1, o curitibano Enrique Bernoldi arrisca uma nova manobra. Ele assumiu a função de coach e manager do jovem catarinense Yukio Duzanowski. Apesar da nova empreitada, ele avisa: quer correr por mais uma década.

Como surgiu a oportunidade de ser treinador?

Eu moro em Florianópolis desde 2007. Vim para cá por causa da minha esposa, que é daqui e não se acostumou com Curitiba. Eu tenho um kart, treino na pista e lá conheci o Yukio [Duzanowski, de 17 anos]. Ele conversou comigo, pediu algumas dicas e comecei a dar umas aulas nos finais de semana, quando eu não estava na Europa. Logo ele notou uma boa melhora nos resultados. É um bom piloto, muito disciplinado.

Mas aí você saiu dos boxes e passou a ajudar como empresário também?

Um dia ele me disse que estava pensando em disputar a Skip Barber [uma categorias escola nos Estados Unidos], que, pelo patrocínio, era o que cabia no orçamento dele. Eu não concordava. Ele pediu o meu conselho e sugeri a Fórmula Abarth [campeonato italiano de monopostos cujo campeão recebe o convite para integrar a Academia de Pilotos da Ferrari] e a JD Motorsport, onde fui o primeiro campeão da equipe na Fórmula Renault, em 1996. Lá, fiz uma amizade muito grande e mantive contatos.

Como foi negociar o con­­trato e estar do outro lado?

Olha, no meu tempo o esquema era "se vira". Hoje é outra realidade. Até pela pouca experiência dele, fui ajudar, dar dicas de largada, mostrar como manusear o carro, que é completamente diferente de tudo que ele já guiou. Os treinos foram em Ímola e Mugello, duas pistas que conheço muito bem. A equipe gostou e procuramos a melhor forma de contrato possível.

O que um jovem piloto pre­­cisa saber hoje?

Hoje os pilotos têm uma ascensão muito rápida e às vezes chegam despreparados para desafios maiores. Meu papel é ajudar a encurtar esse espaço de aprendizado. Passei por várias categorias que não têm a metade da tecnologia da Fórmula 1, por exemplo. Tive acertos e cometi erros que posso transmitir a ele, pois foram ruins para minha carreira.

Você chegou ao topo do au­­tomobilismo, mas não despontou. Qual avaliação faz da passagem pela Fórmula 1?

Digamos assim...(pausa), havia poucas opções de equipe, a Minardi e a Arrows. Fiquei na segunda e tinha um contrato de três anos. Infelizmente, a equipe faliu e teve muitos problemas de dinheiro. Não treinou muito, o carro quebrava. Era uma época difícil pois só pontuava até o 6.º colocado, hoje é até o 10.º. Cheguei em 8.º na Alemanha, que não valeu de nada. Se a pontuação fosse diferente poderia ter mudado a minha carreira. Com a falência da equipe, fiquei preso a um contrato e não conseguia lugar para correr. Acho que se tivesse em uma boa equipe, estaria lá até hoje.

Como você assimilou essa frustração?

Estava no lugar errado, no tempo errado. Quando fui para Fórmula 1 [2001], estava terminando o meu contrato com a Red Bull como o esportista mundial deles. Eles ficaram comigo por quatro anos, para depois eu andar com as minhas próprias pernas. O contrato acabou, a Arrows faliu e fiquei sem nada, com 23 anos e desempregado. Não foi legal. Me machucou muito.

Ser piloto de testes da BAR serviu como uma redenção, então?

Tirou um peso da minha alma. Mas ser piloto de testes quando você nunca correu é legal. Depois, é chato. Eu tinha vontade de competir. Aí acabei fazendo besteira. Recebi uma proposta para correr na Indy pelo Paul Gentilozzi, da Rocket Sports. Só que esse cara é um pilantra, mau caráter e não estava nada certo. Mas aí eu já tinha pedido demissão.

Quais são os seus planos agora?

Gostaria de correr provas longas como Le Mans, Spa. Ain­­da não assinei com nenhuma equipe porque estou procurando uma boa oportunidade em alguma categoria na qual eu possa ganhar corridas. Sou muito competitivo. Não quero só participar. Tinha uma proposta de correr no Japão. Se fosse antes, iria. Mas tenho dois filhos pequenos e minha esposa está grávida. Estou com 33 anos e imagino correr por mais dez. Depois, meu sonho é ter uma equipe. Minha vida é o automobilismo.

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