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Enterro de André Lezo levou mais de 500 pessoas ao cemitério do Jaraguá, na zona norte de São Paulo | Leo Barrilari/ Frame/ Folhapress
Enterro de André Lezo levou mais de 500 pessoas ao cemitério do Jaraguá, na zona norte de São Paulo| Foto: Leo Barrilari/ Frame/ Folhapress

Punição

Organizadas são barradas de estádios

Mancha Alviverde e Gaviões da Fiel, protagonistas da batalha que ocorreu domingo antes do clássico Corinthians x Palmeiras, estão proibidas de ir aos estádios do estado de São Paulo. Mas isso não significa que seus integrantes ficarão longe dos jogos de futebol. As suspensões impedem apenas que torcedores entrem nas arenas portando objetos que remetam às facções organizadas, como uniformes, acessórios e faixas. O veto às torcidas até o fim da investigação do caso partiu de pedido da delegacia que investiga delitos de intolerância. A Federação Paulista acatou a solicitação. As suspensões podem se transformar em exclusões caso fique provado que líderes dos bandos participaram ou foram omissos para coibir a pancadaria.

Três irmãos que tinham amor pelo Palmeiras e pela Mancha Al­­vi­­verde. Um pai policial militar, que respeitava a paixão dos filhos, e uma mãe evangélica, que participava de eventos na quadra da torcida organizada, principalmente os ligados à assistência social.

A morte de André Alves Lezo, de 21 anos, levou mais de 500 pessoas ao cemitério do Jaraguá, na zona norte de São Paulo. O jovem foi alvejado na cabeça por um tiro em confronto que envolveu mais de 500 pessoas na Avenida Inajar de Souza, na Freguesia do Ó, na zona norte de São Paulo, antes do clássico entre Palmeiras e Corin­­thians, no domingo. O outro torcedor atingido por um tiro, Guilher­­me Vinicius Jovanelli Moreira, seguia em "estado gravíssimo", in­­ternado na UTI com traumatismo no crânio até o fechamento desta edição.

A escolha do cemitério foi feita pela diretoria da Mancha, que comprou um jazigo após a morte de Lezo. A organizada adquiriu um espaço para que 16 pessoas sejam enterradas.

A maioria dos presentes no funeral era de torcedores uniformizados com camisetas da Man­­cha ou do Palmeiras. Mas também havia amigas da mãe que frequentam a mesma igreja que ela, com saias até próximo do tornozelo, chorando pela morte do garoto em confronto entre torcedores.

O caixão de Lezo, apesar da cabeça machucada pelo tiro levado, estava aberto. Ele vestia um terno. Pedido da mãe, que não quis ver o filho ser enterrado com camisa do Palmeiras ou da organizada. Também não havia bandeira sobre o caixão quando ele deixou a sala onde o corpo foi velado para ir em direção ao túmulo.

Seu irmão mais velho, Lucas Alves Lezo, é vice-presidente da Mancha. Assumiu o posto no final de 2011, com 24 anos, jovem para a função. Ele é respeitado dentro da instituição por dois motivos: ser um líder em dias de jogos e pela atitude que tem com os mais novos para promover eventos sociais. A família não quis dar entrevista.

A polícia, por sua vez, avalia que não houve falhas, mas seu serviço de inteligência não detectou o agendamento do confronto na internet. O Ministério Público diz que a legislação é antiga e frouxa. Ambos pedem mudanças. Mas aparentemente ninguém sabe ao certo o que fazer para impedir mortes no futebol. "Não podemos prejudicar o policiamento ordinário da cidade em detrimento a um evento esportivo", afirmou o ma­­jor Marcel Soffner, porta-voz da Polícia Militar de São Paulo. "A coisa ali [a briga] não foi brincadeira, não. A coisa ali foi complicada."

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