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Virna ainda é movida pelo choro incontido do seu aniversário de 33 anos. No dia 31 de agosto de 2004, a então jogadora da seleção feminina de vôlei desembarcou em São Paulo e, ao invés de comemorar, desabou com as lembranças de cinco dias antes, quando pensou ver o sonho de conquistar uma medalha de ouro olímpica ter ficado definitivamente para trás.

Na memória, a lembrança que a atormenta até hoje e que foi um dos motivos principais para, em 2006, a atleta encarar o desafio de migrar das quadras para a areia: a inexplicável derrota para a Rússia, na semifinal da Olimpíada de Atenas, quando o Brasil teve sete match points e deixou escapar a vaga à final – depois, abatido, ainda perdeu o bronze.

Ainda hoje, Virna não consegue explicar o que aconteceu, mas compreende muito bem o que ocorreu na sua vida depois daquela tarde em Atenas. "Foi terrível. Mas acabou sendo um dos motivos para eu estar na praia agora. É a única maneira de prolongar a minha carreira e manter o sonho da medalha de ouro vivo", conta.

Única maneira, pois, com 34 anos, a atleta que mais pontuou na história da Superliga (ultrapassou os 2.500 pontos) literalmente não conseguia mais atuar nas quadras. Uma artrose – destruição progressiva dos tecidos que compõem as articulações – nos dois joelhos fez com que o seu maior prazer virasse um sacrifício nos últimos anos. Em vários jogos, a atleta teve de jogar à base de infiltrações.

"Não dava mais, não agüentava a dor. E na areia, por incrível que pareça, os joelhos não doem mais. Agora o que dói mesmo são os músculos", brinca.

No planejamento para chegar a Pequim, Virna começou bem, com a escolha de Sandra Pires, medalha de ouro em Atlanta, para ser sua dupla. Contudo, o mais difícil será a adaptação. Historicamente, apenas Jacqueline conseguiu repetir na areia as realizações da quadra – justamente jogando ao lado de Sandra, em 96.

"A dificuldade será a mesma que as outras atletas que migraram da quadra tiveram. Tem de ter paciência, pois é outro esporte, tudo diferente. Na quadra você explora suas melhores características. Na areia, tem de fazer tudo", analisa a atleta, que treina 2,5 horas por dia na areia do Leblon, no Rio de Janeiro.

Nas duas primeiras etapas que disputou, em Joinville e Curitiba, a dupla obteve um 5.º e um 13.º lugar. Resultados esperados pela precocidade, mas nem por isso encarados com naturalidade por Virna. "Esperados mais ou menos, né? Pois eu sempre quero ganhar", diz.

Virna ainda não traçou metas, mas sabe que tem pouco menos de 2 anos para chegar ao topo do ranking brasileiro se quiser chegar a Pequim, em 2008. "Claro que espero estar entre as três melhores no fim do ano, por exemplo. Só que ainda não sei. Tenho de jogar mais para ter alguma referência", conclui.

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