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Os ingleses ousaram e foram bem-sucedidos. Usaram a festa de abertura dos Jogos Olímpicos para exibir suas glórias, cultura e valores como era esperado, mas o fizeram de forma não convencional, que destoou das festas anteriores pelo caráter fortemente cinematográfico.

Era muita informação no centro do Estádio Olímpico, mas o diretor Danny Boyle deu conta do recado. Os donos da festa foram favorecidos pelo fato de que a história da Inglaterra nos últimos séculos é, em grande extensão, a história do mundo ocidental: a Revolução Industrial, as guerras mundiais, a revolução cultural dos anos 60. Boyle usou recursos dramatúrgicos para falar disso tudo. Dirigiu os voluntários que fizeram a figuração como se eles fossem atores e colocou atores em cada ato do espetáculo. Kenneth Branagh parecia contente no meio das chaminés que brotaram no estádio, Daniel Craig contracenou com a rainha e Rowald Atckinson (o Mr. Bean) sonhou que era um dos corredores de Carruagens de Fogo. No meio disso tudo, uma pequena homenagem ao Brasil, quando um grupo de crianças "brasileiras" vê James Bond chegando ao Palácio de Buckingham. Foi simpático.

Em alguns momentos, tinha-se a impressão de que havia gente demais no espetáculo, mas os ingleses não perderam o timing. Cansativo, como costuma ser, foi o desfile das delegações, que começou às 18h20 e durou 1h40. A equipe da Rede Record, que transmitiu a festa na tevê aberta, amenizou a extensão do desfile trazendo um pouco de informação sobre cada país participante. Não caíram na armadilha de falar demais nem cometeram deslizes.

Fora o desfile, a festa de Londres 2012 parecia mais um grande musical embalado por David Bowie, Beatles, Queen, Rolling Stones, Arctic Monkeys e bandas punk.Que país os ingleses quiseram mostrar? Uma nação multirracial, dona de uma indústria cultural muito forte e orgulhosa de sua competência. Ter coragem de homenagear em uma festa com esta repercussão o serviço público de saúde (o NHS, na sigla inglesa) e a um hospital pediátrico também público (o Great Ormond Street Hospital) não é algo que qualquer país possa fazer.

A música, ponto alto da festa de ontem, tinha o papel de reforçar a imagem da Londres inovadora. Ela foi uma protagonista até o final, quando Paul McCartney encerrou a festa. Foi a cereja no bolo, dividindo a cena com a fantástica pira olímpica. O Brasil vai ter que trabalhar muito para fazer algo à altura de Londres 2012.

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