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As folhas de meses no calendário de nove das 16 equipes que disputaram o Campeonato Paranaense não vai até dezembro – exceção aos três da capital e à Adap, Rio Branco e J.Malucelli, na Série C do Brasileiro, e ao Londrina, que encontrou uma forma alternativa para se manter ativo. Há oito meses do fim do ano, 2006 já é passado para essas equipes. Sem competição para disputar até o Paranaense do ano que vem, todas desfizeram o elenco profissional.

Pior. O empréstimo de jogadores, cujos destinos são disputas tão inspiradoras quanto o Campeonato Matogrossense ou a terceira divisão do Paulista, não traz nenhum retorno. Todos foram pura e simplesmente para livrar os clubes, endividados com o prejuízo de um Estadual sem atrativos, do suplício de se pagar salários que chegam a R$ 3 mil – valor irrisório para o futebol atual, mas a uma distância lunar da realidade do interior.

O Cianorte, que manteve apenas jogadores juniores e emprestou oito do elenco profissional, ilustra bem o momento. Sem perspectiva para a equipe profissional até o fim do ano e com uma dívida de R$ 150 mil adquirida no Estadual, o presidente Marco Antonio Franzato afirma que a possibilidade de o clube disputar o Paranaense de 2007 só com juniores é grande.

"Se não houver mudança no calendário e mudança na estrutura, desde apoio das prefeituras até empresários, passando também pela torcida, que não vai aos jogos, os clubes não agüentam", enfatiza.

Franzato afirma que não há como os clubes terem receita com público inferior a 10 mil pessoas – volume raríssimo no interior. "Menos do que isso no estádio é prejuízo certo. Só a federação leva quase 80% da nossa renda", compara.

O presidente do Nacional, de Rolândia, José Danilson Alves de Oliveira, vai na mesma argumentação – o clube emprestou 14 jogadores. Como exemplo, ele cita a partida contra o Galo Maringá, numa tarde de quarta-feira. Com renda de R$ 2.765, os gastos, incluindo taxa de arbitragem, impostos e seguro do público, foram de R$ 3.724,25 (prejuízo de R$ 959,25).

"Deixar de jogar o Paranaense reduziria nossos gastos. Disputar só campeonatos da base sai mais em conta, pois aí pagamos uma ajuda de custo de R$ 300 aos atletas que se mantêm ativos."

Exemplo paulista

Alguns dos entrevistados citaram o Campeonato Paulista como exemplo a ser seguido. A principal questão é o apoio da Federação Paulista aos clubes de menor porte, como a dispensa da cobrança da taxa de arbitragem às equipes da primeira e segunda divisão.

O presidente do Galo Maringá (12 dos 15 jogadores emprestados), Marcos Falleiro, aponta a alternativa de se criar um torneio aos moldes da Copa Federação Paulista, cujo vencedor ganha vaga para a Copa do Brasil. Um torneio semelhante, acredita Falleiro, poderia criar disputa de vagas para a série C do Brasileiro.

"Não adianta apenas criar calendário. Tem de se criar competições com objetivos, que valham algo", aponta.

Falleiro isenta a Federação Paranaense de culpa. Ele afirma que um mês antes do Estadual chegou a ser cogitada a criação de um torneio nesses moldes. Entretanto, os próprios clubes a rechaçaram em votação. Entre os contrários, o presidente do Cianorte. "De que adianta obter vaga para a Série C se o clube não tem dinheiro para viajar, não tem estrutura?", resigna-se Franzato.

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