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A defesa do goleiro Rafael nos minutos finais da partida contra o Atlético-MG, pela semifinal do Brasileiro de 85, classificou o Coritiba para a decisão daquela edição do torneio, contra o Bangu, e deu início a uma corrida ao Aeroporto Afonso e à Rodoferroviária de Curitiba. Torcedores coxas-brancas se mobilizavam para assistir à partida que colocaria o Coxa na galeria dos campeões brasileiros.

Para os torcedores que conseguiram se espremer entre os mais de 100 mil cariocas que lotaram o Maracanã para empurrar o time de Castor de Andrade, o dia 1.º de agosto de 1985 tornou-se uma data tão especial quando o nascimento de um ente querido, e todo os objetivos que remetam a decisão adquiriam status de relíquia arqueológica. "Foi mais emocionante que o dia do meu casamento. Acredite se quiser", resume Halina Bueno Freitas, de 60 anos, testemunha ocular do título alviverde.

Ex-presidente do Movimento Unido Coritibano, dona Halina possui um pequeno museu verde e branco na sua casa, no bairro Barreirinha, em Curitiba. Boa parte da coleção já foi levada para São Paulo pelo seu filho, jornalista. No entanto, ela mantém o hábito de exigir que as visitas vistam a camisa do Coxa ao entrar em seu lar, sob pena de não poderem passar da porta.

Além da presença na final de 85, dona Halina tem no currículo coxa-branca um infarto sofrido durante uma derrota para o rival Atlético e uma saída do estádio ao lado de policiais, sob acusação de querer bater em um juiz. "Ele merecia uns tapas", justifica.

Émerson Ferreira, de 42 anos, atendendente de uma empresa de ônibus, lembra com alegria das duas férias consecutivas que recebeu do seu chefe para acompanhar o Coritiba, mesmo com a escala de trabalho sem espaço para folgas. "Meu gerente me liberou porque sabia que eu era o mais aficcionado de todos", recorda. "Tive a sorte de estar no Maracanã em 85, mas o ingresso, com o tempo, está se esfarelando."

O bilhete para entrar no Maracanã também é guardado com carinho pelo vereador Luizão Stelfeld, de 41 anos, ex-presidente da torcida Império Alviverde. Após o empate por 0 a 0 no Mineirão, ele mobilizou os amigos do bairro Água Verde, reduto atleticano, para viajar para o Rio. Existia um pequeno obstáculo: não havia mais passagens para a capital fluminense.

"Não havia ônibus, nem mesmo avião. Meu primo Edilberto foi até Londrina e, de lá, voou para a Cidade Maravilhosa", conta Luizão, que só conseguiu transporte na véspera da final, por cortesia de um político.

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