• Carregando...
Ao contrário do antigo presidente da FIA, Jean Todt conta com a simpatia das escuderias, o que pode ser decisivo para evitar os conflitos como os enfrentados por Mosley nos últimos anos | Balint Porneczi / AFP
Ao contrário do antigo presidente da FIA, Jean Todt conta com a simpatia das escuderias, o que pode ser decisivo para evitar os conflitos como os enfrentados por Mosley nos últimos anos| Foto: Balint Porneczi / AFP

O homem que reergueu a Ferrari

Nascido em 25 de fevereiro de 1946 em Pierrefort, Sul da França, Jean Todt tem uma vida dedicada à velocidade. Iniciou no automobilismo como piloto de ralis e foi vice-campeão do mundo em 1981 como co-piloto de Guy Fréquelin. Diretor da Peugeot Sport entre 1982 e 1993, Todt foi um dos responsáveis pelos quatro títulos mundiais (dois de pilotos e dois de construtores) conquistados pela montadora. Em seguida foi contratado pela Ferrari com a missão de reerguer a equipe, que vivia longo período de jejum. Sob seu comando, a escuderia italiana conseguiu 98 vitórias em Grandes Prêmios e 13 títulos mundiais da Fórmula 1 (seis de pilotos –cinco com Michael Schumacher e um com Kimi Raikkonen - e sete de construtores).

Jean Todt assumiu a presidência da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) em outubro do ano passado com a difícil missão de conciliar interesses financeiros e esportivos. Herança do seu antecessor, o inglês Max Mosley. Nos últimos anos de sua gestão, Mosley promoveu uma grande cruzada a favor das equipes independentes e da redução de custos na categoria que é a menina dos olhos da FIA. Ganhou inimigos de peso: as montadoras e seus times de orçamentos milionários. A briga quase resultou na criação de uma categoria paralela.

Todt, que já comandou a Ferrari, foi eleito com o apoio de Mosley, derrotando o ex-piloto de rali Ari Vatanen. Ao contrário do antigo presidente, no entanto, é visto com bons olhos até pelas grandes equipes. E deve usar a simpatia que tem tanto do ex-presidente quanto das montadoras para evitar conflitos. Uma vitória, aliás, ele já conquistou: a briga FIA contra as equipes esfriou, ao menos temporariamente.

O francês representa também uma renovação na principal federação do automobilismo mundial. Após 18 anos no poder, Max Mosley deixou a FIA bastante desgastado em função das brigas que comprou e dos escândalos na sua vida pessoal.

A história do inglês como principal mandatário da organização começou em 1991, quando a FIA ainda se chamava Fisa (mudou de nome em 1993). Os primeiros anos do dirigente foram marcados por vários acidentes violentos na F1, especialmente em 1994. Após as mortes do austríaco Roland Ratzenberger e do brasileiro Ayrton Senna, Mosley iniciou uma forte campanha pela segurança na categoria. E atingiu seu objetivo: os carros atuais são muito mais seguros que os de 16 anos atrás.

Com o passar dos anos, várias regras impostas por Mosley e sua equipe provocaram polêmica. O dirigente é culpado por muitos especialistas e fãs por ter tornado a categoria desinteressante. Foi dele, por exemplo, a ideia de que pneus frisados melhorariam o espetáculo, algo que não se confirmou. Também introduziu, em 1994, o reabastecimento obrigatório, que reduziu drasticamente as ultrapassagens e transformou a categoria em um jogo de estraté-gia – bastante previsível, diga-se. As disputas na pista ficaram ainda mais difíceis, pois pouco a pouco os regulamentos da FIA aboliram a aderência mecânica dos carros, deixando-os totalmente dependentes de ar limpo (leia-se uma distância razoável dos outros bólidos) para serem estáveis.

Mais recentemente, Mosley atuou com entusiasmo no uso de tecnologias ecológicas nos esportes automobilísticos. Nem todas tiveram sucesso. Na Fórmula 1, um exemplo de fracasso é o Sistema de Reaproveitamento de Energia Cinética (KERS), imposto às equipes no ano passado. O resultado não poderia ter sido pior: o sistema revelou-se problemático e a maioria dos times abriu mão do seu uso, mesmo depois de terem gasto milhões de dólares no seu desenvolvimento.

Escândalos

Os últimos dias da gestão Mosley destacaram-se pelos escândalos na vida pessoal (foi flagrado com várias mulheres em uma festa com temas nazistas) e pela sua jornada a favor das equipes independentes e da redução de custos, contrariando o interesse de várias montadoras. "Elas não dependem da Fórmula 1 para sobreviver e vão embora na primeira dificuldade", disse repetidas vezes. Ao menos nesse ponto, Mosley parece ter acertado. Do ano passado para cá, BMW e Toyota deixaram a categoria e a Renault vendeu 75% da sua equipe para um grupo de investimentos de Luxemburgo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]