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“Todo dia aparece pelo menos um oficial de Justiça aqui. Você paga uma conta, surgem duas. Paga duas, surgem quatro. Paga quatro, aparecem oito. É coisa de maluco”, Hélio Cury, presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF) | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
“Todo dia aparece pelo menos um oficial de Justiça aqui. Você paga uma conta, surgem duas. Paga duas, surgem quatro. Paga quatro, aparecem oito. É coisa de maluco”, Hélio Cury, presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF)| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Entidade promete cumprir prazos

A Federação Paranaense de Futebol (FPF), enfim, explicou os motivos que fizeram com que o balanço financeiro anual fosse divulgado com quase dois meses de atraso – o demonstrativo saiu na edição de 24 de junho do jornal O Estado do Paraná, contrariando o artigo 46 da Lei 10.672/2003, que determina o último dia útil de abril como data limite. "Não queríamos fazer um relatório incompleto, por isso esperamos um pouco mais", afirma Reginaldo Cordeiro, um dos vices da entidade.

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O primeiro ano da administração Hélio Cury na Federação Paranaense de Futebol (FPF) fechou no azul, com um superávit de R$ 74,5 mil. Em 2007, em meio ao afastamento de Onaireves Moura da presidência, acusado de corrupção e desvio de verbas, a entidade acumulou um prejuízo de R$ 435 mil. "Fora o R$ 1 milhão de rombo no caixa. Não havia recibo nenhum, e o dinheiro ninguém viu", afirma Cury.

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Onaireves Moura arruinou a Federação Paranaense de Futebol (FPF). A longa passagem do ex-dirigente (1985-2007) deixou a entidade à beira da insolvência, é o que revela o balanço financeiro aprovado na semana passada – as contas foram divulgadas para os filiados com pouco mais de seis meses de atraso.

De acordo com o demonstrativo, se a FPF vendesse hoje todos os bens que possui (Pinheirão + o terreno ao redor do estádio), avaliados em pouco mais de R$ 24 milhões, restaria ainda um débito estimado em quase R$ 20 milhões. A dívida da Federação, consolidada em 31 de dezembro de 2008, é de R$ 42.363.251,32. "A situação é gravíssima. Se fosse um empresa privada, estaria literalmente quebrada, fechando as portas", explica Armando Rasoto, professor universitário com doutorado em finanças. "A gestão do Moura foi nefasta para o futebol paranaense", emenda Hélio Cury, atual mandatário da entidade.

As pendências tributárias respondem por 90% do passivo. Somente para a Receita Federal (PIS, IRRF e INSS) a FPF deve R$ 31,1 milhões. Somado à dívida de R$ 7,6 milhões com o município (IPTU), o montante bate na casa dos R$ 39 milhões. "A solução passa por se desfazer do Pinheirão e negociar com os credores", diz Cury, apostando também na influência política de Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). "Ele prometeu nos ajudar".

Enquanto Teixeira não estende a mão, a entidade local vai se virando do jeito que dá, buscando soluções alternativas. Com o nome sujo, não consegue abrir conta em bancos. Por isso a ordem é para que os clubes paguem as taxas (registro de jogadores, transferências, alvarás, etc.) em dinheiro ou em cheque que possa ser descontado na boca do caixa. Os valores são usados para quitar débitos imediatos, mantendo a Federação com as portas abertas – o custo mensal estimado, entre folha de pagamento e despesas, gira em torno de R$ 100 mil.

A parte mais substancial de sua renda a FPF nem chega a ver. A participação na bilheteria de jogos no estado (10% no Paranaense e 5% no Brasileiro) é confiscada integralmente pela Justiça. Apenas com penhoras judiciais a entidade teve de desembolsar quase R$ 2,5 milhões no ano passado. Entre os principal credores, aparecem o Atlético (R$ 993 mil) e o INSS (R$ 331 mil). Até 31 de março, a Federação era ré em 203 processos, sendo 76 de origem trabalhista, 65 cível e 62 tributária. Em outras seis ações, todas criminais, a FPF é assistente de acusação contra Moura e ex-dirigentes da casa.

"Todo dia aparece pelo menos um oficial de Justiça aqui. Você paga uma conta, surgem duas. Paga duas, surgem quatro. Paga quatro, aparecem oito. É coisa de maluco", revela Cury. "Logo no primeiro dia que assumi (21 de novembro de 2007) formou uma fila de gente querendo receber em frente do meu gabinete. Pensavam que eu era o salvador da pátria", acrescenta ele.

Para piorar ainda mais a situação, a atual diretoria se viu obrigada a anistiar, em maio, a dívida de 65 clubes – pouco mais de R$ 400 mil – porque o débito havia prescrito ou a entidade não possuía os comprovantes das pendências. "Se o Moura continuasse mais um pouco, não teríamos saída", resume o sucessor da principal cadeira da FPF.

A reportagem não conseguiu localizar Onaireves Moura para comentar o assunto.

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