Para evitar que a polêmica se estendesse durante a semana, a Comissão de Arbitragem da Federação Paranaense de Futebol anunciou no início da noite desta segunda-feira (9) o afastamento do auxiliar José Amilton Pontarolo. Era ele quem estava cobrindo o ataque do Paraná Clube no jogo contra o Londrina, neste domingo na Vila Capanema, e não viu a bola chutada por Agenor ultrapassar a linha da meta do goleiro Fernando.A partida terminou em 2 a 1 para o Tubarão e o gol de Agenor, àquela altura, representaria o segundo tento paranista. A diretoria tricolor, por intermédio do presidente Aurival Correia, prometeu um protesto formal contra a atuação do árbitro Selmo Pedro dos Anjos e de seus auxiliares, Willian Bigaski (que anulou dois gols paranistas por impedimento) e Pontarolo, mas não foi preciso.
A punição sem prazo determinado foi recebida com humildade e tranqüilidade pelo auxiliar. "É natural. A gente falhou e faz parte do futebol. Naquele momento eu não vi o gol e, da maneira que o lance aconteceu, eu provavelmente não veria em outra oportunidade. Alguns disseram que a bola entrou mais de um metro. Isso é mentira. Entrou sim, mas por muito pouco", disse, em entrevista à Gazeta do Povo Online.
O presidente da Comissão de Arbitragem, Afonso Vitor de Oliveira, afirmou que não irá punir os demais integrantes do trio, mas que chamou a atenção do auxiliar Willian Bigaski por um dos impedimentos. O outro lance ele considerou como acertado.
A reportagem da Gazeta do Povo Online tentou contato com presidente e vice do Paraná, Aurival Correia e Márcio Villela, durante o dia todo, mas seus telefones estavam desligados.
"Criticar após o replay é fácil"
Quatorze campeonatos paranaenses e 12 brasileiros, entre eles um jogo na rodada final e decisiva (em 2005, entre Corinthians e Goiás, em que o Timão foi o campeão). "Você nunca ouviu meu nome relacionado a erros e polêmicas. Tenho 42 anos e apito desde 1995 e entendo que por sermos mais experientes, somos mais exigidos. Estou no melhor momento da minha carreira e isso não irá me abalar".
Pontarolo admitiu a falha deste domingo e tentou justificar. "Muita gente acha que o nosso trabalho é fácil. Mas pense bem: na hora de um lance como esse, a gente tem que estar de olho em simplesmente tudo. Como foi uma jogada rápida, eu preciso olhar quem chutou a bola, estar na mesma linha que o atacante, olhar a posição dos defensores, ver aonde a bola bate e quem pega o rebote, tudo isso em frações de segundo", explicou.
"Foi um chute à queima roupa e a bola estourou no goleiro. Ele praticamente não teve tempo de defender. A bola bateu nele. A velocidade do lance acabou me enganando e sem a certeza do gol, eu jamais correria para o meio de campo", comenta. Pontarolo explica ainda que se estivesse um pouco mais próximo à linha de fundo, certamente veria o gol.
Mas, só não estava lá, porque estava justamente onde manda a regra. "Eu precisava estar na linha do penúltimo marcador. Como ele estava a uns dois metros da linha do gol, a minha visão não era a mais privilegiada. Se tivesse um jogador um pouco mais para frente, eu teria certeza do gol", lamentou. "Eu fico chateado e peço desculpas. Não queria prejudicar nenhum time".
Ajuda eletrônica
O auxiliar ficou chateado com algumas cobranças. "Criticar após ver várias vezes no replay é fácil. Eu tenho que decidir naquele segundo. Não é como no futebol americano, que fica paralisado até que a dúvida seja sanada".
Apesar de citar a ajuda eletrônica que outros esportes usam para o caso de dúvidas, Pontarolo se revelou um tradicionalista. "Na verdade eu sou contra isso. Se começarem a inventar muito, o futebol tende a perder a graça. Acho que isso tira um pouco a essência do esporte. Somos muito treinados para não errar, mas todos erramos. Como nossa profissão é pública, tudo ganha uma proporção maior".
WhatsApp
Deixe sua opinião