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À sombra

Estreia tricolor muda de horário

A onda de calor combinada às restrições a jogos diurnos no Rio Grande do Sul provocou o adiamento em duas horas da estreia do Paraná na Copa do Brasil. Atendendo a determinação da Justiça gaúcha, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) alterou o horário do jogo Cerâmica x Paraná, amanhã, em Porto Alegre, das 16 horas para as 18 horas. E ainda pode haver uma nova modificação, caso a temperatura no horário previsto para a bola rolar esteja acima de 35°C (a previsão de máxima para amanhã na capital gaúcha é de 34°C).

Vítima do calor

Gralha-Azul, mascote do Paraná.

"A roupa depois do jogo ficou ensopada. Eu torcia e pingava suor"

O clássico de domingo foi de sofrimento para a Gralha-Azul, mascote do Paraná. Além da derrota para o Atlético por 1 a 0, o torcedor que incorpora a Gralha teve de suportar o forte calor em Curitiba (33 °C quando a bola rolou) debaixo da excêntrica fantasia. Para amenizar, muita água. A cada parada técnica – e no intervalo – o mascote corria para o vestiário para se hidratar. Tudo sem perder a esportiva, apesar da temperatura alta. A Gazeta conversou ontem, por telefone, com o paranista responsável por animar a tor­­cida. Ele pediu para não ser identificado.

Você deve ter sofrido demais com o calor no domingo com a fantasia da gralha...

Cara, demais. Você não faz nem ideia, estava insuportável lá dentro. A roupa depois do jogo ficou ensopada. Eu torcia e pingava suor.

O que você fez para amenizar o sofrimento?

Tomei uns dez copos de água. Saí um pouquinho no primeiro tempo, durante o tempo técnico, para beber. Foi assim também no intervalo e no segundo tempo. Acho que o fato de ficar mas­­cando chicletes durante todo o tempo também ajudou. Deu menos sede.

Mas tomar água com aquela fantasia não deve ter sido fácil. Qual a estratégia?

Aproveitava a paralisação e corria para o vestiário. Tirava a cabeça correndo e bebia o máximo possível de água.

Você já passou mal por causa do calor em algum jogo?

Não, ainda não. Até agora deu para suportar bem.

Chicão (4,5), Marcelo Toscano (3,6), Guaru (3,3) e Murilo (2,7). A numeração ao lado dos jogadores paranistas não é referente à atuação no clássico de domingo contra o Atlético. Diz, sim, respeito ao porcentual de peso corporal que perderam após a derrota por 1 a 0, na ensolarada Vila Ca­­pa­­nema – o termômetro do instituto tecnológico Simepar, no bairro Jardim das Américas, apontava 33ºC no momento em que a bola rolou, às 16h53."Acima de 3% os atletas já têm problemas. Os movimentos, por exemplo, ficam mais retardados", explica Marcos Walczak, fisiologista do Tricolor. "Quando cansei, pedi para sair, para não atrapalhar meus companheiros, mas com o tempo técnico eu consegui ficar até o final", acrescentou o rubro-negro Chico, que aproveitou a paralisação de dois minutos, iniciativa da Federação Paranaense de Futebol (FPF) para amenizar os efeitos das altas temperaturas, para respirar fundo e se hidratar.A fadiga que marcou o segundo tempo do primeiro clássico do Paranaense-10 é apenas mais um exemplo do que o escaldante ve­­rão vem provocando nos gramados brasileiros. No Rio Grande do Sul, na semana passada, o comentarista Batista apagou durante a transmissão de Grêmio e São Luiz. O zagueiro gremista Rafael Marques, depois da partida, baixou hospital.

A situação obrigou a Jus­tiça gaúcha a intervir, proibindo a realização de jogos entre 10 h e 18 h, e entre 18 h e 19h30 quando o termômetro passar de 35ºC, acatando a um pedido do sindicato local de atletas profissionais.

Em Minas Gerais, o vo­­lante Moisés, do Amé­rica-MG, desmaiou em campo durante o empate por 0 a 0 com o América de Teófilo Otoni, pelo Campeonato Mi­­neiro, também no domingo. A partida foi disputada às 11 h, com os termômetros cravando 40ºC.

Ainda não houve registro de casos semelhantes no estado. No interior, o elenco do Nacional de Rolândia foi quem mais sofreu. Antes do confronto com o Toledo, na semana passada, seis jogadores, o massagista e um diretor do clube passaram mal no hotel em que a delegação costuma se concentrar, em Cambé, com sintomas de intoxicação alimentar. O za­­gueiro Diego precisou sair do jogo no intervalo – direto para o soro, no hospital da cidade. "Não dá para entender. Se todos nós comemos o mesmo cardápio, por que só alguns ficaram doentes?", indaga Fernando Leite, supervisor do NAC, citando outra cena comum na estação.

De acordo com especialistas não existe segredo para conter a força do sol. A solução é se hidratar. Quanto mais, melhor. "Ten­­tamos orientá-los de que não é preciso sentir sede para se hidratar. A sede é um reflexo tardio de que a 'máquina' está fervendo", afirma Cristiane Carvalho, nutricionista do Atlético, que coloca à disposição dos boleiros um arsenal de repositores líquidos – água, água de coco, chá, isotônicos e uma mesa de frutas no vestiário.

Há também modernos produtos anti-insolação nas "farmácias" dos clubes. "Aqui no Paraná usamos pastilhas de sódio (dadas no intervalo dos jogos), um carboidrato chamado maltodestrina, o PCA, que é uma cápsula de proteína...", cita Walczak. Mesmo assim, o atacante Marcelo Toscano quase desmaiou após o empate por 0 a 0 com o Corinthians-PR (no dia 4/2 – 31,7ºC em Curitiba). "Ele fi­­cou bem mal no vestiário, a pressão abaixou", explica o fi­­siologista.

"A Federação está de parabéns por ter criado a parada técnica", emenda Lúcio Ernlund, coordenador médico do Coritiba, que ainda não conseguiu convencer todos os boleiros a aderir ao protetor solar. "Muitos não gostam de usar por uma questão cultural. Dizem que ficam melecados".

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