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Enquanto luta contra a indiferença e o preconceito para obter a valorização em seu país, a seleção brasileira feminina de futebol – atual campeã continental e vice olímpica – começou, na última semana, em Goiânia, os trabalhos específicos para a disputa dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro.

Três das 22 convocadas pelo técnico Jorge Barcellos para representar o Brasil nos gramados cariocas são paranaenses: a goleira Andréa Suntaque, a lateral-direita Simone Jatobá e a volante Renata Costa.

Além da origem, a trinca também tem em comum um sonho: fazer o futebol feminino conquistar um espaço pelo menos próximo do desfrutado pelo masculino no Brasil, tendência já observada no Velho Continente.

"Ainda nos falta o que na Europa já acontece: competições o ano todo, a adoção do futebol feminino nos grandes clubes e divulgação – o que atrai apoio e patrocínios", lembra Simone, que desde 2005 joga no Lyon, da França.

Além dos dólares, a falta de estrutura e projeção do futebol feminino no Brasil são os principais motivadores do novo êxodo no mundo da bola – repetindo o fenômeno há décadas observado entre os homens.

Com a conquista da medalha de prata pelo time comandado pelo técnico René Simões (hoje no Coritiba), em 2004, na Olimpíada de Atenas, esperava-se uma atenção maior e o conseqüente desenvolvimento da modalidade no Brasil. Doce ilusão.

"Não melhorou em nada. Por isso muitas estão indo para fora", ressalta Andréa, que defende a meta do Alcaine, da Espanha. No grupo brasileiro, oito atletas atuam no exterior.

A volante Renata aponta ainda outros obstáculos: a falta de campeonatos regulares e de atenção da mídia. "A exceção é o estado de São Paulo, o único a ter um pequeno calendário de competições", lembra.

Mas as boas iniciativas, segundo a jogadora, passam quase despercebidas. "Fora dos grandes centros há alguns bons exemplos, como o Botucatu, que no ano passado ganhou todos os campeonatos que disputou e mesmo assim continua desconhecido", ressalta Renata, referindo-se ao clube paulista no qual joga.

Para Andréa, enquanto houver uma espécie de concorrência com os homens o problema não será resolvido. "Falta competições e incentivo. Se tiver de tirar um real do masculino para investir no feminino ninguém faz", reclama.

Segundo Simone, qualidade as meninas do Brasil têm, mas faltam condições para explorar tal potencial. "Nós, mesmo com todas essas dificuldades, sempre nos classificamos bem. Se tivéssemos o apoio que precisamos não perderíamos para ninguém", exalta.

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