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Lucía Barbuto, nova presidente do Banfield, da Argentina. | Reprodução: Mundo Banfield.
Lucía Barbuto, nova presidente do Banfield, da Argentina.| Foto: Reprodução: Mundo Banfield.

As mulheres ocupam 1,8% de cargos de comando dentro da estrutura administrativa dos clubes brasileiros da Série A. Para efeito de comparação, a Câmara dos Deputados elegeu no último final de semana 77 mulheres, número que representa 15% do quadro de 513 parlamentares federais.

Com base em levantamento feito através do organograma das agremiações, listas disponíveis nos sites oficiais das entidades que compõem a elite do futebol nacional, percebe-se a falta de relevância feminina no esporte mais popular do país.

Entre as 20 equipes há seis mulheres contra 319 homens no universo de ‘cartolas’ -- apelido dado para quem manda no futebol. Desta relação, aparecem três conselheiras diretivas do Botafogo, uma suplente no Conselho fiscal do Atlético-PR, uma diretora do Corinthians e a presidente da junta disciplinar do Paraná Clube.

A questão é cultural de acordo com a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), a doutora em educação Silvana Goellner, especialista no tema mulher no esporte e coordenadora do Centro de Memória do Esporte e umas das criadoras na CBF do Comitê de Desenvolvimento do Futebol Feminino.

“Assim como em grandes empresas, o universo do esporte era hegemonicamente masculino, fazendo com que mulheres tenham que se esforçar muito mais que um homem para subir na carreira e provar que entende de futebol e tem capacidade para administrar um time”, justifica Silvana Goellner.

A falta de participação das mulheres no universo do futebol brasileiro pode ainda ser confirmada por duas exceções à regra. Entre 2010 e 2012, a ex-nadadora Patrícia Amorim comandou o Flamengo, clube de maior poderio financeiro e torcida do Brasil. Antes disso, como uma espécie de preposto do marido Vicente Matheus, o Corinthians elegeu Marlene Matheus ao comando do Timão (1991-93).

Patrícia Amorim teve uma gestão amplamente criticada e revelou ter sofrido com uma forte depressão após sair da presidência flamenguista.

Centros importantes do futebol começam a superar a pecha machista da modalidade.

Todos ficaram surpresos quando o pequeno Leicester ganhou a Premier League, uma das competições mais difíceis do mundo, na temporada 2015/2016. O que poucos sabem é que esse crescimento foi graças a Susan Whelan, diretora executiva do Leicester. Ela foi a responsável por equilibrar as contas do time, permitindo que ele passasse da segunda divisão inglesa para campeão da liga principal em apenas dois anos.

Outro grande exemplo de gestora é Karren Brady, também no futebol inglês. Brady foi a primeira mulher CEO da um clube da Premiere League, quando atuou no Birminghan em 2002. Atualmente ela é vice-presidente do West-Ham e é conhecida como a “Primeira-dama do futebol”. Um de seus maiores feitos nesse time foi conseguir a transferência do time para o Estádio Olímpico de Londres. Em 2013, recebeu a medalha da Ordem do Império Britânico (condecoração concedida pela rainha da Inglaterra) pela sua importância para as mulheres no mundo dos negócios e empreendedorismo.

Há três semanas os argentinos elegeram a primeira mulher para presidência de um clube de primeira divisão. Lucía Barbuto assumiu o Banfield dia 14 de setembro e carregará a responsabilidade de representar as mulheres no primeiro escalão do futebol argentino.

No sábado ( 29/9), o chileno Colo-Colo radicalizou e instituiu uma cota para mulheres na diretoria.A medida foi aprovada durante uma Assembleia Geral de Sócios. A partir de agora, pelo menos duas mulheres ocuparão os nove cargos da Diretoria.

Goellner diz ser uma medida importante a curto prazo, visto que sempre houve uma hegemonia masculina no esporte. “Vai levar um certo tempo para que mulheres parem se ser vistas como inferiores em suas capacidades e consigam disputar de igual para igual cargos nas diretorias dos clubes. E quando isso acontecer cotas não serão mais necessárias”.

Eleição

A baixa representação feminina é uma tônica também no Poder Legislativo Brasileiro. Nessas últimas eleições que ocorreram neste domingo (07) houve um aumento no número de mulheres eleitas para a Câmara dos Deputados. São 77 mulheres para 436 homens. Porém o número continua abaixo da média mundial. Com 15% de representação feminina, ficaria em 135º colocado no ranking de setembro de 2018 da União Parlamentar Internacional.

*Colaboração Isabela Starepravo

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