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A presidente Dilma Rousseff e os representantes do Bom Senso FC no encontro desta segunda-feira em Brasília | Valter Campanato / Agência Brasil
A presidente Dilma Rousseff e os representantes do Bom Senso FC no encontro desta segunda-feira em Brasília| Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

Brasília - A 17 dias do início da Copa do Mundo, dez jogadores que estão fora da competição foram ao Palácio do Planalto mostrar uma realidade do futebol brasileiro distante do "padrão Fifa". Liderados por Alex, do Coritiba, representantes do Bom Senso FC costuraram o apoio da presidente Dilma Rousseff para três demandas – a aprovação de um dispositivo legal para coibir atraso de salários, maior participação dos atletas nas decisões de entidades esportivas e a criação de um plano nacional de desenvolvimento do futebol.

O relato sobre a relação trabalhista com os clubes, segundo eles, sensibilizou Dilma. "Ela está estarrecida com a falta de compromisso dos clubes em relação a salários. Não imaginava que, no Brasil, país do futebol, tantos clubes estivessem com salários atrasados", disse o lateral-direito Ruy Cabeção, ex-Fluminense e Botafogo, atualmente sem clube. Ao lado de Alex e do goleiro do Internacional, Dida, ele foi um dos porta-vozes do grupo. Ruy acaba de deixar o Mixto (MT) e contou que, dos últimos nove meses que trabalhou, só recebeu em três.

Alex declarou ter saído satisfeito do encontro. "Não é todo dia que, como atleta de futebol, tenho a oportunidade de ser recebido por uma chefe de Estado", afirmou o meia paranaense. Na prática, o encontro foi uma vitória em relação aos cartolas.

Desde o ano passado, o Bom Senso tenta emplacar as mesmas reivindicações com dirigentes de clubes e da CBF. Sem resposta, a estratégia deste ano é buscar contato direto com políticos para pleitear leis que protejam os jogadores. A pauta foi captada pelos assessores de Dilma como uma oportunidade de abraçar uma pauta positiva em meio às polêmicas sobre os gastos públicos com a Copa.

Na saída da reunião, nenhum jogador entrou em divididas sobre o desempenho do governo na organização do Mundial. Perguntados sobre a declaração do ex-atacante Ronaldo, que é membro do Comitê Organizador Local e disse estar "envergonhado" com o andamento das obras, ninguém polemizou. "O nosso papo girou em torno do futebol brasileiro, seleção e Copa não foi tocado em momento algum", afirmou Alex.

Do ponto de vista prático, os atletas queriam arrancar de Dilma um compromisso com o mecanismo do "fair play financeiro" dos clubes. O assunto está em discussão no Projeto de Lei que trata do Programa de Fortalecimento dos Esportes Olímpicos (Proforte), pronto para ser votado pelo plenário da Câmara dos Deputados. A proposta dá prazo de 25 anos para o pagamento de débitos tributários federais dos clubes e institui punições para agremiações que não apresentarem certidões negativas de débito um mês antes dos campeonatos.

Porta-voz do governo na entrevista coletiva após a reunião, o secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, Toninho Nascimento, disse que Dilma ainda não tem posicionamento fechado sobre o projeto. A ideia é que ela vete mudanças adicionadas de última hora pelos parlamentares que possam enfraquecer a punição aos clubes que não pagarem os atletas em dia.

Pauta trabalhista

Demandas apresentadas pelo Bom Senso FC à presidente Dilma Rousseff:

Salários – Fortalecimento de mecanismos para garantir o pagamento em dia dos jogadores. O tema está inserido no Projeto de Lei 6.753/13, apontado como uma Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte e que está pronto para ser votado pelo plenário da Câmara dos Deputados. A ideia é ter Dilma como aliada para vetar mudanças de última hora que enfraqueçam o dispositivo.

Participação – Criar mecanismos para garantir a participação de atletas nas decisões dos conselhos diretivos de clubes e entidades como a CBF. A proposta está incluída na medida provisória 620, aprovada e sancionada no ano passado, que cria normas de participação em agremiações que recebem dinheiro público. O cumprimento dessa determinação cabe ao Ministério do Esporte.Plano Nacional – Formulação de um Plano Nacional de Desenvolvimento do Futebol, que trate de políticas públicas para o esporte em todo país. O governo se comprometeu a criar um grupo de trabalho, com representantes dos jogadores e dos ministérios do Esporte e do Trabalho.

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