Aos 39 anos, com duas Copas do Mundo disputadas pelo Japão, Alex Santos será o titular da lateral esquerda do PSTC| Foto: Playvision Produções/Playvision Produções

O veterano Alex Santos, 38 anos, que estreia com a camisa do PSTC neste domingo (31), diante do Londrina, pelo Paranaense, pode não ser conhecido no Brasil, mas é ídolo no Japão. O lateral-esquerdo, paranaense de Maringá, se naturalizou japonês em 2001 e disputou as Copas de 2002, em casa, e 2006, na Alemanha, sob o comando de Zico. Também conquistou uma série de títulos pelos clubes em que atuou no país asiático: foram três J-League (99, 2006 e 2010) - sendo o melhor jogador do Japão na primeira conquista -, três Copas do Imperador (2000, 2002 e 2005) e uma Copa da Ásia (2000) jogando por Shimizu S-Pulse, Urawa Reds e Nagoya Grampus. Pela seleção japonesa, levantou a Copa da Ásia (2004) e duas Copas do Sul da Ásia (2003 e 2005). Em 2007, mais um caneco, desta vez o Campeonato Austríaco, pelo Red Bull Salzburg.

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Antes de decidir voltar ao Brasil, em 2015, Alex teve de convencer a esposa, Naomi, que é japonesa, e os quatro filhos, que também nasceram no Japão. O retorno foi para realizar o sonho do pai, Wilson, campeão paranaense pelo Grêmio Maringá em 1977. “Ano passado joguei o Estadual pelo Maringá e a Terceira Divisão do Paranaense pelo Grêmio Maringá. Era uma necessidade que tinha de jogar pela minha cidade”, explica.

Alex Santos na marcação de Robinho na Copa de 2006: paranaense jogou duas Copas do Mundo pelo Japão.  
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Nesta temporada, além de defender o PSTC, Alex Santos também faz um estágio de observação no clube do Norte do Paraná para começar a carreira de treinador, sob a supervisão do técnico da equipe, o ex-volante paranista Reginaldo Vital. Os dois são amigos e se conheceram no Japão, quando Vital defendia o Gamba Osaka.

Alex Santos diz estar preparado para o desafio da transição de jogador para técnico, mais um dos que enfrentou na carreira, já que saiu de Maringá com destino ao Japão com apenas 16 anos, em 1994. Foram três ano de dedicação até se profissionalizar, com uma rotina pesada de treinar e estudar. Agora ele faz o caminho inverso: tenta começar a carreira de treinador no Brasil.

“No Japão tudo tem regra. Quando cheguei fui para um colégio interno. Às 7h tinha que levantar, às 7h30 comer, assim por diante. Não podia sair do internato. Eu falava com minha mãe uma vez a cada 15 dias e com o tempo limitado de cinco minutos. Não foi fácil”, relembra.

O primeiro treinador do lateral futebol profissional foi o argentino Osvaldo Ardilles, campeão mundial como jogador da Argentina em 1978, no Shimizu S-Pulse. “Aprendi demais com o Ardilles. Ele foi fundamental na minha carreira”, ressalta.

Em 2001 Alex conseguiu se naturalizar japonês e a primeira convocação para a seleção não demorou. Em janeiro de 2002,seis meses antes do Mundial, o técnico frânces Philippe Troussier o convocou. “ Não deu para curtir o clima. Era muita pressão disputar uma Copa pelo Japão dentro de casa”, admite.

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Zico

Após a derrota para a Turquia, nas oitavas de final do Mundial de 2002, Zico assumiu o comando da seleção japonesa. E Alex, torcedor do Flamengo , virou o homem de confiança do Galinho na Copa de 2006. “Trabalhar com o Zico foi demais. Era meu ídolo e por ser brasileiro era eu quem passava as instruções em campo para os jogadores”, elogia. “Mas nossa equipe bobeou no jogo contra a Austrália e depois enfrentamos o Brasil. Daí não teve jeito”, recorda, sobre a derrota por 3 a1 para a equipe da Oceania - levaram virada em cinco minutos - e a goleada de 4 a 1 para a equipe de Ronaldo, Ronaldinho, Kaká e Adriano.

Outro personagem com quem Alex Santos conviveu foi o atacante Kazu, maior ídolo do futebol japonês, campeão paranaense pelo Coritiba em 1989, que seguiu um caminho parecido com o dele: saiu com apenas 15 anos do Japão para tentar a sorte no futebol brasileiro, jogando também pelo XV de Jaú, CRB, Palmeiras, Santos e Matsubara. Kazu segue na ativa, como o jogador mais velho em ação, aos 48 anos - ele renovou contrato com o Yokohama FC.

“Ver o Kazu com essa idade jogando é muito legal. A gente conversava de tudo um pouco. Mas o que ele sempre dizia é que na época dele era mais difícil jogar pela seleção porque os jogadores eram piores”, brinca.