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Vilson Ribeiro de Andrade durante encontro com jornalistas da Gazeta do Povo. A pauta da entrevista foi montada pelos leitores do jornal através da internet | Daniel Caron/ Gazeta do Povo
Vilson Ribeiro de Andrade durante encontro com jornalistas da Gazeta do Povo. A pauta da entrevista foi montada pelos leitores do jornal através da internet| Foto: Daniel Caron/ Gazeta do Povo

Ao todo, 286 leitores enviaram perguntas ao presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de An­­drade, através de um canal aberto na versão on-line do jornal nesta semana. As questões foram enviadas por e-mail à editoria de esportes da Gazeta do Povo. A equipe de jornalistas selecionou algumas (com o critério de abranger a maioria das dúvidas) e serviu de interlocutor entre o público e o mandatário do clube. Os principais temas foram gestão (31,6%), patrimônio (14,3%), categorias de base (9,4%), torcida organizada e plano de sócios (12%), mercado de contratações (13,5%) e, claro, o time (13,9%). Todas as mensagens serão encaminhadas ao dirigente, a pedido dele.

>>> Assista à entrevista em vídeo

Qual o prazo para a torcida comemorar um título nacional e participação na Libertadores? (Ander­­son Carlos dos Santos)

A mãe Dinah morreu faz tempo (na verdade, ela não morreu). Um grande amigo meu dizia que quem promete muito dá bom dia para cavalo. Então temos de tomar cuidado com prazo. Nos próximos três anos queremos estruturar nossa gestão, sanar todas as dívidas e tornar o Coritiba uma equipe competitiva, para disputar os campeonatos. Se será campeão ou não, é uma realidade que pode acontecer ou não. Agora, tem um aspecto im­­portante. Nós tínhamos em julho 31 mil sócios e em novembro caímos para 21 mil. Não há como competir sem um orçamento mí­­ni­­mo de R$ 100 milhões [no ano passado foi R$ 70 mi]. Então precisamos brigar muito para aumentar receita, investir na base, revelar bons jogadores, e qualificar nosso plantel. Enquanto não tivermos receitas compatíveis, sempre será uma luta.

O Coritiba está enfraquecido após o desmanche que aconteceu para esta temporada? (Leandro Prudêncio Almas)

Diria que não estamos piores em relação ao ano passado, pelo contrário, nosso time é muito competitivo. Só o tempo dirá se estamos piores ou melhores, é muito cedo para fazermos uma avaliação. Até porque muitos jogadores estão machucados. Estão voltando o Jonas, o Anderson Aquino – que nos ajudou muito ano passado –, o Éverton Costa, o Roberto, que semana que vem está pronto para entrar. Tivemos a saída do Léo [Gago], do Donizete, Marcos Auré­­lio. Mas temos a certeza que montamos uma equipe competitiva.

O Coritiba não deveria usar o Paranaense para testar os jogadores da base? (Juarez de Medeiros Nascimento)

Na realidade, estamos com uma equipe de jovens que hoje fazem parte da equipe profissional. Temos o Luccas Claro, temos um menino Caio Vinícius, o Gil, o Éverton Ribeiro, que tem contrato de quatro anos, o Lucas Me­­ndes, o Jackson... Então estamos aproveitando. Agora, a base tem alguns meninos que levam pelo menos seis meses para se adaptar à vida de profissional. O Luccas Claro já é uma realidade, o Lucas [Mendes] é titular absoluto. Não é nem zagueiro mais. O Caio é um menino que vai ser firmando. Evi­­dentemente o Paranaense e até a Copa do Brasil é a fase em que você vai colocando esses me­­ninos.

Será que não falta um atacante como o K9? (Wellington Guima­­rães)

É uma situação diferente. O Keirrison é um menino de 23 anos, formado aqui no Coritiba, e é torcedor do clube. Só que ele tem contrato de quatro anos com o Bar­­celona. Para ele jogar aqui, ele precisaria resolver esse problema. Evidentemente que as portas estão abertas porque ele é ídolo e sempre fui muito fã desse menino.

Há possibilidade de o Coritiba ceder o Couto Pereira ao Atlético, seja de maneira espontânea ou pressão? (Marcelo José Stra­­chulski)

A questão não é pressão, nem espontaneidade. O que existe é uma legislação da CBF, que pode indicar o estádio para jogos de qualquer time desde que haja a necessidade. O que o Coritiba pode é impor as condições. Até esse momento o clube não foi requisitado. Mas mantemos nossa posição, uma posição do Conselho Deliberativo. Havendo uma imposição da lei os caminhos têm de ser obedecidos e o Coritiba vai buscar seus direitos. Agora o Coritiba também não pode rasgar uma determinação superior no qual está exposto a penalidades.

Com a Copa do Mundo de 2014, o Coritiba não deveria tratar a questão do estádio como prioridade? (Gerson Egg)

O Coritiba trata isso como prioridade porque entendemos que até 2014 o que está havendo é uma bolha financeira. Os clubes estão investindo muito em estádio e em jogadores. Tem times investindo R$ 30 milhões em uma temporada contando com resultados de investimentos da Copa – isso não vai acontecer. Tenho um estudo que o Brasil, após 2014, terá três ou quatro arenas rentáveis. Temos duas situações: possibilidade de melhorar nosso estádio ou uma parceria para um novo estádio. Mas estamos avaliando as questões financeiras porque não queremos comprometer o patrimônio para as próximas administrações.

A torcida organizada pode voltar a ir uniformizada aos jogos? (Vinícius Pinheiro de Campos)

A torcida organizada é importante, mas tem de entender o papel dela. O Coritiba está acima, é maior que todos. Temos conversado com alguns elementos da torcida mostrando esse lado. Diria que temos um diálogo muito aberto e tenho certeza que podemos ter uma convivência melhor e pacífica. Mas a camisa sempre será a do Coritiba.

Paraná e Avaí tiveram péssima experiência com a LA Sports. O senhor não tem receio de isso acontecer no Coritiba? (Tiago Pablo Mori)

Desculpe, mas essa pergunta não me afeta porque o Coritiba tem uma posição diferente com os empresários, de dentro para fora, não de fora para dentro. O Coritiba indica e diz as condições e cabe a LA trazer o jogador ou não, assim como outras empresas. O Coritiba não é gerido pela LA. Essa é a diferença com os outros clubes.

O superintendente de futebol Felipe Ximenes não tem autonomia demais no clube? (Renato Araújo da Silva)

O Felipe responde para mim diretamente. Nada acontece no Coriti­­ba sem passar por mim. Ele é uma pessoa correta, um profissional que conhece o mercado e que recusou proposta do Cruzeiro, Grêmio, Fluminense, Vasco, e todo dia tem proposta para sair. Ele não sai porque é meu amigo e porque acredita no projeto. E aqui no Coritiba tem uma voz de comando e uma liderança, representada pela diretoria e seu presidente.

O Coritiba pensa em fazer o mesmo que o Corinthians fez com o Ronaldo trazendo o Alex da Turquia? (Bruno Miquelussi)

Na realidade são momentos e circunstâncias diferentes. A mídia de São Paulo tem muito mais penetração do que no Paraná. Se­­gundo que o Alex renovou com o Fener­­bahçe com um contrato milionário. O Coritiba evidentemente teria interesse no Alex. Ele é um menino apaixonado pelo Coritiba, começou aqui, é um talento. Agora tem de saber o que ele pretende. Hoje ele está voltado ao Fenerbahçe. Gostaria que viesse, mas acho difícil nesse momento.

Com os contratos de tevê e patrocínios atuais será possível quitar as dívidas do clube? (Nelson Dziekanski)

Os novos contratos vão nos dar uma condição melhor para resolver os problemas financeiros de muitos anos. Óbvio que isso não é resolvido em um, dois anos. Temos um planejamento de cinco anos, e queremos, até o início de 2014, ter o clube completamente sanado – fora as [dívidas] fiscais, que temos uma programação de 30 anos, já negociadas com o governo.

Caso o Coritiba não tivesse caído para a Segunda Divisão, em 2009, o senhor acredita que hoje seria presidente? (Adonis Sarraff)

Não, não seria. Nunca tive intenção de ser presidente e só vim ao Coritiba quando o time caiu e houve a interdição do estádio. Fiz um projeto empresarial para o clube e levei para amigos coxas-brancas. Foram mais de 27 pessoas em uma reunião na minha casa e, depois de alguns dias, acabei com poucos amigos, ficando sozinho e assumimos o barco.

O que te dá força para enfrentar a doença? (Florentina Fabiano Silva)

[Pausa] Essa é uma pergunta difícil de responder. Recebi uma mensagem do meu filho a respeito da minha luta e por tudo que tenho passado... Tenho muita fé em Deus e muito amor em tudo que faço. Se posso dar um exemplo de vida para aqueles que estão com essa doença que estou [câncer]... Lutem, lutem. E amem profundamente a vida [emocionado].

Qual seu grande sonho como torcedor coxa-branca? (Fernando Shumak)

Meu grande sonho é colocar o Coritiba entre os seis maiores do Brasil e a cada ano ganhar um título nacional. Todo dia penso nisso. Estou com 63 anos e confesso que não realizei meu grande sonho. Nunca imaginei ser presidente do Coritiba, mas este sonho maior, de ser campeão brasileiro um dia, vem de antes de ser presidente.

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