Coritiba e Atlético se encontram pela 350ª vez na história: clássico mais uma vez irá decidir os rumos do Campeonato Paranaense| Foto: Fotos: Walter Alves/ Gazeta do Povo
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A cartolagem bem que tentou estragar os Atletibas. E conseguiu, em parte, com a marcação do primeiro para uma Quarta-feira de Cinzas e a imposição de torcida única, adotada na Vila Capanema e mantida para hoje. Desta vez, no entanto, a mitologia do clássico parece ter prevalecido e o encontro de número 350 (133 triunfos verdes e 109 vermelhos), às 16 horas, no Couto Pereira, decide dentro de campo os rumos do Paranaense.

Com o estádio ocupado somente por alviverdes, com um empate o Coritiba se mantém vivo na competição. Um triunfo, por sua vez, garante hoje mesmo a passagem para a finalíssima, justamente contra o rival. Revés, nem pensar. "É lógico que a gente se sente na obrigação de ter um resultado positivo, para o Atlético não sair com o título encaminhado. Temos de fazer uma final", comenta o meia Tcheco, que se despede dos gramados após a participação do Coxa no Estadual e na Copa do Brasil.

O Atlético vive situação mais cômoda. Se vencer, ótimo – quase assegura o caneco, que ficará na dependência apenas do compromisso diante do Paranavaí, na última rodada, em casa. Empate ou derrota e a decisão estará adiada. O trunfo, entretanto, é relativizado pelos rubro-negros. "Não [estamos tranquilos por causa do título do primeiro turno]. Nós temos uma final agora e dá para antecipar a conquista. Esse é nosso objetivo. Só depende de nós", afirma o meia Marcinho.

Além do caráter decisivo, o Atletiba conta com outros ingredientes para alimentar a rivalidade de 88 anos. A começar por dois desafios a serem vencidos.

O Coxa precisa afastar a sina recente de vacilar nos momentos críticos. No ano passado, viu o Vasco ser campeão da Copa do Brasil em pleno Alto da Glória. Depois, deixou de se classificar para a Li­­ber­­tadores ao ser batido pelo Atlético, praticamente rebaixado, na Arena.

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Já o Furacão tem diante de si um tabu incômodo. A úl­­tima vez que saiu feliz do Couto Pereira foi em janeiro de 2008 (2 a 0). Desde então, foram sete partidas, com quatro derrotas e três empates no estádio.

Os atrativos estão também nos bancos de reservas. O clássico apresenta um choque de estilos entre os treinadores. Do lado coxa, o conservador Marcelo Oliveira. Dirigindo os atleticanos, o ousado Juan Carrasco. "Temos de estar preparados, prevenidos, espertos. Sabendo que se ganharmos nós estaremos próximos do título. Eles têm a favor dois resultados, mas de qualquer maneira, sempre jogamos para ganhar", diz o uruguaio. O mineiro aposta em um grande jogo. "A mobilização é total, vamos com tudo, com a certeza de que podemos ser campeões", emenda Oliveira.

PsicologiaCoxa trabalha para não supervalorizar o fator torcida única

Não é normal disputar um clássico com torcida única. A tal ponto que ainda é complicado avaliar se é algo positivo ou negativo contar com todo o estádio a favor. Em tese, parece óbvio que sim. Mas é o desenrolar da partida e a reação de cada jogador que vão mesmo dirimir a dúvida.

Diante disso, o melhor é agarrar-se ao que é certo. Ou, nas palavras de Evandro Mota, consultor na área de mobilização de grupo do Coritiba, o importante é capitalizar. "Nós temos de aproveitar tudo. A equipe está confiante, equilibrada, guerreira, e com a torcida coxa-branca para ajudar, melhor ainda. Com isso, não vejo como a torcida única se transformar em uma pressão maior. Mas, claro, sem supervalorizar esse fator", diz.

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No primeiro clássico realizado com uma torcida apenas – a do Atlético, na Vila Capanema, em fevereiro – a diferença de clima foi notável. Sem o contraponto da presença alviverde, a torcida do Atlético, em alguns momentos, não precisou manter o incentivo.

No campo, a influência da restrição também ficou evidente. O clássico foi disputado com menos jogadas ríspidas. Por orientação do clube, apenas o técnico Juan Ramón Carrasco e o atacante Marcinho deram entrevistas durante esta semana.