Hidalgo com a camisa do Atlético e Nilson Borges com a do Coritiba: cena inusitada para os ídolos da dupla Atletiba| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

O nome do ex-volante Hidalgo, 70 anos, é indissociável ao do Coritiba. Assim como o do ex-ponta-esquerda Nilson Borges, 73 anos, é ao do Atlético. O que pouca gente sabe é que Hidalgo e Nilson, dois dos mais famosos personagens da história do Atletiba - que terá neste sábado (4), no Couto Pereira, sua 361ª edição, a 32ª pelo Campeonato Brasileiro -, já vestiram a camisa do rival.

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Antes de o Brasileirão ser criado, em 1971, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa era o principal campeonato nacional. Disputado entre 1967 e 1970, o Robertão, como era chamado, contava com apenas um clube paranaense por edição, no caso, o campeão estadual. Para não deixar seus melhores jogadores parados o resto do ano por falta de calendário, era comum os times de Curitiba cederem atletas ao representante paranaense na disputa. O acordo era: o time de origem pagava o salário do jogador e o clube para o qual ele era emprestado cedia parte da renda dos jogos em que o atleta estivesse em campo.

Dessa forma, Nilson Borges jogou o segundo semestre de 1969 pelo Coxa. E Hidalgo o mesmo período de 1970 pelo Furacão.

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Um ano depois de chegar à Baixada, vindo do Corinthians, Nilson foi cedido ao Coxa. "Tive a chance de jogar com o Krüger, que era um baita jogador", orgulha-se o ídolo rubro-negro. Marcou apenas um gol com a camisa alviverde, de falta, no empate em 1 a 1 com o Cruzeiro, no Couto.

Da passagem pelo Alto da Glória, Nilson lembra do bom relacionamento com todos, da diretoria aos torcedores. "A torcida do Coxa ia bater papo comigo na concentração. Foi muito bacana", recorda "Mas eu sou atleticano doente", completa, rindo, logo na sequência. "Meus amigos atleticanos pedem para eu rasgar as fotos que tenho jogando no Coxa, mas não posso fazer isso. Afinal, é a minha história", afirma Nilson.

No total, Nilson soma 46 anos de Atlético, sete como jogador e o restante nas mais variadas funções: treinador de equipes de base, do time principal, auxiliar-técnico, entre outras.

Já Hidalgo, que participou do esquadrão alviverde na década de 70, levantando cinco títulos do hexa estadual, foi emprestado ao Atlético com ainda menos tempo de Coritiba - havia jogado apenas o Paranaense de 1970, vindo do Santos. Do curto período em que esteve na Baixada, o ídolo coxa lembra da qualidade da equipe atleticana. "Era um time muito forte, campeão paranaense. Só tinha feras: Alfredo Gottardi, Sicupira, Nilson Borges e o campeão mundial Djalma Santos", recorda.

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E assim como Nilson no Coxa, o ídolo alviverde também não tem do que reclamar do curto período em que jogou no Rubro-Negro. "A torcida, a diretoria, todos me trataram superbem. Tanto que tive uma lesão no joelho na época e recebi no Atlético a mesma atenção que receberia no Coritiba", enfatiza.

Entretanto, aponta Hidalgo, se a solicitação de empréstimo fosse no ano seguinte, a negociação não aconteceria. "Aí não daria mais, porque em 71 virei capitão do Coritiba e dali por diante minha relação com o Coxa ficou muito forte", explica.

Atletiba

Mesmo elogiando o tratamento que receberam quando atuaram pelas equipes adversárias, Nilson Borges e Hidalgo deram a mesma resposta quando perguntados se enfrentariam seus clubes de origem jogando pelo rival: jamais.

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"Nunca poderia trair meus amigos atleticanos e a torcida dessa forma. Se o Coritiba tivesse que enfrentar o Atlético naquela época, eu não jogaria", ressalta Nilson.

"Eu avisaria o técnico do Atlético que não jogaria. Não teria a menor condição", afirma Hidalgo, que em 1975, quando parou de jogar, foi procurado pelo Atlético para voltar aos gramados, mas recusou o convite. "Eu não virei treinador por causa disso. Jamais aceitaria enfrentar o Coritiba", completa Hidalgo, que ano passado voltou a trabalhar para o Atlético, comandando o programa da Rádio CAP, um dos veículos oficiais do clube.