Comunicação
Lei do silêncio aproxima Coritiba do rival Atlético
O Coritiba está cada vez mais parecido com o rival Atlético na relação com a imprensa. Por motivo diferente, o Alviverde tem seguido a mesma política do Rubro-Negro de fechar os treinamentos e não permitir entrevistas com os jogadores. A estratégia começou após o anúncio dos salários atrasados, feito pelo atacante Zé Love, há duas semanas.
Enquanto o Atlético alega que apenas os detentores dos direitos de transmissão têm direito a este contato com os atletas, no Coritiba a "lei do silêncio" foi uma iniciativa dos próprios jogadores após a repercussão das pendências financeiras do clube. Antes do desabafo de Zé Love, o Coritiba programava duas entrevistas semanais, em média. Hoje, em medida acatada pela direção coxa-branca, o grupo só fala quando interpelado por repórteres (fora do CT da Graciosa ou ligação telefônica), sem a organização do departamento de comunicação do Alviverde.
Para a diretoria, a situação é vista como uma concessão dada aos atletas. O presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade, diz que "é um direito dos jogadores não falar" e que as questões financeiras são "assuntos internos".
Na busca pela saída da zona de rebaixamento, o Coritiba enfrentará hoje, às 19h30, um líder do campeonato com DNA bem conhecido do torcedor coxa-branca. Simplesmente o melhor jogador do Brasileiro do ano passado, o técnico campeão em 2013 e um dos "reservas de luxo" do Cruzeiro têm história no Alto da Glória e reencontrarão sua ex-equipe nesta noite.
Confira as escalações de Coritiba e Cruzeiro
Éverton Ribeiro é um deles. Uma das melhores contratações recentes do Coritiba, que chegou do São Caetano ao custo de R$ 1,1 milhão e foi vendido por R$ 4 milhões, o meia hoje comemora o destaque pelo Cruzeiro com direito a convocação para a seleção do técnico Dunga e proposta de até R$ 50 milhões do futebol europeu.
"O Coritiba gastou pouco comigo e conseguiu ainda recuperar um dinheiro. A gente sabe que o futebol também é negócio. Eu e o clube achamos que era o melhor e deu certo para todo mundo", justificou Ribeiro, ontem.
"Tenho um carinho muito especial pelo Coritiba, nós chegamos a duas finais consecutivas da Copa do Brasil, aqui eu consegui fazer o gol do título do Paranaense, fui muito feliz também", acrescentou o meia, sem esquecer de ressaltar a importância de o seu time se preocupar com o meia Alex, que retorna hoje à equipe do Alto da Glória após cumprir suspensão.
Esse carinho citado por Ribeiro também é compartilhado pelo técnico cruzeirense Marcelo Oliveira. O último a ficar muito tempo no cargo no Coxa, totalizando 131 jogos entre 2011 e 2012 e tornando-se o terceiro treinador que mais comandou o clube na história, Oliveira admite que um pedaço do seu coração é coxa-branca.
"Sem dúvida. Tenho um carinho pela instituição, um respeito e admiração muito grande pela torcida, que sempre esteve nos apoiando. Por isso que torço para que o Coritiba retome os seus caminhos de grandes vitórias. Só espero que não seja contra o Cruzeiro", disse o técnico, muito cobrado em Minas Gerais para que o time se recupere após a derrota no clássico com o Galo, no domingo, e para que mantenha a distância de sete pontos para o vice-líder São Paulo.
Por fim, no banco de reservas do Cruzeiro estará o volante Willian Farias, uma das poucas revelações do Coxa a ganhar espaço no time profissional nesta década. Para ele estar do outro lado será ainda mais emocionante.
"Confesso que um jogo como esse envolve um sentimento diferente. Vivi muitos anos atuando pelo Coritiba, e chegou o momento de eu enfrentar o Coxa pela primeira vez em Curitiba. Tenho um carinho muito grande por este time e isso vai ficar guardado para sempre", resumiu o volante forjado no CT da Graciosa.
Deixe sua opinião