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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Um dos maiores ídolos da história do Coritiba , clube com o qual tem ligações afetivas muito fortes, Pachequinho já contribuiu de diversas formas com o clube. Em campo, como atacante, ficou marcado pelos gols e passagens vitoriosas, além das lesões; mais tarde, já como técnico, ajudou a manter o time na Primeira Divisão no ano passado e voltou agora para recolocar a equipe nos trilhos.

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Fora das quatro linhas, também reforçou sua admiração com os fãs, em histórias incríveis – quase todas fruto da crise financeira no Alto da Glória dos anos 90. Em uma delas, a mais impressionante, chegou a ter seu ‘passe’ penhorado para salvar o Couto Pereira.

O ‘passe’ era como se chamava o vínculo trabalhista do boleiro com o clube – uma relação basicamente patrimonial, completamente diferente de hoje.

Em 1992, o Coritiba tinha uma dívida com a prefeitura por impostos atrasados (IPTU), estimada em R$ 300 mil. Para não ver o estádio ser penhorado, a diretoria ofereceu Pachequinho como garantia de pagamento, em acordo feito com o departamento jurídico da cidade, então sob o governo de Rafael Greca. O jogador foi dado como uma espécie de caução, e o clube se comprometeu a pagar os atrasados em oito parcelas.

O episódio não caiu bem com os torcedores. Naquele momento, para os fãs alviverdes, era preferível preservar a imagem do craque à do estádio. Sob pressão das arquibancadas de um lado e das dívidas de outro, a cúpula do clube não teve escolha, como revela o vice-presidente de futebol da gestão de Evangelino da Costa Neves, Almir Zanchi. “Foi um acordo que estourou na última hora, não tinha como fugir dele e não tinha outro caminho a tomar”, contou.

Mas Zanchi faz questão de ressaltar que o clube nunca correu o risco de perder Pacheco. “Era um projeto do Greca [Rafael, prefeito], isentar os clubes do IPTU, mas a lei acabou não saindo. O clube tinha dificuldades financeiras em todos os sentidos, a gente não tinha de onde tirar o dinheiro então a própria prefeitura aceitou como caução o passe de um jogador. Mas foi um acordo feito de forma que o Coritiba não perderia o Pachequinho”.

O entrevero marcou o ex-atacante, que não gostou de ter sua imagem ligada aos problemas financeiros do clube. “Fiquei muito triste, porque eu queria ser reconhecido nacionalmente com o Coritiba decidindo o Campeonato Brasileiro, disputando finais, lá no alto. E foi o contrário. Pelo carinho que eu tinha, não queria ver manchetes pelo lado negativo”, ressaltou o hoje comandante alviverde.

Fiquei muito triste, porque eu queria ser reconhecido nacionalmente com o Coritiba decidindo o Campeonato Brasileiro, disputando finais, lá no alto. E foi o contrário. Pelo carinho que eu tinha, não queria ver manchetes pelo lado negativo

À época, o Coxa tinha uma proposta de compra, no valor de US$ 1 milhão, do Botafogo. A negociação nunca saiu do papel, segundo o avante, por questões políticas e pela diferença na Legislação da época. “Era muito difícil naquela época um clube se desfazer de seus principais jogadores. A lei protegia muito mais. O Coritiba valorizava o meu passe, sempre que recebeu proposta nunca me negociou, até por questão política, em não se desfazer de seus principais jogadores”, recorda.

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Naquela mesma temporada, o atacante habilidoso sofreu sua primeira lesão grave, no joelho direito, que o fez ficar nove meses de molho e passar por duas cirurgias.

“Eu sofri muito com as lesões. É um sofrimento porque você vê os companheiros jogando e está na fisioterapia, desgasta muito seu emocional. Eu vi um carinho muito grande, principalmente nos jogos de volta das duas recuperações”, frisou Pachequinho, ressaltando o apoio recebido dos torcedores no período de recuperação e, principalmente, após seu retorno.

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Outra vez no estaleiro

Pachequinho teve outra grave lesão, em 95, desta vez no joelho esquerdo, que tirou o craque de campo por mais sete meses e fez o clube recorrer até ao INSS para conseguir um benefício para o jogador. Porém, o ano marca também o episódio mais especial do jogador no clube. Após ficar a uma vitória do acesso em 1994, a volta do avante na reta final da Série B daquele ano foi fundamental para a conquista do acesso.

E Pachequinho faz questão de relembrar o clássico Atletiba que marcou o retorno alviverde à elite. “Foi muito especial porque havia um desejo muito grande pelo retorno. E conseguimos voltar justamente diante do maior rival, em um jogo que fiz um dos gols. Teve um gosto muito especial aquela temporada por todo o sofrimento que o Coritiba deixou para trás”, revelou. O avante fez o terceiro gol da vitória por 3 a 0 sobre o Atlético no Couto.

Oriundo da categoria de base alviverde, Pacheco estreou como profissional sob o comando de outro ícone do clube, Dirceu Krüger, em 1990. Jogou no Coxa até 1996, e se transformou no artilheiro alviverde dos anos 1990, com 63 gols, e no maior marcador da história do Couto Pereira, onde balançou as redes adversárias em 48 oportunidades.

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O treinador só lamenta não ter encerrado a carreira no Alto da Glória, mas celebra a nova chance que tem no clube. “Por tudo que eu tinha vivido no clube, a saída foi muito difícil. Eu tinha uma história muito grande no clube e tinha um sonho de encerrar a carreira aqui. Quando o clube me abriu as portas novamente, eu não pensei duas vezes”, concluiu.

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