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Clubes endividados, atraso no pagamento de salário, falta de planejamento de longo prazo, inoperância das federações , problemas de segurança nos estádios. A lista que se encaixa perfeitamente ao futebol brasileiro se estende a outros países da América do Sul. A crise é generalizada.

INFOGRÁFICO: Veja a situação de cada país da América do Sul

No Brasil, a relação entre dirigentes e atletas está no caminho para uma ruptura. Movimento organizado – o Bom Senso FC –, cartas, declarações públicas e até faixa em jogo pedindo pelo acerto das contas. Por enquanto segue como uma ameaça.

Há exemplos no continente de quem foi além. O mais recente vem do Equador. Recentemente os jogadores profissionais entraram em greve, adiando a penúltima rodada do campeonato local. Um acordo entre clubes, Associação dos Futebolistas Equatorianos (AFE) e Federação Equatoriana de Futebol (FEF), abreviou a paralisação, que durou apenas três dias.

"A greve foi uma medida provisória. Muitos deles [dirigentes] se respaldam em resultados, mas não em um plano profundo que possa dar um fim aos problemas econômicos", analisa o jornalista do jornal equatoriano El Comercio, Tito Rosales.

A impontualidade com atletas também virou greve na Argentina em janeiro, quando os elencos de quatro times (All Boys, Estudiantes, Gimnasia e Quilmes) decidiram parar.

Na Bolívia, há um indicativo de paralisação. Onze das doze equipes da Primeira Divisão devem aos jogadores. Por isso, existe a ameaça de não iniciar o campeonato no próximo dia 9 se a questão não for solucionada. Nenhuma novidade, no entanto. "Só uma vez os jogadores realmente pararam. Nas outras ocasiões, houve ameaça, mas sempre surgia uma solução em cima da hora. Deve acontecer o mesmo na próxima semana", destaca o jornalista da Radio Deporte, Roberto Echavarria.

O adversário em comum é o imediatismo. Sem olhar para o futuro, os clubes seguem acumulando dívidas e para reduzi-las, apelam para a venda de jogadores e patrimônio. Problema grande no Brasil, mas ainda maior nas economias vulneráveis, como Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela.

"Para haver uma mudança é preciso criar um sistema ou modelo em que exista uma separação clara entre o sistema político do clube, que é extremamente imediatista e sensível a momentos, do núcleo executivo", acredita o presidente da Associação Brasileira de Gestão do Esporte (Abragesp), Geraldo Campestrini.

A mudança, porém, precisa ser estrutural. Não apenas que envolva clubes e jogadores. Os governos e federações também precisam caminhar juntos. É unânime dizer que não há mais espaço para amadorismo no futebol. "Não havia negócio quando o futebol nasceu. O esporte passou a ser negócio dos anos 70 para cá. Se isso mudou, por que não mudamos junto?", questiona o professor de Direito Desportivo da FGV, Pedro Trengrouse.

"Se antes o sistema era basicamente suportado por organizações sociais sem fins lucrativos e a relação com o meio externo era diferente, hoje temos ao redor destas mesmas entidades, empresas privadas com interesse nos resultados econômicos gerados pela atividade do negócio futebol", acrescenta Campestrini.

Essa foi a solução encontrada pelo futebol colombiano e que tem apresentado resultados. Em 2011 foi aprovada a Lei do Esporte, que incentiva os clubes, antes entidades sem fins lucrativos, a se transformaram em sociedades anônimas. Até agora, 30 dos 36 times das duas principais divisões estão sob o novo enquadramento, com mais obrigações e deveres. O reflexo é um caso raro no continente: 95% dos clubes estão em dia com as obrigações trabalhistas.

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