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Novo Palestra Itália encerra a fase das novas arenas no país | André Lucas Almeida/Futura Press/Folhapress
Novo Palestra Itália encerra a fase das novas arenas no país| Foto: André Lucas Almeida/Futura Press/Folhapress

Caça aos elefantes

Manaus, Brasília e Cuiabá gastam até R$ 800 mil por jogo para movimentar arenas

Manaus, Brasília e Cuiabá estão gastando dinheiro para evitar que suas caras arenas confirmem a previsão de se tornar elefantes brancos. Por cotas que variam de R$ 200 mil a R$ 800 mil, as três cidades tornaram-se compradoras de jogos de grandes times no pós-Copa.

Brasília tem sido a mais bem-sucedida na estratégia. A capital federal adquiriu cinco jogos do Campeonato Brasileiro: três da Série A e dois da B. Diversificou a agenda ainda com um desafio internacional de futsal e shows inexpressivos, como da Banda Luxúria e da dupla sertaneja Henrique & Juliano. Para hoje está marcado um dos seus mais concorridos eventos, uma apresentação do ex-beatle Paul McCartney. Pouco ainda para um estádio que custou R$ 1,5 bilhão.

Erguida por R$ 605 milhões, a Arena da Amazônia fechará sua agenda futebolística no próximo fim de semana, com o jogo entre Flamengo e Vitória. Será a quarta grande partida no pós-Copa. A primeira delas, a vitória do Botafogo sobre o Corinthians, por 1 a 0, acabou marcada pelo estado precário do gramado. Placas inteiras de grama se soltavam durante o jogo.

A Arena Pantanal, em Cuiabá, também já apresenta sinais de manutenção precária, como acúmulo de lixo e azulejos quebrados. O clássico entre Santos e São Paulo, hoje, será apenas o quarto grande jogo após o Mundial. Partidas das equipes do Mato Grosso nas Séries B, C e D, porém, têm garantido uma programação frequente ao estádio.

A inauguração do Allianz Parque, quarta-feira, completou um ciclo de remodelações dos estádios brasileiros. Modernidade, conforto e segurança garantidos pelas 15 novas arenas – nove públicas, seis privadas e 12 delas utilizadas na Copa do Mundo de 2014. Um salto de qualidade bem longe da realidade.

"As novas arenas são exceções. Temos 700 estádios no Brasil e realidade é bem diferente", definiu Rinaldo José Martorelli, do Conselho Nacional do Esporte, ligado ao Ministério do Esporte, órgão que há dois anos iniciou um projeto de ranqueamento dos estádios brasileiros.

O estudo foi conduzido em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a um custo total de R$ 5,4 milhões. Após visitar 154 estádios em 129 cidades do país, o projeto está em fase final de comparação dos dados existentes nos laudos de engenharia, segurança, incêndio e higiene de cada estádio com o que foi registrado pelas equipes em cada visita.

O objetivo é verificar se aquilo que consta nos documentos condiz com a realidade verificada pelas equipes do projeto. Concluída essa etapa, o grupo de trabalho apresentará proposta de aprimoramento dos laudos técnicos, que se traduzam em maior segurança, conforto e acessibilidade para os usuários.

Ao final, a ideia é atribuir uma classificação – semelhante à usada na rede hoteleira estabelecendo um ranking, levando em conta as necessidades para cada tipo de torneio. Assim, enquanto alguns estádios estarão aptos para qualquer disputa nacional ou continental, outros serão liberados somente para séries menores do Brasileiro e estaduais.

"Tivemos várias reuniões e agora estamos esperando para finalizar as avaliações. Aqui no Paraná recomendamos vários estádios para vistoria como Cascavel, Ponta Grossa, Paranavaí, Londrina, Maringá e os da capital", explicou o secretário de urbanismo Reginaldo Cordeiro, que integrou a comissão.

O ranking poderia servir para diminuir os riscos de alguns novos estádios se tornarem elefantes brancos, podendo receber partidas de times de outras cidades a partir desse critério.

Hoje os estádios brasileiros sofrem com o esvaziamento. No ano passado a Série A foi apenas a 14.ª do mundo em média de público, com 14.951 torcedores por jogo, isso já contando com parte dos novos estádios entregue. O número fica abaixo das principais ligas de China e Japão e atrás das segundas divisões de Alemanha e Inglaterra, de acordo com estudo da Pluri Consultoria. De 2013 para cá, a média de público do Brasileiro cresceu e está em 16.064 pagantes.

O Brasileirão está mal colocado também no ranking mundial de ocupação dos estádios. É o 35.º, atrás, por exemplo, da A-League, a primeira divisão do futebol da Austrália. No ano passado, os estádios do país tiveram uma taxa de ocupação de 38,6%. Ou seja, cada estádio, em média, teve 61,4% de lugares vazios. O Campeonato Alemão, com 97,7%, é líder em ocupação, seguido de Inglaterra (97,5%) e Estados Unidos (90,7%).

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