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Saudades do Brasil, problemas de adaptação, incômodo com o clima, perrengues com o idioma. Os transtornos comuns para jogadores que se transferem para mercados do segundo escalação do futebol não afetaram o ex-coxa-branca Ricardinho, 30 anos. Na Suécia há seis temporadas, o garoto que cresceu no Boqueirão – nasceu na Borda do Campo, em São José dos Pinhais – gostou tanto da experiência que está de olho até em uma vaguinha na seleção de Zlatan Ibrahimovic.

O curitibano conquistou pelo Malmö, no começo de outubro, o tricampeonato sueco, somando mais uma conquista às de 2010 e 2013. Também ajudou o time a avançar na Liga dos Campeões, onde integra o grupo A, que conta ainda com Atlético de Madrid, Juventus e Olympiakos. Hoje o ex-alviverde entra em campo, às 17h45, contra a campeã italiana.

Ricardinho em ação pelo Malmö

O sucesso em campo coincidiu com período necessário para ele poder pleitear o passaporte para a seleção, ou seja, a nacionalidade sueca. "Meu propósito era ficar dois, três anos, no máximo, e tentar ir para um clube maior, uma liga maior. Eu fui me adaptando, o pessoal foi gostando, e houve uma parte da imprensa que começou perguntar se eu tinha a seleção como meta. Na época, o lateral esquerdo do time sueco não estava tão bem e comecei a pensar na ideia", contou. "Mas não quero colocar isso como prioridade e deixar a ansiedade me atrapalhar", ponderou.

Ricardinho comemora gol pelo Coritiba em 2003

Além das questões burocráticas, Ricardinho também transformou seu futebol para se encaixar no estilo sueco. "Quando eu jogava no Brasil, atuava como ala. O esquema tático é diferente e eu não tinha muita noção de marcação, era só atacar, atacar e atacar. Acho que até pela minha inexperiência, faltava o suporte defensivo. Aqui aprendi o tempo certo de ficar com a bola, alcançar o ponto de equilíbrio. Evolui", exalta.

Uma evolução garantida com os treinos e – muitas – conversas. "Isso me chamou muita atenção aqui. Tem reunião para tudo. Coletivo de 30, 40 minutos aqui é impensado. Tem dias que fica mais na conversa do que no trabalho com bola mesmo. Eles fazem questão de ouvir todos os jogadores. No Brasil, dão mais atenção aos mais rodados. Aqui se cobra de uma maneira diferente", comparou.

Apaixonado pelo novo lar e sem intenção de deixar o país, Ricardinho continua acompanhando de longe o desempenho do clube que o revelou. "Não consigo entender como o Coxa conseguiu passar o campeonato nesse sufoco. Não tem time para ser rebaixado. Mas acho que eles vão escapar. Tem de ter calma", opinou.

Com 13 gols em 205 partidas pelo Alviverde, o jogador enfrentava a perseguição da torcida, especialmente das sociais do Estádio Couto Pereira. "Isso acontecia. Podia ter dez lances bons, mas se fizesse um ruim é porque tinha voltado ao ‘normal’. Mas mesmo assim nunca me escondi do jogo e não mudou o carinho pelo clube", garantiu o lateral.

Para reforçar o contato com o ex-clube, ele recebeu a visita recente do amigo Miranda, do Atlético do Madrid. Juntos, lembraram os tempos nas categorias de base, quando Ricardinho chegou a morar no alojamento do Couto.

Na época, ele tinha um Kadet branco que era um luxo entre os boleiros novatos e virou quase um carro comunitário dos jovens alviverdes.

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