Favorito para a vaga de Dunga, Tite deixa reunião na CBF sem definir futuro na seleção

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Nome praticamente unânime, Tite, atual treinador do Corinthians foi convidado nesta terça-feira (14) pela CBF para ser o responsável pela retomada da confiança no futebol brasileiro, ao menos nas quatro linhas. Após comandar o treino do Timão, o ele deixou São Paulo por volta das 19 h. Embarcou no jatinho cedido pela entidade e por volta das 21 h chegou ao encontro com o presidente Marco Polo Del Nero. O encontro durou cerca de 3 horas. No fim, nenhuma definição formal. Segundo a entidade, a conversa inicial foi boa, mas inconclusiva. Até segunda ordem, a seleção segue sem treinador.

Cauteloso e de tom mais ameno do que o antecessor, Dunga, demitido logo após a chegada da delegação ao Brasil, eliminada da Copa América, Tite, assim que for oficializado, deve ter como primeiro ato ajudar Rogério Micale, que vinha tocando o sub-23 brasileiro para a competição, na escolha da pré-lista olímpica, com 35 jogadores e 15 integrantes da comissão técnica. O prazo final de entrega ao COI é nesta quarta-feira. Até por isso, um novo contato entre o treinador e a CBF para retomar as negociações será feito nesta quarta-feira.

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Além da meta do ouro na Rio-2016 – ainda não foi confirmada a permanência de Micale e se Tite assumirá a seleção nos Jogos, o que parece que não é o desejo do treinador –, outra preocupação dele será a recuperação nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. O Brasil volta a campo apenas em setembro, mas o sexto lugar, fora da zona de classificação, é preocupante. A seu favor, o fato de conhecer bem parte da base da atual seleção, como Renato Augusto, Elias e Gil, que foram seus comandados no Corinthians.

Até esta terça-feira técnico de um clube que vive sob pressão constante, Tite não deverá ter dificuldades em lidar com o peso da seleção brasileira em crise. Porém, algumas situações mais críticas vão se impor logo na sua chegada, como as recentes atitudes de Neymar, que xingou torcedores nas redes sociais ao sair em defesa dos companheiros – nesta terça-feira ele pediu desculpas, reconhecendo que se excedeu.

A estrela brasileira não jogou a Copa América, numa priorização dos Jogos do Rio, e seu comportamento tem rendido críticas frequentes. Com fama de apaziguador, o treinador pode recolocá-lo nos eixos, mas também já mostrou pulso firme diante de indisciplinas, como no caso do atacante Emerson Sheik, que reclamou da barração na Libertadores do ano passado, quando atuava pelo Corinthians.

Rapidez

Ao contrário de outras situações, desta vez a CBF agiu rapidamente. Dunga, o diretor de seleções Gilmar Rinaldi e o restante da comissão técnica foram desligados menos de 48 horas depois da derrota para o Peru, pela Copa América. Nesse período, as sondagens a Tite já vinham sendo feitas, mas o técnico só concordou em conversar depois da demissão efetivada.

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Por isso, a reunião com Dunga e Rinaldi foi marcada logo após o desembarque deles em São Paulo, na manhã desta terça-feira. Eles foram para o Rio em voo fretado, e de lá para a sede da CBF, na Barra. O encontro não durou mais de meia hora, no início da tarde, e logo a CBF divulgava uma nota em seu site:

“A Confederação Brasileira de Futebol comunica que decidiu dissolver a comissão técnica da Seleção Brasileira. Deixam os cargos o coordenador de Seleções, Gilmar Rinaldi, o técnico Dunga e toda a sua equipe. A decisão foi tomada em comum acordo durante reunião e, a partir de agora, a CBF inicia o processo de escolha da nova comissão técnica da Seleção Brasileira”.

Dunga saiu da sede da entidade sem ser visto, mas Gilmar conversou com a imprensa em nome de seus comandados.

“Sempre vou ser grato a Dunga por ter me dado oportunidade de servir à seleção, sou grato à CBF. Cumpri o trabalho da melhor forma possível, nunca mudei meus princípios e convicções. O trabalho chega ao fim, pois os resultados não vieram. Entendo a troca da comissão técnica. Vou ficar trabalhando até quinta ou sexta-feira para fazer a transição. Passei os últimos 15 dias negociando a liberação de jogadores, conseguimos o Douglas Costa, entre os jogadores acima de 23 anos”, disse.

Mãos apertadas, Tite e a CBF terão de passar por cima de um atrito recente: em dezembro de 2015 o treinador assinou um manifesto que pedia a destituição da diretoria da confederação e novas eleições. “Exigimos a renúncia definitiva de Marco Polo Del Nero e sua diretoria, seguida da convocação de eleições livres e democráticas para o comando da CBF”, dizia um trecho do texto assinado por mais de 100 esportistas e organizado pelo movimento Bom Senso.