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O lateral-esquerdo André Santos se recuperou da torção no tornozelo e está confirmado na decisão de amanhã | Pedro Martins/AGIF/Folhapress
O lateral-esquerdo André Santos se recuperou da torção no tornozelo e está confirmado na decisão de amanhã| Foto: Pedro Martins/AGIF/Folhapress

Confiantes, flamenguistas levam 5 h para retirar ingresso

Duas cenas se complemen­tavam na loja oficial do Flamengo no Saara, o paraíso do comércio de rua no Centro do Rio. Pendurada na parede, atrás do balcão, uma faixa com o escudo do clube e a frase: "Tricampeão Copa do Brasil 2013". A partir da porta de entrada, dobrando a esquina e crescendo a cada minuto, uma fila de flamenguistas atrás do ingresso que permitirá ver de perto se a faixa é premonitória ou mau agouro.

Sócios do Flamengo enfrentaram o caos para retirar seu ingresso para a final de amanhã, contra o Atlético, no Maracanã. Foram mais de 41 mil bilhetes vendidos pela internet, que deveriam ser rapidamente retirados nos 24 postos de troca espalhados pela cidade. Na prática, o procedimento foi bem diferente.

Torcedores chegaram a passar cinco horas na fila. Quando os primeiros saíram da impressora, já no começo da tarde, a comemoração foi igual à de um gol. O clube justificou a demora pela necessidade de atualizar o sistema de emissão dos tíquetes para evitar o risco de falsificação.

Ao todo, os torcedores do Flamengo compraram cerca de 55 mil ingressos para a final. A diferença até a carga total do estádio, de 71 mil, foi reservada aos atleticanos (7 mil) e às gratuidades previstas por lei (10 mil).

O otimismo da torcida é respaldado não só pelo empate na semana passada, em Curitiba, mas também pelo retrospecto. O Fla perdeu apenas uma partida para o Atlético no Maracanã (a do Brasileiro deste ano, por 4 a 2), além de ter sofrido apenas dois revéses no estádio pela Copa do Brasil: a final de 2004, contra o Santo André, por 2 a 0, e nas quartas de final de 2000, para o Santos, por 4 a 0.

"Estamos ansiosos para ver como estará o Maracanã na quarta-feira", disse o goleiro Felipe. "Qualquer estádio lotado é sempre bonito, ainda mais o Maracanã, com a nossa torcida. Estou muito orgulhoso de esses meninos terem chegado onde chegaram", reforçou o técnico Jayme de Almeida.

Hernane foi o primeiro a recorrer à definição, domingo, ainda no gramado do Mara­canã. "Vai ser a partida da nossa vida, o que vai salvar o ano do Flamengo", disse, logo após a vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians. Felipe reforçou ontem, na entrevista coletiva, no Ninho do Urubu: "É o jogo da vida de todo mundo, do nosso ano." A final da Copa do Brasil, amanhã, às 21h50, contra o Atlético, é o jogo do ano e da vida não só dos jogadores, mas de todo o Flamengo. Uma salvação para uma temporada ruim dentro de campo. A luz que indica a saída da maior dívida do futebol brasileiro.

Esportivamente, vencer a Copa do Brasil evitará que 2013 seja um ano para ser varrido da história rubro-negra. No Estadual do Rio, o clube não foi à decisão nem ao menos de um dos turnos. No Brasileiro, o risco de rebaixamento só foi zerado no fim de semana, com o magro 1 a 0 sobre os corintianos.

Mais do que melhorar o saldo do time, erguer o troféu contra o Atlético permitirá ao Fla seguir com o plano de pagamento da sua dívida sem sacrificar o futebol. No primeiro semestre, uma auditoria realizada pela consultoria Ernst & Young detectou uma dívida de R$ 741,7 milhões no clube, mais da metade em impostos.

Para abrir a negociação, o Flamengo deu os R$ 35 milhões do primeiro ano de contrato com a Adidas, fornecedora de material esportivo, como entrada e parcelou o restante. O centro de treinamento do clube, as cotas de televisão e os demais patrocínios entraram como uma garantia executável em caso de atraso de qualquer uma das prestações mensais de R$ 7 milhões. Como comparativo, a folha de pagamento do futebol é de R$ 8 milhões. É como se o clube bancasse dois elencos.

As únicas fontes de receita livres acabaram sendo a bilheteria, ainda assim alvo de penhoras parciais, e o programa de sócio-torcedor. Por isso o Flamengo começou o Brasileiro vendendo mandos de campo para Brasília. Abortou o plano após queixas dos jogadores, que retribuíram com a campanha na Copa do Brasil.

Os três jogos do time no Maracanã, contra Cruzeiro, Botafogo e Goiás, deram R$ 8,5 milhões de renda bruta, dos quais cerca de 40% entram para os cofres rubro-negros. Somente a decisão de amanhã deve render algo em torno de R$ 9 milhões.

A chegada à decisão também inflou o quadro de sócios-torcedores. Atualmente são 58,1 mil, gerando R$ 2 milhões por mês de receita ao clube. O título e a disputa da Libertadores devem acelerar o cumprimento da meta estipulada pela diretoria, de 60 mil associados e R$ 3 milhões em caixa por mês. Além disso, a Copa do Brasil distribuirá R$ 6 milhões ao campeão e entrar no principal interclubes do continente deve assegurar R$ 1,5 milhão só pela participação na fase de grupos, fora bônus por outras etapas e direitos de transmissão. Uma chance de seguir crescendo em meio ao ainda impensável pagamento total da dívida, que, pela previsão orçamentária, consumirá R$ 87 milhões em 2014. Como comparativo, o orçamento total do Atlético para 2013 foi de R$ 90 milhões.

"É uma dívida pagável, mas não a curto prazo", diz o vice de Finanças, Rodrigo Tostes. Mais pagável se o Flamengo vencer o jogo do ano contra o Atlético.

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