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Dirceu com a camisa do FC Goverla, a única lembrança que trouxe da Ucrânia: além da instabilidade política, a gravidez da esposa Andressa pesou na decisão do zagueiro | Antonio More / Gazeta do Povo
Dirceu com a camisa do FC Goverla, a única lembrança que trouxe da Ucrânia: além da instabilidade política, a gravidez da esposa Andressa pesou na decisão do zagueiro| Foto: Antonio More / Gazeta do Povo

A instabilidade política na Ucrânia fez com que o zagueiro Dirceu, ex-Coritiba e Londrina, adiasse a primeira oportunidade que teria no futebol estrangeiro. O jogador, de 26 anos, que havia assinado em janeiro contrato de dois anos e meio com o FC Goverla, retornou na noite de segunda-feira (24) a Curitiba, vindo da Turquia, onde a equipe fazia a pré-temporada. Por orientação do próprio técnico, Dirceu sequer viajou com o elenco para a Ucrânia.

O zagueiro explica que todo o grupo estava temeroso de que algo pudesse acontecer no retorno à cidade de Ozhgorod, perto da fronteira com a Polônia, sede do clube, no último final de semana. Como não há voos da capital Kiev a Ozhgorod nos dias de semana, o temor era de que algo ocorresse no trajeto de aproximadamente 500 quilômetros de ônibus. "O problema maior está justamente próximo das fronteiras. Para não deixar o pessoal sair da Ucrânia, eles estão atirando sem motivo", explica o zagueiro.

A direção do FC Goverla tinha fortes relações com o governo do presidente Viktor Yanukovych, deposto na última sexta-feira. No total, 82 pessoas morreram e 700 ficaram feridas desde que os protestos deflagraram no fim de 2013. Os manifestantes exigem que o país abra negociação para ser incluído na União Europeia. O governo deposto, entretanto, estreitou relações com a Rússia, principalmente no fornecimento de gás, o que levou a população a se manifestar. Semana passada, por causa do clima tenso, o Dinamo de Kiev teve de enfrentar o espanhol Valencia no Chipe, pela Liga dos Campeões.

"Como eu estava sozinho lá, para mim seria mais difícil ter ajuda se algo acontecesse", revela Dirceu, que no intervalo da pré-temporada na Turquia chegou a ir a Kiev para fazer exames médicos e assinar contrato.

Na capital, o zagueiro diz ter ficado em um hotel a cerca de 500 metros da Praça da Independência, epicentro dos protestos. "As pessoas pareciam bem agitadas. Estava um frio de menos 5 graus e tinha gente sem camisa protestando. Eu vi um carro virado e não havia acesso à praça porque tinham botado fogo em uma barricada", aponta.

A decisão de retornar ao Brasil ganhou mais força nas conversas que Dirceu tinha com outro brasileiro do FC Goverla, o lateral-esquerdo Wallace Pereira. Casado com uma ucraniana, o companheiro de time afirmou que por pouco a esposa não atravessou a fronteira com a Mondálvia, onde mora um irmão dela. "Esses relatos me deixaram mais assustado, porque o irmão dela narrava em que situação chegavam os ucranianos à Mondálvia", relata.

Além da instabilidade política na Ucrânia, a gravidez da esposa Andressa também pesou na decisão de Dirceu. "Fiquei sabendo lá da gravidez. Então imagina como ficou minha cabeça, com mulher grávida e toda essa situação no país em que eu iria jogar", revela.

Nesta quinta-feira, Dirceu acertou o retorno ao Londrina, clube que defendeu no Paranaense de 2013.

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