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O goleiro Fabrício, atualmente no J. Malucelli, já defendeu Iraty, Rio Branco, Paranavaí, Operário e Cianorte no Paraná | Daniel Derevecki/ Gazeta do Povo
O goleiro Fabrício, atualmente no J. Malucelli, já defendeu Iraty, Rio Branco, Paranavaí, Operário e Cianorte no Paraná| Foto: Daniel Derevecki/ Gazeta do Povo

Problema

Calendário ruim deixa 10 mil boleiros sem emprego no 2.º semestre

A falta de calendário para o segundo semestre é uma realidade geral no futebol brasileiro. Em levantamento de 2012 da Pluri Consultoria, dos 654 clubes que disputaram os estaduais, 554 ficaram sem ter o que fazer no restante da temporada, exceto por algumas copas estaduais.

Analisando pelo número de jogadores, ainda de acordo com o estudo, dos 12.888 jogadores registrados na CBF, 10.309 ficaram "órfãos". "É uma proporção que não muda. Um número muito grande de clubes e jogadores com atividade muito restrita", diz Fernando Ferreira, sócio-diretor da Pluri Consultoria.

Os atletas em atividade no Paraná reclamam a organização de uma copa no segundo semestre, como ocorre em outros lugares. A Federação Paranaense de Futebol (FPF) chegou a organizar a Copa Paraná, que teve a última edição em 2008. Mas desistiu da competição. "Não dá renda, não tem apelo popular, é uma disputa extremamente deficitária. Só se tirássemos dinheiro do bolso para sustentá-la", justifica Hélio Cury, presidente da entidade.

De acordo com o dirigente, é melhor programar os campeonatos das Segunda e Terceira Divisões intercalados. Assim, os jogadores podem mudar de clube e atuar em outro estágio do futebol local no mesmo ano. "É a melhor alternativa que encontramos", afirma Cury.

O Campeonato Paranaense é um porto seguro para um grupo de boleiros. Entra ano, sai ano, sempre surge um time disposto a contar com o futebol e a experiência deles para a largada da temporada do futebol brasileiro.

É o caso do goleiro Ney. Aos 36 anos, o veterano vai defender o Maringá FC em 2013. Já vestiu a camisa 1 de Toledo, Londrina, Paraná, Portuguesa e Prudentópolis. Londrinense, iniciou a carreira no extinto Matsubara, em Cambará, naquela equipe do ex-corintiano Neto, em 1995.

"Eu gosto de jogar o Para­­naense. É sempre pegado, com muita disputa física e certo equilíbrio entre os clubes do interior", resume Ney, ao tratar das características da competição na qual se formou pós-graduado.

Outra figurinha carimba­­da é o lateral-direito Lisa, 29 anos, atualmente no Rio Branco. O currículo do jo­­ga­­dor apresenta ainda o Ponta Grossa, Operário, Coritiba, Rio Branco, Arapongas, Londrina, Cianorte e Paraná.

"Todo ano tem um time do interior que se destaca, surpreende e incomoda Atlético, Coritiba e Paraná. Espero que seja o Rio Branco desta vez", diz o pontagrossense. "Em 2013 foi o Londrina, o Cianorte já foi bem também", complementa.

Neste ano o Estadual será diferente das últimas edições. Por causa da Copa do Mundo o calendário ficou apertado e o certame teve de ser reduzido. Perdeu um mês na comparação com o anterior – começa 19 de janeiro e termina em de abril.

A mudança repercutiu de diversas formas. Mexeu no regulamento, uma mistura de pontos corridos (primeiro turno) com mata-mata (fase final). "Ficou muito mais importante jogar bem desde o princípio, conquistar pontos nas primeiras rodadas", avalia Ney.

Atingiu ainda a programação dos atletas. Quem não estiver em um clube que se classifique para a Série D (duas vagas) e/ou Copa do Brasil (quatro vagas) terá de correr atrás de outro emprego mais cedo do que o costumeiro, considerando que a maioria dos jogadores tem contrato apenas até abril de 2014.

"É um problema sério. Se o time não for bem, a gente tem de rodar por aí. E a chance é considerável, a maioria dos clubes acaba ficando mesmo sem calendário", comenta Igor Pontes, lateral-direito do Prudentópolis, 26 anos, com passagens por Roma, Grecal e Serrano no estado.

Diante desse cenário – bem distante das reivindicações do Bom Senso FC – é preciso encarar o Paranaense como um vestibular. "O que você fizer no Estadual pode valer para o ano todo. Aparecendo bem, os jogadores conseguem ir para outros lugares e se manter em atividade até o fim", declara Fabrício, 27 anos, goleiro do J. Malucelli, que já atuou por Iraty, Rio Branco, Paranavaí, Operário e Cianorte.

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