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Jamie Vardy, destaque do time-sensação da Inglaterra | LINDSEY PARNABY/AFP
Jamie Vardy, destaque do time-sensação da Inglaterra| Foto: LINDSEY PARNABY/AFP

A Premier League, primeira divisão do Campeonato Inglês, promete confirmar no dia 15 de maio a maior zebra do futebol europeu dos últimos 20 anos. Situação que acontecerá caso a nanica equipe do Leicester, atual líder, erga o caneco no Stamford Bridge após o duelo com o Chelsea, pela 38.ª rodada.

Façanha cuja história se entrelaça com o advento da Lei Bosman, instaurada no continente europeu em 1995. A nova legislação, surgida após uma briga jurídica do obscuro jogador belga Jeam-Marc Bosman com o RFC Liége, clube que defendia, permitiu que jogadores europeus pudessem assinar livremente com outras agremiações após o fim de seus contratos.

Além disso, a nova lei permitiu que jogadores do Velho Continente pudessem atuar em clubes de países da União Europeia sem que sejam considerados estrangeiros. Desta maneira, os times de maior poderio financeiro puderam montar verdadeiros esquadrões internacionais sem infringir os limites de estrangeiros por equipes definidos em suas respectivas ligas. E assim, o abismo entre os gigantes e os pequenos aumentou, transformando o pequeno clube inglês na maior zebra do futebol europeu dos últimos 20 anos.

“A campanha do Leicester tem um pouco a ver com a Lei Bosman, mas também está relacionada a uma série de outros fatores”, elucida o especialista em marketing esportivo Erich Beting. Ele cita a melhor distribuição das cotas de tevê na Inglaterra, além das más campanhas de Arsenal, Manchester City, Manchester United, Chelsea e Liverpool para buscar entender o ‘fenômeno Leicester’.

“Na Inglaterra, até os clubes médios já contam com investidores estrangeiros, por exemplo”, reforça Beting. No caso do Leicester, o bilionário tailandês Vichai Srivaddhanaprabha, 714ª pessoa mais rica do mundo segundo a revista Forbes, adquiriu a equipe em 2010. Mesmo assim, o poderio econômico da surpresa inglesa está distante dos rivais mais ricos. Apesar de terem o elenco formado majoritariamente por ingleses, as Raposas, como o time é apelidado, tem vários atletas da comunidade europeia no grupo: dinamarquês, suíço, alemão, polonês, francês, austríaco. Além de peças oriundas de mercados mais distantes, como Japão, Argentina, Austrália e Gana. Uma miscelânea impossível antes da Lei Bosman.

Para o comentarista esportivo Mauro Cezar Pereira, da ESPN Brasil, os fatores citados por Beting servem para tentar explicar o possível título da equipe britânica, que subiu para a primeira divisão há apenas dois anos e que, na última temporada, lutou contra o rebaixamento. Mas não são suficientes.

“A campanha do Leicester não tem lógica nenhuma. É algo raríssimo. O futebol é maravilhoso por isso, tem sua própria lógica que não é lógica. Tem o toque do imponderável, por isso é apaixonante”, opina Pereira, que diz acreditar ser possível que uma zebra semelhante à do Campeonato Inglês ocorra no Brasil nos próximos anos.

“O Atlético Paranaense em 2013, mesmo sem jogadores brilhantes, chegou à final da Copa do Brasil e à Libertadores”, cita o comentarista, que traça um paralelo entre o modo de jogo do Leicester de Claudio Ranieri com o Furacão comandado por Vágner Mancini. “Times de bola estourada, chutão, lançamentos longos e jogadores medianos em grande fase”, completa.

O Leicester já garantiu vaga na Liga dos Campeões. Com 73 pontos, cinco a mais do que o Tottenham, segundo colocado, conto os dias a quatro jogos para termiar a Premier League. Neste domingo (24), o clube recebe o Swansea City, às 12h15.

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