• Carregando...
Podendo usar o novo Mineirão, o campeão brasileiro Cruzeiro turbinou sua média de público, que passou de 13.027 torcedores para 28.911 | Marcos Michelin/ Estado de Minas
Podendo usar o novo Mineirão, o campeão brasileiro Cruzeiro turbinou sua média de público, que passou de 13.027 torcedores para 28.911| Foto: Marcos Michelin/ Estado de Minas

Vazio

Taxa de ocupação baixa segue sendo o principal entrave

Apesar do incremento de público e renda no Brasileiro, as novas arenas sofrem de um mal comum aos velhos estádios do país: a baixa taxa de ocupação das arquibancadas. Na melhor média de público do campeonato, do Cruzeiro, de 28.911 torcedores, o Mineirão teve apenas 55% de sua capacidade tomada, para 55.483 pessoas. Ou seja, quase metade das cadeiras esteve vazia. Nos estádios, a média ficou em 42,9%.

O Corinthians é o clube que mais enche a sua casa, com 69%, seguido do Criciúma, que alcançou 58%. A média geral do futebol brasileiro bate na casa dos 37%. "Vemos que a situação ainda precisa melhorar bastante. Mas é um processo longo, creio que vamos precisar de alguns anos para modificar essa realidade", acredita Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão esportiva.

O padrão do futebol europeu, pelo menos para o momento, parece uma utopia. De acordo com números de 2012, o campeonato da Alemanha tem taxa de ocupação de 95,4% dos estádios. Na Inglaterra 95,3%, nos Estados Unidos 91,2% e na Espanha 83%.

Para reverter o cenário, os especialistas creem na diminuição do preço dos ingressos. "As novas arenas começaram cobrando preços altíssimos. Mas, aos poucos, foram adequando os valores à demanda. De setembro para cá, os preços foram caindo", aponta Fernando Ferreira, sócio-diretor da Pluri Consultoria, empresa especializada em marketing e gestão esportiva.

O Brasileiro 2013 foi o primeiro campeonato disputado com as novas arenas, erguidas sob o padrão Fifa para a Copa do Mundo deste ano. Ao término das 38 rodadas, e logo na temporada inaugural, as modernas praças esportivas impactaram profundamente o cenário.

Confira abaixo o impacto das novas arenas no CAmpeonato Brasileiro de 2013

124 partidas da Série A foram jogadas no Castelão, Fonte Nova, Mané Garrincha, Maracanã, Mineirão, Arena Pernambuco e Arena do Grêmio (a única que ficou de fora do Mundial). A média de público alcançou 28.917 por jogo.

O número é 247% maior do que o registrado nas arquibancadas dos velhos estádios, onde a bola rolou 256 vezes. No Pacaembu, Morumbi, Couto Pereira e Vila Capanema, por exemplo, a média de comparecimento apontou 11.672 torcedores.

"A melhor infraestrutura atraiu mais pessoas para as arenas. Acessos, banheiros, alimentação, tudo em melhores condições, uma realidade oposta do que o torcedor conhecia", afirma Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão esportiva.

Outros dois fatores também impulsionaram a diferença. A novidade e os resultados de campo. "Sem dúvida os dois elementos foram decisivos para a mudança", comenta Alessandro Rodrigues, professor e consultor de marketing esportivo, autor de um estudo sobre o tema.

O Mané Garrincha, em Brasília, retrata bem a curiosidade do público. Santos e Flamengo inauguraram a praça na capital federal em maio, na despedida de Neymar rumo ao Barcelona, para um público de 63.501 pessoas, recorde do Nacional.

O Cruzeiro reuniu os dois elementos. Na campanha que lhe valeu o título da competição a Raposa foi acompanhada por 28.911 pessoas em média nas cadeiras do remodelado Mineirão. No ano passado, sem "casa própria", o clube contou com 13.027 pessoas por compromisso.

Além de mais público, as novas arenas representaram um incremento considerável no caixa. A média de renda bruta atingiu R$ 862.843. Descontadas todas as despesas, aluguel e etc., a renda líquida bateu em R$ 516.563.

Nos estádios antigos a grana que entrou para os cofres dos clubes foi bem menor. Em média, R$ 255.653 de renda bruta. A renda líquida ficou em R$ 114.427 por confronto.

"O faturamento maior foi consequência do preço dos ingressos. Em alguns casos o preço foi altíssimo", explica Alessandro Rodrigues. No jogo em Brasília de Santos e Flamengo os bilhetes variavam de R$ 160 a R$ 400, resultando em uma renda de R$ 6,9 milhões, a terceira maior da história do futebol brasileiro.

Entretanto, quando se fala em dinheiro, ainda há alguns pontos a serem resolvidos. "Os grupos operadores das arenas ficam com uma parcela das rendas, ou recebem um aluguel, há diversos formatos. Ou seja, nem sempre o que aparece como renda chegou aos cofres dos clubes", alerta Fernando Ferreira, sócio-diretor da Pluri Consultoria, empresa especializada em marketing e gestão esportiva.

No confronto jogado em Brasília, o Peixe, mandante do jogo, embolsou somente R$ 800 mil. A bolada acabou nas mãos da empresa que "comprou" os direitos do duelo.

A expectativa agora é sobre a influência em 2014 dos demais palcos ainda em construção para a Copa do Mundo. Restam por inaugurar o Beira-Rio, a Baixada, Itaquerão, as arenas de Cui­­abá, Manaus e Natal – apesar de estar fora do Mun­­dial, o novo campo do Palmeiras também pode ser incluído na conta. "A tendência é que o mesmo fenômeno se repita. Especialmente no Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná. Nos outros locais já será mais complicado", comenta Amir Somoggi.

E se o impacto inicial deve prosseguir favorável, o futuro ainda é incerto. "Vamos precisar ainda de um pouco de tempo para analisarmos essa nova realidade. Temos uma chance de crescimento, mas será preciso saber administrá-la", complementa Rodrigues.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]