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José Roberto Gonciero clama por justiça pela morte do filho, em 2012. | JONATHAN CAMPOS/GAZETA DO POVO
José Roberto Gonciero clama por justiça pela morte do filho, em 2012.| Foto: JONATHAN CAMPOS/GAZETA DO POVO

O novo capítulo da “guerra” entre torcidas organizadas – fato que voltou à tona após cenas de espancamento de um membro da Fanáticos por militantes da Ultras, ambas do Atlético – deixou ainda mais revoltado a família de Diego Gonciero, assassinado há pouco mais de três anos.

Os três acusados pela morte do torcedor paranista, em 1º de julho de 2012, ainda não foram julgados. A morosidade da justiça tem irritado pessoas próximas à vítima. Eles contestam a maneira com que o caso se desenrolou nos últimos meses. O inquérito foi encerrado em abril do ano passado e embora um dos réus tenha confessado o crime, ele e os dois coautores seguem soltos à espera do julgamento no Tribunal do Júri.

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O soldador aposentado José Roberto Gonciero, pai de Diego, diz não entender o porquê de o caso ainda não ter sido encerrado e as prisões decretadas. A sensação de impunidade lhe tira a paciência.

“O cara confessou que matou e está solto. Tem confissão, a arma, e eles estão soltos. Me sinto pior que lixo. A Justiça não faz nada. Estou perdido”, lamentou. “Dá vontade de fazer justiça com as próprias mãos. A lei só protege bandido. O pessoal dos direitos humanos não veio aqui em casa me perguntar se eu precisava de algo. É só atenção pra bandido”, acrescentou.

Ele cita outra morte provocada por torcedores para ilustrar sua insatisfação com a morosidade da justiça. “Aqueles que mataram o outro menino lá no Recife com uma privada, já foram julgados e condenados em apenas um ano. Porque aqui é diferente?”, disse, referindo-se à morte do torcedor Paulo Ricardo, do Sport, que estava junto à torcida do mesmo Paraná Clube após um jogo contra o Santa Cruz, dia 2 de maio de 2014. Ele foi atingido por um vaso sanitário e morreu na hora. Também foi vítima de uma ‘guerra’ entre facções clubísticas. Os três acusados, em Pernambuco, foram punidos com mais de 25 anos de prisão.

No dia do crime, Diego e outros integrantes da Fúria Independente, organizada do Paraná, participavam de um churrasco na frente da sede da torcida, próximo à Vila Capanema. Integrantes da torcida Os Fanáticos, do Atlético, chegaram em dois carros numa das esquinas próximas e efetuaram vários disparos. Um deles acertou Diego, que morreu a caminho do hospital.

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O crime teria sido motivado por um acerto de contas, já que dias antes uma outra confusão, envolvendo torcedores do Sport e paranistas. Há duas facções dentro da torcida do Sport, uma parceira do Paraná, outra do Atlético. Os rivais teriam entrado em conflito duas vezes, em Recife e Curitiba. O ataque dos atleticanos, que tomaram as dores dos parceiros, foi o desfecho da história. Depois de tanta confusão, as alianças entre as torcidas teria terminado neste ano.

Segundo o inquérito da Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos – Demafe, da Polícia Civil, o autor dos disparos foi Fábio marques, conhecido como “Barba Ruiva”, Gilson da Silva Teles dirigia o carro utilizado e Juliano Rodrigues era o proprietário da arma utilizada no crime.

“Foi tudo muito bem apurado, investigado, com provas técnicas. O caso foi esclarecido e encaminhado para a 1ª Vara do Tribunal do Júri. O Barba Ruiva assumiu o crime, e os demais são co-autores”, explicou o delegado chefe da Demafe, Clóvis Galvão.

De acordo com o advogado Alexandre Jarschel de Oliveira, o caso segue trâmite normal e a demora é condizente com a realidade do judiciário brasileiro. No início do ano a juíza determinou a chamada pronúncia de Marques e Teles, e a impronúncia de Rodrigues. Ou seja, os dois primeiros vão mesmo a júri popular, provavelmente na metade de 2016, enquanto o segundo aguardará o surgimento de novas provas.

O advogado Cláudio Dalledone contesta a versão do advogado de acusação. Segundo ele, Juliano Rodrigues, seu cliente, foi absolvido. “Totalmente. Tem um recurso aí, mas é só um berro, um grito. Não tem menor razão de existir. Ele sequer vai a júri, pois provei a inexistência do fato. A juíza acatou as provas, com quebra de sigilo telefônico, ligações, comprovantes de pedágio, cartões de crédito, de que ele estava em Antonina na hora do crime. Provas testemunhais e técnicas”, disse.

A acusação tenta, por intermédio desse recurso, recolocar Rodrigues no processo e também mandá-lo a júri popular. “Discordamos de alguns pontos da decisão da juíza e por isso recorremos. A Demafe fez um ótimo trabalho e há indícios e provas claras de que o Juliano é o mentor do crime. A arma saiu da casa dele para matar o Diego. Ele tem que ser julgado junto com os demais”, disse Oliveira. Dalledone disse não acreditar nessa hipótese.

Thiago Cruz, amigo de Diego e que estava com ele no dia do crime, tem fé que a Justiça será feita. “O sentimento é de revolta. O cara que matou nosso amigo está por aí curtindo a vida, e o nosso piá está enterrado. O júri vai acontecer e eles vão pagar”.

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